E
lá se foram elas!
Primeiro
foram conhecer o Museus Nacional da História Japonesa, nas ruínas do Castelo
Sakura, onde também visitaram diversas casas
de samurais. Depois foi a vez do Museu Tsukamoto de Espadas, depois o Museu
de História e Folclore, e depis o Memorial Sakura Juntendo. Em seguida,
seguiram para o Museu Memorial de Arte Kawamura,depois foram ‘a Furusato Square, onte
tem um moinho de vento eregido por holandeses em 1600, e finalmente, foram a
shoppings almoçaram e jantaram em restaurantes, enfim, uma verdadeira maratona
!
Já
‘a noite, cansadas, deixaram Momiji no hotelzinho e foram para a hospedaria.
Agora
Mercedes estava mais animadinha, e parecia ter esquecido um pouco sua decepção
e depressão.
-Finalmente
estamos de volta no nosso quarto !
Não
sei quanto a você, Lune-san, mas eu estou exausta !
-Eu
também estou exaurida, Mercedes-san !
-Gostei
muito de sua mãe, achei ela muito divertida !
-É
por que não a conhece no dia a dia, não convive com ela...quando ela está fora
de casa, ela parece assim mesmo, mas em casa, no dia a dia, ela é chata, pega
no pé, é exigente, mandona, autoritária e severa!Bem ao contrário do meu pai,
que é muito carinhoso e apegado comigo !Mas não posso negar que ela me apóia
muito, se preocupa muito comigo, me ama muito, e quer meu bem.A única questão é
o jeito dela fazer as coisas, que muitas vezes me parece insensível e me magoa,
machuca.
-Ah,
Lune-san...me diz, quantos anos ela tem?
-Quarenta
e três agora.
-E
você?
-Dezenove.
-Então,
bom, claro que, portanto, vocês duas são de gerações completamente diferentes.Ela
teve a sua idade em 1984, num mundo muito diferente do seu, onde os
computadores eram mais raros, acho que nem a internet existia ainda, a
tecnologia comparada com a de hoje era primitiva. Você teve sua primeira infância
de 1992, quando sua memória começou a funcionar, até 2000,Ela teve a primeira
infância dela em 1969 até 1977, igualmente num mundo completamente diferente do
seu, quando o Japão ainda não tinha tanta pujança e poderio econômico e mal se
recuperara da Segunda Guerra Mundial.Ela viveu uma época muito mais dura e difícil
que a sua, Lune e quando você nasceu, ela mal tinha deixado sua adolescência para
trás, aos 24 anos.Então ela sofreu muito, e o sofrimento muitas vezes amarga as
pessoas e traz decepções, delilusões e frustrações para as pessoas, que guardam
seu rancor e sua raiva contra a Vida consigo pelo resto da vida.É preciso se
colocar no lugar dela, Lune-san e imaginar como teria sido você no lugar dela,
na situação dela, se não sentiria a mesma coisa. Eu pude realmente sentir que
ela a ama muito, mas senti também uma certa frustração e impotência diante de
você. E acho, Lune-san, que ela gostaria imensamente que você fosse mais carinhosa,
atenciosa e afetuosa com ela. Sabe, teve uma hora que você elogiou muito seu
pai na frente dela. Eu pude perceber uma certa mágoa e uma certa inveja dela, senti
que ela gostaria que você fizesse os mesmos elogios a ela e desse a mesma importância
que você dá a seu pai, ‘a ela, entende?É um certo ressentimento, como se você não
estivesse sendo grata a tudo o que ela fez por você, a tudo que ela sofreu por
você, como se você não reconhecesse o esforço dela em te fazer feliz. Lune-san,
seu povo, o povo japonês, me desculpe, mas é um povo muito frio, sem calor
humano, individualista, apesar de falar que preza a coletividade e o bem comum
acima de tudo. E sua mãe é uma das raras mães japonesas que foi capaz de viajar
mais de 500 km para te ver só por que você estava sofrendo, para te amparar,
você já caiu em si do tamanho do privilégio de mãe que você tem?Você acha que
ela se daria a tanto trabalho e gastaria tanto dinheiro com você se não a
amasse profundamente, não fosse louca por você?Pensa bem, Lune-san, valorize-a
enquanto ela vive, é jovem, tem saúde. Um dia ela estará velha, com Alzheimer e
poderá nem lembrar quem você é, e vai precisar desesperadamente de você. E um
dia ela irá embora de sua vida, e aí será muito tarde para se arrepender, minha
amiga...olha, ela vai embora amanhã, então, procure ser muito legal com ela
antes de ela ir, para que ela sinta que valeu a pena o sacrifício, está bem?
Lune
baixou a cabeça, fechou os olhos, e esticou os braços para baixo, cerando os
punhos.
Lágrimas
caíam de seus olhos.
Se
colocar no lugar dos outros dói. E pode doer muito !
Especialmente
quando nos colocamos no lugar de quem amamos e de quem nos é precioso(a).
Mentalmente,
Lune não estava se colocando no lugar da mãe como se fosse ela mesma, mas como
se ela fosse o que ela já conhecia da mãe dela.
Ela
então se lembrou, dolorosamente, de todas as brigas terríveis que teve com ela
em sua vida, e lebrou todas as vezes em que ela intercedeu a seu favor, mesmo
do jeitão rigosos dela.
E
se lembrou das palavras de sua avó, quando a esteve visitando.
Mercedes
percebeu o estado delicado em que Lune ficara e também ela estava de olhos
rasos. Sentaram-se as duas na cama de uma delas e choraram uma no ombro da
outra.
Naquele
momento, palavras não eram necessárias -as lágrimas falavam por elas e
expressavam seus corações e davam voz ‘as suas almas.
Depois
de se recuperarem, cada um a foi se trocar e depois cada uma foi para sua prória
cama, em silêncio.
Mas
naquela noite, pensativa, Lune demoraria a dormir...
(Por Continuar)
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