sábado, 2 de dezembro de 2017

Episódio 10- Neanderthal 2 - Transição de Sangue !




-Vamos para as Montanhas !Tanto vai fazer morrermos de fome e frio andando atrás dos animais, como morrermos de fome e frio nas Montanhas !Se tudo quanto é animal caçador está sendo atraído por esta manada imensa , nenhum estará nas montanhas e estaremos mais seguras ! Aqui sempre corremos o risco de sermos atacadas !
Disse Kirilla resolutamente, tomando finalmente sua decisão.
-Tudo bem então, vamos lá...
As duas garotas seguiram na direção das montanhas, para o Oeste, enquanto os animais iam para o Sul.
-Quanto tempo de caminhada precisaremos por chegarmos até lá, Kirilla?
-Huum, acho que antes do anoitecer chegaremos lá. Mas não adianta termos pressa, se nos apressarmos, esgotaremos nossas energias e não conseguiremos chegar lá!
E lá se foram elas, pesadamente, aos tropeços, reunindo forças nem elas mesmas sabiam de onde, com a firme esperança de encontrarem uma caverna segura e confortável, quentinha e aconchegante.
Depois de horas de árdua caminhada, chegaram no sopé das montanhas, que na verdade nem eram lá grande coisa de altas.
Olharam de lado a outro e nada de caverna- as montanhas todas pareciam feitas de rocha sólida e elas começaram a duvidar que tivessem feito a escolha certa.
Desanimadas e exaustas, começaram a caminhar ao largo das elevações rochosas, para a esquerda.
Ali, a neve funda escondida o que antes fora um matagal luxuriante, e elas sentiam a vegetação morta por baixo dos pés.
Súbitamente, o chão lhes pareceu faltar- e faltou mesmo !
Era um buraco fundo no chão e elas caíram nele!
A perfuração na rocha seguia inclinada para baixo, para dentro do coração do subsolo e elas rolaram buraco abaixo, até que pararem num imenso, mas imenso mesmo, salão subterrâneo, cujo teto era mais alto que o de uma catedral !
A vista era, no entanto , de cair o queixo:
Ali um rio subterrâneo , límpido e cristalino corria bem no meio,e as estalagmites e estalagtites brancas brilhavam na pouca luz do sol que entrava aqui e ali por estreitíssimas fendas no teto.
Zonas iluminadas se revezavam com zonas de breu profundo, e outras de penumbra quase fantasmagórica.
Só então olharam para o chão e levaram um susto:
Centenas de esqueletos de animais, mortos há muito, rebrilhavam por ali, por todo canto, o lugar mais parecia um cemitério !
-Kirilla, estou com medo...aqui está cheio de espíritos de cavalos, Garras Grandes, Caudas Mortais, Mortes de Dentes Longos, Rinocerontes e Mamutes !
-Esqueça o que o Xaman te ensinou, espíritos não existem !Estão mortos, não farão mal a ninguém ! Deve ter algum outro buraco grande o bastante para eles caírem em algum lugar por aqui, e não conseguiram sair, e como não tem nada para eles comerem...
-Será que vamos morrer como eles, de fome,Kirilla?
A menina se agarrou no braço da mulher feita.
-Não, se usarmos nossas cabeças !
-Uff, como tem morcegos aqui ! E enormes !
-É isto ! Vamos caçar os morcegos , mata-los e comê-los !
-Mas como faremos isto? Eles voam, a gente não...
-Cabeça existe para a gente sobreviver, menina !
E Kirilla pegou uma das abundantes pedras ali e a jogou num morcego que passava. Errou o bote.
O animal, no entanto se enfureceu e foi para cima delas.
Instintivamente, Karanna pegou sua lança e quase o acerta.
Kirilla pegou sua arma e , com movimentos rápidos, o manteve afastado dela.
-Pega uma pedra e acerta ele enquanto o mantenho ocupado, Karanna !
A menina começou a jogar no animal quantas pedras achou e no fim, começou a acertar, rasgando uma das asas dele, que caiu no chão, e então a lança de Kirilla foi certeira, estraçalhando- lhe o crânio. O morcego estava morto!
-Venha, vamos depelar e desossa-lo !
-Será que vamos ter de comer ele cru?
-Não, nós trouxemos nossas pedras de acender fogo, Karanna.
-Mas e lenha, onde arranjaremos?
-Huuum, deixe-me pensar...vai retirando a carne dele por enquanto, enquanto reflito aqui comigo...
-Tudo bem...
-Bom, lá em cima, de onde caímos, havia muita vegetação morta debaixo na neve, teríamos de sair lá fora  para pegar e trazer para cá!
-Mas e se tiver algum animal caçador lá fora?
-Não vai ter, estão todos na manada que foi para longe. Está vendo aquela abertura na parede ali? Foi por ali que entramos !
-Mas deve ser muito íngreme...e se os animais não conseguiram sair daqui e morreram aqui, quem garante que conseguiremos?
-Os animais que caíram aqui eram todos grandes e não pensavam como nós.Eles não conseguiriam passar por uma passagem tão estreita, mas nós sim , Karanna!
-É, isto é verdade...
-Então deixe o restante do morcego comigo, e vá lá fora buscar vegetação !
-Mas eu tenho medo...
-Vá logo , menina, ou vamos morrer de fome !
A contragosto, Karanna foi.  A passagem, larga o suficiente só para uma mulher adulta passar, com seus ombros estreitos, não era tão inclinada a ponto de tornar impossível subir, mas ainda assim, a subida era íngreme e penosa.
Depois de muito esforço, a menina finalmente conseguiu chegar até o lado de fora, separou a neve da vegetação com sua lança, pegou um monte com as mãos, e voltou a entrar.Não faltava muito para escurecer.

(Por Continuar)

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