quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Episódio 112- Sensibilidade de Viver :Interlúdio ETP





-Desculpe, Kanna-san, mas eu perdi a vontade de acabar de tomar este sorvete...vamos pagar a conta e ir...eu não estou legal...mas muito obrigada pelo encontro e por me defender, você já demonstrou ser uma boa amiga !
-Tudo bem, Lune-san, sem problemas.Só fico triste com o que te aconteceu e por isto ter estragado o seu dia...
Elas pagaram a conta e cada uma foi para seu carro.
Mas Lune, ainda abalada, ao entrar em seu veículo, encostou a cabeça no volante e começou a chorar.
Demorou um pouco para ela se recuperar e ir embora de volta para a hospedaria.
Na verdade, queria estar voltando para casa e caindo nos braços de sua mãe.Ela sabia que não conseguiria fazer isto com Takeo, nem com o pai dela, ela precisava mais do que nunca de sororidade!
Voltou devagar, mal se concentrando na direção, e entrou no estacionamento da hospedaria, estacionou, saiu do carro e entrou , como sempre ignorando a todas.
Naquele momento, elas pareciam apenas uma multidão sem rosto e insensível, que nada significavam para ela.
E como sentia saudades de casa !
Ainda mais quando abriu a porta do quarto e o encontrou vazio.
Aquele vazio parecia refletir o vazio de sua vida, de sua existência, do significado de sua existência.
Voltou a chorar em sua cama, deitada de bruços.
A dor na alma e no coração eram tamanhos, que ela não conseguia dormir.
Foi quando seu celular tocou:
-A...alô...
-Filha ! É a mamãe ! Eu...eu tive um pressentimento ruim sobre voc~e esta tarde, então fiquei preocupada e liguei aí...
-Ai...mamãe...mamãe...eu te amo ...saudades...
-Fica quietinha aí, filha ! Já vi que a coisa é grave ! Vou pedir a seu pai para me colocar no próximo avião e estarei aí correndo !Aguenta firme que mamãe já vem !
Momiji desligou o telefone o mais rápido que pôde, e minutos depois, Kazuo a levava ao aeroporto e pagava a passagem dela no balcão.
Enquanto isto, Lune  permaneceu triste e se sentindo a pessoa mais solitária do mundo.
Ela estava tão abalada, que até se esqueceu de que não trancara a porta de seu quarto.
Sua fome sumira, e ela ficou ali, algo meio catatônica, sem saber o que pensar.
Já era sete da noite quando Momiji chegou em Sakura City e tomou um táxi para a hospedaria.
Lá , ela falou com a Sra. Natsuki, que no passado fora amante de Kazuo, e esta lhe passou o número do quarto.
Esbaforida, Momiji subiu as escadas correndo, e entrou no quarto de Lune, que ainda estava sozinha, e viu sua filha deitada de bruços e continuando seu pranto.
Ela se sentou ao lado dela na cama, abaixou seu torso e abraçou a filha por trás com carinho e cuidado.
-Não fica assim não...mamãe está aqui...
Lune abriu os olhos de repente, se virou e abraçou sua mãe com força e fervor!
-Ai, mamãe !Mamãe !
-Calma, filha, agora está tudo bem, já cheguei, para te apoiar...agora me conta o que aconteceu...
Lune se sentou na cama ao lado dela, e recostada na mãe , que a abraçava de lado, ela contou o que ocorrera nos últimos dias e do sentimento que a afligia.
Momiji ficou triste por seus pressentimentos estarem corretos e se confirmarem, mas abraçou sua filha fortemente e lhe deu um beijo na testa.
-Olha, filha, você precisa ser forte...que mulher não passou por isto na sua vida?Mas é preciso superar, pois infelizmente vivemos num mundo dominado por homens, o que não quer dizer que devamos lhes satisfazer as vontades, nem lhes dever obediência, nem sermos cativas, nada disto. É verdade, eles nos objetificam e tentam nos reduzir a pernas, traseiros, vaginas e peitos, como se fôssemos só isto e como se nossos corpos fossem suas propriedades para usufruírem deles, ou seja de nós. Nossos corpos, no entanto, Lune, fazem parte integrante de nós, nos pertence, somos gente, não objetos, e devemos ser respeitadas pelo que somos, não pelo que aparentamos.Precisamos nos empoderar e impor o respeito nem que seja na marra, eles terão de aprender, pois nada justifica o que fazem conosco, nada justifica a opressão!E quer saber, Lune-chan, é a gente chorando, triste, deprimida que eles querem, é isto o que querem, por que a pessoa deprimida, fragilizada , permite tudo, não se importa mais, perdeu sua alma, seu coração, sua razão de ser, de existir, perdeu o sentido de sua existência e de sua vida, e é exatamente isto que você está sentindo agora.Eu sei, e compreendo exatamente como você se sente, mas, olha nos meus olhos, Lune-chan...
Lune dirigiu seus lindos olhos para o encontro aos da mãe, que prosseguiu:
-Filha, nunca se esqueça do que te direi agora: é este sentimento profundo de derrota, de fracasso que é a chave para nos levar ‘a vitória!Desistir não é opção, pois desistir é morrer.É preciso fracassar para poder vencer, pois é preciso aprender como não se faz para se aprender como se faz. Só se cresce errando. Só se cresce como pessoa humana aprendendo. Só se cresce como gente quando a gente aprende  com a derrota, quando a gente aprende do que somos capazes, quando a gente aprende o que de fato fizeram conosco e que eles tiveram culpa, não nós. Quando deixamos de nos culpar pelas barbaridades que os outros cometem contra nós, crescemos, amadurecemos.Quando aprendemos que se eles cometeram barbaridades conosco, o problema está neles, não em nós, assim, valorizamos a nós, não ‘a eles.Quando a gente aprende a diferença entre culpar e responsabilizar, crescemos. E quando paramos de culpar os outros e os responsabilizamos e os enfrentamos para que arquem com as consequências dos atos deles, nós crescemos e eles diminuem perante nós e eles tomam sua verdadeira dimensão perante nós e assumem sua pequenez, e nós assumimos nossa grandeza. Isto é nos empoderar.Isto é ser adulta e madura, é exercermos nosso feminino com orgulho, da certeza de que somos muito mais do que os homens pensam de nós e do que pensávamos antes de nós mesmas. Descubra-se, filha, você é muito maior do que pensa ! Você é uma pessoa humana tão bela de coração e alma, tão sensível, tão admirável, eu tenho tanto orgulho de você!Você, filha, não me faz te amar só por ser tua mãe, voc~e me ensinou a te amar como mais do que isto,como se por ser mãe fosse pouco, mas claro que não é, voc~e me ensinou a te amar pela pessoa humana que você é, por sua inteligência, pelo como você é, por tudo que já superou, tudo que já conquistou e conseguiu, pelo orgulho que você me dá, por ter me superado, me ultrapassado, e mostrado seu valor, é pelo seu valor, que você é tão importante e preciosa para mim, você me ensinou a te amar por reconhecer o quanto é belo e o quanto significa o que você me ensinou, você filha, me ensinou a te amar por você ser quem você é, por ser você mesma, sem ceder a ninguém, sua identidade, por ter me mostrado quem é a verdadeira Lune que um dia gerei no meu próprio ventre, e que conseguir ser você mesma, algo que demorei tanto a conseguir ser, e que aprendi com você, você, minha filha, foi minha professora e me levou a me realizar como mãe e como pessoa humana, então, como não ira eu te amar?

(Por Continuar)

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