terça-feira, 12 de setembro de 2017

Episódio 115- Sensibilidade de Viver:Interlúdio ETP


E lá se foram elas!
Primeiro foram conhecer o Museus Nacional da História Japonesa, nas ruínas do Castelo Sakura, onde também visitaram diversas casas  de samurais. Depois foi a vez do Museu Tsukamoto de Espadas, depois o Museu de História e Folclore, e depis o Memorial Sakura Juntendo. Em seguida, seguiram para o Museu Memorial de Arte  Kawamura,depois foram ‘a Furusato Square, onte tem um moinho de vento eregido por holandeses em 1600, e finalmente, foram a shoppings almoçaram e jantaram em restaurantes, enfim, uma verdadeira maratona !
Já ‘a noite, cansadas, deixaram Momiji no hotelzinho e foram para a hospedaria.
Agora Mercedes estava mais animadinha, e parecia ter esquecido um pouco sua decepção e depressão.
-Finalmente estamos de volta no nosso quarto !
Não sei quanto a você, Lune-san, mas eu estou exausta !
-Eu também estou exaurida, Mercedes-san !
-Gostei muito de sua mãe, achei ela muito divertida !
-É por que não a conhece no dia a dia, não convive com ela...quando ela está fora de casa, ela parece assim mesmo, mas em casa, no dia a dia, ela é chata, pega no pé, é exigente, mandona, autoritária e severa!Bem ao contrário do meu pai, que é muito carinhoso e apegado comigo !Mas não posso negar que ela me apóia muito, se preocupa muito comigo, me ama muito, e quer meu bem.A única questão é o jeito dela fazer as coisas, que muitas vezes me parece insensível e me magoa, machuca.
-Ah, Lune-san...me diz, quantos anos ela tem?
-Quarenta e três agora.
-E você?
-Dezenove.
-Então, bom, claro que, portanto, vocês duas são de gerações completamente diferentes.Ela teve a sua idade em 1984, num mundo muito diferente do seu, onde os computadores eram mais raros, acho que nem a internet existia ainda, a tecnologia comparada com a de hoje era primitiva. Você teve sua primeira infância de 1992, quando sua memória começou a funcionar, até 2000,Ela teve a primeira infância dela em 1969 até 1977, igualmente num mundo completamente diferente do seu, quando o Japão ainda não tinha tanta pujança e poderio econômico e mal se recuperara da Segunda Guerra Mundial.Ela viveu uma época muito mais dura e difícil que a sua, Lune e quando você nasceu, ela mal tinha deixado sua adolescência para trás, aos 24 anos.Então ela sofreu muito, e o sofrimento muitas vezes amarga as pessoas e traz decepções, delilusões e frustrações para as pessoas, que guardam seu rancor e sua raiva contra a Vida consigo pelo resto da vida.É preciso se colocar no lugar dela, Lune-san e imaginar como teria sido você no lugar dela, na situação dela, se não sentiria a mesma coisa. Eu pude realmente sentir que ela a ama muito, mas senti também uma certa frustração e impotência diante de você. E acho, Lune-san, que ela gostaria imensamente que você fosse mais carinhosa, atenciosa e afetuosa com ela. Sabe, teve uma hora que você elogiou muito seu pai na frente dela. Eu pude perceber uma certa mágoa e uma certa inveja dela, senti que ela gostaria que você fizesse os mesmos elogios a ela e desse a mesma importância que você dá a seu pai, ‘a ela, entende?É um certo ressentimento, como se você não estivesse sendo grata a tudo o que ela fez por você, a tudo que ela sofreu por você, como se você não reconhecesse o esforço dela em te fazer feliz. Lune-san, seu povo, o povo japonês, me desculpe, mas é um povo muito frio, sem calor humano, individualista, apesar de falar que preza a coletividade e o bem comum acima de tudo. E sua mãe é uma das raras mães japonesas que foi capaz de viajar mais de 500 km para te ver só por que você estava sofrendo, para te amparar, você já caiu em si do tamanho do privilégio de mãe que você tem?Você acha que ela se daria a tanto trabalho e gastaria tanto dinheiro com você se não a amasse profundamente, não fosse louca por você?Pensa bem, Lune-san, valorize-a enquanto ela vive, é jovem, tem saúde. Um dia ela estará velha, com Alzheimer e poderá nem lembrar quem você é, e vai precisar desesperadamente de você. E um dia ela irá embora de sua vida, e aí será muito tarde para se arrepender, minha amiga...olha, ela vai embora amanhã, então, procure ser muito legal com ela antes de ela ir, para que ela sinta que valeu a pena o sacrifício, está bem?
Lune baixou a cabeça, fechou os olhos, e esticou os braços para baixo, cerando os punhos.
Lágrimas caíam de seus olhos.
Se colocar no lugar dos outros dói. E pode doer muito !
Especialmente quando nos colocamos no lugar de quem amamos e de quem nos é precioso(a).
Mentalmente, Lune não estava se colocando no lugar da mãe como se fosse ela mesma, mas como se ela fosse o que ela já conhecia da mãe dela.
Ela então se lembrou, dolorosamente, de todas as brigas terríveis que teve com ela em sua vida, e lebrou todas as vezes em que ela intercedeu a seu favor, mesmo do jeitão rigosos dela.
E se lembrou das palavras de sua avó, quando a esteve visitando.
Mercedes percebeu o estado delicado em que Lune ficara e também ela estava de olhos rasos. Sentaram-se as duas na cama de uma delas e choraram uma no ombro da outra.
Naquele momento, palavras não eram necessárias -as lágrimas falavam por elas e expressavam seus corações e davam voz ‘as suas almas.
Depois de se recuperarem, cada um a foi se trocar e depois cada uma foi para sua prória cama, em silêncio.
Mas naquela noite, pensativa, Lune demoraria a dormir...

(Por Continuar)

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