quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Episódio 12- Neanderthal:Transição de Sangue !





Fogueira central acesa de novo, as duas puderam sentar-se no chão , descansar um pouco e beber água.
Uma vez descansadas, agora havia ânimo para conversarem:
-E agora, Kirilla? Os dias ficarão bem entediantes por aqui só com nós duas, e sem muito o que fazer...
-Não se anime tanto. Caçar morcegos não é tão simples, nem tão fácil, e é demorado.E na verdade, já estou com fome, um morcego só para as duas é pouco, eles não tem lá muita carne.
-Verdade, vamos ter de caçar pelo menos dois por refeição, talvez o melhor seja quatro, dois para cada uma, se pudermos.
-Falou bem: se pudermos, pois eles são inteligentes e logo vão começar a nos evitar, então temos de aprender os hábitos deles. Vamos caçar uns agora então, a gente come e aí a gente vê o que fazer.
Levantaram-se e olharam para cima: eles não ficavam no teto mais claro, preferiam as áreas mais escuras, então elas fizeram tochas com a madeira da fogueira.
Foram a uma câmara do lado esquerdo, bem escura, e lá encontraram dezenas de morcegos dormindo de cabeça para baixo.Ali, a câmara não tinha um teto muito alto, então, dava para elas acertarem pedradas neles.
Uma pedra acertou um morcego na cabeça, e ele caiu morto, e os demais fugiram em revoada.
Elas pegaram o que morrera, e o levaram para junto da fogueira.
Elas se esconderam numa câmara ao lado e esperaram o bando voltar , e não demorou, eles voltaram.
Acertaram mais um, e nova revoada.
E elas se esconderam de novo, esperaram , mataram mais um, e no fim juntaram quatro.
Elas então os depelaram, desossaram e cozinharam no fogo.
Procuravam esquecer o sabor ruim, e ao menos agora estavam  de estômago cheio.
Por precaução, acenderam a fogueira externa e dormiram por algumas horas.
Acordaram já próximo do meio dia.
-Bom, Karanna, já que estamos sem ter o que fazer, talvez seja melhor explorarmos esta caverna e conhecermos melhor os lugares que estamos vivendo.
-Eu tenho medo! É perigoso ! E se nos perdermos, Kirilla?
-Não iremos tão longe. Aliás, nem sei qual o tamanho desta caverna. Sei que tem muitas câmaras e corredores a explorar !
-Por isto mesmo que podemos nos perder...
-Huum, deixe-me pensar, temos de inventar uma maneira de tornar nosso caminho de ida conhecido, para que possamos seguir nosso caminho de volta...eu já sei! Vou lascar um pedacinho de parede por onde formos, em cada câmara ou corredor, de um jeito que só eu sei fazer !
Ela fez um pequeno entalhe na pedra da parede, do tamanho de um polegar.E o dedo conseguia mesmo caber direitinho dentro do entalhe.
-Vamos indo, Karann ! Não se esqueça de sua lança e sua machadinha!
-Mas aí minhas mãos ficarão ocupadas...
-Está vendo estas lascas de ossos afiadas? Dobre um canto de sua roupa assim, e coloque duas das lascas para que fique dobrada, assim, como eu fiz, está vendo?
E o primeiro bolso da humanidade acabara de ser inventado...
E lá se foram as duas corajosas garotas!
Saíram do enorme salão central e enveredaram por um corredor lateral, bem escuro.
Caminharam por dezenas de metros, até que encontraram uma pequena câmara fracamente iluminada por uma trinca no teto.
-Aaaaaaaah ! Gritou Karanna, assustada!
-O que foi?
A menina apontou diretamente em frente:
Ali estava: um enorme esqueleto de um Urso das Cavernas, ainda articulado, pois a câmara era tão estreita e cheia de vincos, que manteve os ossos no lugar.
Elas viram pedras, muitas pedras no chão e perceberam que havia uma parede fechando a câmara antigamente, mas ela cedeu.
-Ele caiu pelo túnel, que era muito estreito e vertical, e ele mal cabia nele, de modo que ficou preso, e morreu de fome e sede.Vamos procurar outro lugar e deixa-lo em paz.
Disse Kirilla, que não se assustava facilmente.
Elas retornaram ao salão principal e continuaram indo para o fundo, e desta vez, entraram numa câmara que ficava do lado direito.
Ali havia uma outra fenda, e uma visão ainda mais fantasmagórica: Um esqueleto de cervo gigante, ainda com restos de tendões e nervos que seguravam os ossos articulados, em pé, com a cabeça presa para fora do buraco, pelos enormes chifres.
-Uff, este caiu de costas e ficou com a cabeça presa e as pernas no ar! Pobre coitado, não conseguiu livrar a cabeça para dentro por causa dos chifres e também morreu de fome e sede !
-Kirilla, vamos voltar para onde fizemos a fogueira, este lugar me dá arrepios !Estou apavorada, só tem animal morto aqui !
-É que eu esperava encontrar uma saída pelo outro lado, mas tudo bem, vamos voltar.
Elas iniciaram o longo caminho de volta.
Por todo lugar que andavam, tropeçavam em ossos e crânios de animais dos mais diversos possíveis.
Quando chegaram, Kirilla teve mais uma de suas brilhantes idéias:
-Sabe, Karanna, estava pensando cá comigo: quanto estávamos com nosso povo, o que mais usávamos para fazer nossos utensílios eram pedras e madeira, mas principalmente pedras.Aqui pedras também não faltam, mas a maioria não é dos tipos que costumamos usar.Em compensação, temos muitos, muitos ossos !
E podemos fazer armas de ossos, e outros utensílios com eles, por que não aproveitar?
-Acho meio tétrico...os espíritos dos animais vão se zangar...
-Você e esta conversa de espíritos de novo!

(Por Continuar)

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