sábado, 9 de dezembro de 2017

Episódio 13-Neanderthal2:Transição de Sangue !





-Mas que existem, existem...
-Ah, inútil discutir com você! Vamos então começar a fazer algumas coisas que vamos precisar !Nossas lanças não durarão para sempre, então pensei em fazer novas com pontas de ossos!
-Mas quais ossos, Kirilla?Teriam de ser bem grandes...
-Que tal aqueles de Mamute ali? Olha, as presas deles é que dão o melhor material!
-Mas elas são muito resistentes, como as quebraremos?
-Ora, Karanna, com pedras !Pedras grandes aqui é que não faltam! Vamos lá, ao trabalho!
E assim passaram o resto do dia , trabalhando em armas e utensílios.
Enquanto Kirilla ensinava  Karanna a fabricar os utensílios, elas iam se distraindo e conversando e reforçando os laços de amizade-mais pareciam irmãs !
Depois, Kirilla passou a fazer os utensílios enquanto Kirilla arrancava pedras grandes do lugar, para quebrar as presas de Mamute, já que havia pelo menos três carcaças deles por ali.
Numa destas retiradas, quando ela ergueu a pedra e a removeu e a colocou de lado para descansar, e olhou para o que ficara no lugar, ela soltou um grito:
-Aaaaaaah !
-O que foi, Karanna?
Disse Kirilla, vindo correndo até ela e interrompendo seu trabalho.
A menina apontou para o que viu:
Semi enterrado na rocha, petrificado pela fossilização, estava um crânio de Parantropus boisei, um antiquíssimo pré-humano ancestral !
Também Kirilla ficou espantada !Elas nunca tinham visto nenhum crânio de nenhum animal nem remotamente parecido com aquilo !
Elas não conheciam sequer os macacos ou símios, mas havia algo de humano naquele crânio, que elas reconheceram na hora.
-Este lugar é malévolo , estou dizendo, Kirilla !
-Olha, Karanna, é só uma pedra em forma de caveira  de algum animal, sei lá, lembra um pouco a nossa, mas é muito diferente, de qualquer forma, está morta há muito tempo, e não vai sair do lugar nem nos fazer mal. Cubra-a com terra e pedras e pronto !
E seria isto que ajudaria aquele crânio ser descoberto pela Ciência milhares de anos depois...
Mas enfim a noite estava chegando, e elas , depois de matar e comer mais alguns morcegos, acenderam a fogueira externa e reforçaram a central,  e foram dormim.
Mas não dormiriam por muito tempo.
Com os ouvidos apurados pelo medo, elas escutaram a aproximação dos insetos gigantes e acordaram.
Eles chegavam até a barreira de fogo e recuavam, mas ficavam histéricos e procuravam uma brecha qualquer.
A partir dali, foi uma luta interminável para distanciá-los delas.
Muitos tinham atitudes que pareciam suicida e tentavam enfrentar o fogo e morriam queimados, e outros se empilhavam uns sobre os outros para tentar fazer uma ponte viva sobre o fogo.
Novamente , as garotas precisavam espantá-los com tochas e pedaços de presa de Mamute.
Foi então que escutaram um barulho trovejante:
Um búfalo gigante de chifres longos acabara de cair na armadilha natural, e os insetos foram em bando para cima dele, no fundo do corredor, a quase um quilômetro de distância.
Agora, a caverna , ao menos a parte onde as garotas estavam, ficou vazia de insetos, mas ainda assim, era assustador ouvir os mugidos do búfalo sendo devorado vivo por centenas, milhares de besouros!
Até que os mugidos guturais silenciaram.
-Morreu... aquele mugido eu conheço, é de Búfalo, e pelo tom, estava desesperado !Os besouros o mataram !
-Ai, Kirilla, vamos sair correndo daqui...lá fora estou achando menos perigoso, não aguento mais de tanto pavor !
-O pobre búfalo não tinha nossa inteligência, nem fogo, Karanna, calma...
-Não bastam estes besouros, ainda tem os maus espíritos!
-Já te falei, Karanna, não existem maus espíritos, não existe espírito nenhum !
-Claro que existem!Então, o que é...é..aquil...AAAAAAAAAAAAHHHHHHHH!
Karana gritou e se agarrou em Kirilla:
Tantos ossos acumulados ali deram origem ao fenômeno do fogo fátuo, e as ilusões óticas do fenômeno pareciam mesmo espíritos ou fantasmas, o que aumentados por uma mente já apavorada, levou-a a pensar que eram os espíritos dos animais mortos vindo contra ela !
Mas Kirilla era corajosa, destemida: Empunhou sua lança e avançou.
E viu que a imagem passou por ela sem fazer qualquer mal.
-Está vendo?Enfrentei, e não aconteceu nada !Deixa de ser medrosa, como vai caçar deste jeito?
Mas não teve conversa. Agora ninguém mais conseguiria convencer Karanna  de dormir mais uma noite ali.
No fim, tiveram que pegar suas colchas, fazer novas fogueiras e dormir do lado de fora, ao relento e debaixo de um frio de lascar.
No dia seguinte, já com o Sol brilhando vigoroso, entraram de volta.
E o que encontraram foi espantoso: carcaças de centenas, milhares de besouros mortos, virados de ponta cabeça, espalhados por toda a caverna !
O que lhes teria acontecido?
Elas resolveram investigar, e foram até o local onde o búfalo morrera, e com já era de se esperar, encontraram apenas o esqueleto dele.
Normalmente, uma carcaça destas cheiraria a putrefação, mas não era o caso do búfalo.
Kirilla, com a ponta da lança, moveu uma das patas dele ali, removendo também alguns insetos mortos dali.
Em volta do casco e embaixo, havia um pó branco, que não havia naquela caverna.
-Veneno ! Este búfalo já estava doente quando caiu aqui. E estava coberto deste pó, que, pelo visto contaminou até sua carne, e os insetos que se alimentaram dele foram envenenados e morreram. Veja que os insetos mortos começam exatamente daqui, de envolta dele.
-Será que morreram todos, Kirilla?
=Duvido ! Mas acho que podemos usar este veneno a nosso favor e fazer uma armadilha instransponível para os insetos!
-Bom, depois a gente pensa nisto, vamos voltar para a frente da caverna, estou com muito medo aqui !
-Tudo bem, tudo bem...
E foram para a frente.
Mataram mais alguns morcegos, os cozinharam e devoraram e depois de dormirem um pouco, Kirilla tomou uma decisão:
-Vamos seguir lá fora o rastro deste búfalo e descobrir onde ele achou este veneno !
-Mas deve estar um frio de rachar ossos lá fora, Kirilla!
-Está vendo a luz do Sol, como entra forte pelas fendas e ilumina bem a caverna?Sinal de que o Inverno já está enfraquecendo !Vamos lá!Ou você prefere ficar aqui sozinha?
-Eu vou, eu vou, qualquer coisa, menos ficar sozinha aqui !

(Por Continuar)

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