Mercedes
não demorou a chegar na aula, embora chegasse atrasada.
Mas
estava difícil suportar tantos olhares reprovadores e tanto preconceito.
No
intervalo, quando as duas foram no refeitório, as funcionárias não as quiseram
servir, dizendo:
-Não
atendemos criminosas !
Lune
esboçou reação, pronta a gritar poucas e boas, mas Mercedes a conteve:
-Amiga,
não vamos esquentar o clima ainda mais contra nós...só vai piorar a situação.
Vamos pegar um lanche na máquina de auto atendimento...
Lune,
resmungando baixinho, aceitou o conselho da amiga e lá se foram elas.
Após
se servirem de sanduíches e refrigerantes nas máquinas, foram se sentar nas
mesas e tiveram uma surpresa:
Assim
que escolhiam uma mesa, alguém saia de uma mesa e a ocupava, para não as deixar
sentar. Escolhiam outra e faziam a mesma coisa e assim foram indo sistematicamente
até não sobrar nenhuma.
Sem
terem onde se sentarem, foram saindo, e um pelotão de garotas lado a lado uma
com a outra as seguiu e assim que saíram, as meninas barraram a porta,
mostrando que não as deixariam entrar novamente.
Lune
e Mercedes decidiram então ir para o gramado da faculdade, onde se sentaram no
chão, debaixo de uma árvore.
Já
estavam no meio de seus lanches, quando foram cercadas por uma muralha de
colegas.
-O
que foi agora?Podemos comer em paz?
Perguntou
Lune, já irritada.
Os
olhares, porém eram ferozes, e o silêncio, reprovador.
Uma
das meninas deu um chute, fazendo o sanduíche de Lune voar longe.
-Eeeei
!O que é isto?
-Cale
a boca, assassina, que o próximo chute vai ser no seu queixo !
-Eu
não sou assassina!Nos deixem em paz !
Retrucou
Lune.
-Nossos
advogados provaram para a polícia que a assassina foi a Kotomi, nem estávamos
presentes na cena do crime e...
-Cale
a boca, estrangeira inferior !Caolha do inferno !
E
outra menina deu um chute que acertou o seio direito de Mercedes, que ficou
muito dolorido.
-Aaaaaai
!
-Escutem
aqui, suas fascistas !Não adianta, que não
vamos nos meter em confusão de novo !
Disse
Lune, com voz alterada, se segurando para não brigar de novo.
-Já
disse para calar a boca, presidiária maldita !
-Ninguém
que relincha ao invés de falar irá calar minha boca !
A
menina deu um soco na casa de Lune, que teve um corte no lábio inferior, e
sangrou.
Lune
e Mercedes estavam em pé agora. Vendo que elas iam apanhar feio, e que as
garotas não iriam escutá-las, Mercedes pegou na mão de Lune e correu, abrindo
caminho com uma cabeçada na barriga de uma das oponentes, e as duas fugiram.
As
dez fascistas começaram a perseguição, e as duas correram como o vento até o
carro. Elas entraram no carro e dispararam para fora do campus, deixando suas
algozes para trás.
-Droga
!Droga ! Droga !Como vamos conseguir estudar agora?
-Calma,
Lune-san, calma, isto há de passar. Não podíamos brigar, nem agredir a ninguém,
se a polícia encanar com a gente de novo, estaremos perdidas, pois já temos
antecedentes !
-Ai,
eu odeio gente fascista, gente discriminadora, preconceituosa !Nem sei para
onde ir...
-Olha,
Lune-san, por enquanto vamos para a hospedaria mesmo. Mas talvez tenhamos de
nos mudar de hospedaria se a situação continuar assim...pior é que a Reitoria não
irá ficar do nosso lado..
-Claro
que não, na televisão e nas redes sociais só nos acusam, ninguém noticiou que
fomos inocentadas...
-A
mídia é ótima para acusar, mas inocentar não dá audiência, não atrai o público,
e a mídia sempre teve um viés conservador, fascista, ainda mais aqui no Japão...
-Verdade..dá
vontade de voltar para minha cidade e não por mais meus pés aqui...
-Pior,
Lune-san, que já já as notícias se espalham por todo o Japão...e pode ter consequências
inclusive para sua família toda...
-Podiam
pegar a Kotomi logo...
-Sim,
mas irão noticiar?Aí é que está!Ela foi muito ardilosa, fez uma armadilha
perfeita, muito bem planejada...
-Você
tem razão, Mercedes-san, isto foi coisa premeditada e planejada com
antecedentes, um plano requintado, e caímos como patinhas...droga, por que a
Kotomi tinha de entrar na minha vida?
(Por Continuar)
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