-Mas que existem,
existem...
-Ah, inútil
discutir com você! Vamos então começar a fazer algumas coisas que vamos
precisar !Nossas lanças não durarão para sempre, então pensei em fazer novas
com pontas de ossos!
-Mas quais ossos,
Kirilla?Teriam de ser bem grandes...
-Que tal aqueles
de Mamute ali? Olha, as presas deles é que dão o melhor material!
-Mas elas são
muito resistentes, como as quebraremos?
-Ora, Karanna, com
pedras !Pedras grandes aqui é que não faltam! Vamos lá, ao trabalho!
E assim passaram o
resto do dia , trabalhando em armas e utensílios.
Enquanto Kirilla
ensinava Karanna a fabricar os utensílios,
elas iam se distraindo e conversando e reforçando os laços de amizade-mais
pareciam irmãs !
Depois, Kirilla
passou a fazer os utensílios enquanto Kirilla arrancava pedras grandes do
lugar, para quebrar as presas de Mamute, já que havia pelo menos três carcaças
deles por ali.
Numa destas
retiradas, quando ela ergueu a pedra e a removeu e a colocou de lado para
descansar, e olhou para o que ficara no lugar, ela soltou um grito:
-Aaaaaaah !
-O que foi,
Karanna?
Disse Kirilla,
vindo correndo até ela e interrompendo seu trabalho.
A menina apontou
para o que viu:
Semi enterrado na
rocha, petrificado pela fossilização, estava um crânio de Parantropus boisei,
um antiquíssimo pré-humano ancestral !
Também Kirilla
ficou espantada !Elas nunca tinham visto nenhum crânio de nenhum animal nem
remotamente parecido com aquilo !
Elas não conheciam
sequer os macacos ou símios, mas havia algo de humano naquele crânio, que elas
reconheceram na hora.
-Este lugar é malévolo
, estou dizendo, Kirilla !
-Olha, Karanna, é
só uma pedra em forma de caveira de
algum animal, sei lá, lembra um pouco a nossa, mas é muito diferente, de
qualquer forma, está morta há muito tempo, e não vai sair do lugar nem nos
fazer mal. Cubra-a com terra e pedras e pronto !
E seria isto que
ajudaria aquele crânio ser descoberto pela Ciência milhares de anos depois...
Mas enfim a noite
estava chegando, e elas , depois de matar e comer mais alguns morcegos,
acenderam a fogueira externa e reforçaram a central, e foram dormim.
Mas não dormiriam por
muito tempo.
Com os ouvidos
apurados pelo medo, elas escutaram a aproximação dos insetos gigantes e
acordaram.
Eles chegavam até
a barreira de fogo e recuavam, mas ficavam histéricos e procuravam uma brecha
qualquer.
A partir dali, foi
uma luta interminável para distanciá-los delas.
Muitos tinham
atitudes que pareciam suicida e tentavam enfrentar o fogo e morriam queimados,
e outros se empilhavam uns sobre os outros para tentar fazer uma ponte viva
sobre o fogo.
Novamente , as
garotas precisavam espantá-los com tochas e pedaços de presa de Mamute.
Foi então que
escutaram um barulho trovejante:
Um búfalo gigante
de chifres longos acabara de cair na armadilha natural, e os insetos foram em
bando para cima dele, no fundo do corredor, a quase um quilômetro de distância.
Agora, a caverna ,
ao menos a parte onde as garotas estavam, ficou vazia de insetos, mas ainda
assim, era assustador ouvir os mugidos do búfalo sendo devorado vivo por
centenas, milhares de besouros!
Até que os mugidos
guturais silenciaram.
-Morreu... aquele
mugido eu conheço, é de Búfalo, e pelo tom, estava desesperado !Os besouros o
mataram !
-Ai, Kirilla,
vamos sair correndo daqui...lá fora estou achando menos perigoso, não aguento
mais de tanto pavor !
-O pobre búfalo não
tinha nossa inteligência, nem fogo, Karanna, calma...
-Não bastam estes
besouros, ainda tem os maus espíritos!
-Já te falei,
Karanna, não existem maus espíritos, não existe espírito nenhum !
-Claro que
existem!Então, o que é...é..aquil...AAAAAAAAAAAAHHHHHHHH!
Karana gritou e se
agarrou em Kirilla:
Tantos ossos
acumulados ali deram origem ao fenômeno do fogo fátuo, e as ilusões óticas do
fenômeno pareciam mesmo espíritos ou fantasmas, o que aumentados por uma mente
já apavorada, levou-a a pensar que eram os espíritos dos animais mortos vindo
contra ela !
Mas Kirilla era
corajosa, destemida: Empunhou sua lança e avançou.
E viu que a imagem
passou por ela sem fazer qualquer mal.
-Está
vendo?Enfrentei, e não aconteceu nada !Deixa de ser medrosa, como vai caçar
deste jeito?
Mas não teve
conversa. Agora ninguém mais conseguiria convencer Karanna de dormir mais uma noite ali.
No fim, tiveram que
pegar suas colchas, fazer novas fogueiras e dormir do lado de fora, ao relento
e debaixo de um frio de lascar.
No dia seguinte, já
com o Sol brilhando vigoroso, entraram de volta.
E o que
encontraram foi espantoso: carcaças de centenas, milhares de besouros mortos,
virados de ponta cabeça, espalhados por toda a caverna !
O que lhes teria
acontecido?
Elas resolveram
investigar, e foram até o local onde o búfalo morrera, e com já era de se
esperar, encontraram apenas o esqueleto dele.
Normalmente, uma
carcaça destas cheiraria a putrefação, mas não era o caso do búfalo.
Kirilla, com a
ponta da lança, moveu uma das patas dele ali, removendo também alguns insetos
mortos dali.
Em volta do casco
e embaixo, havia um pó branco, que não havia naquela caverna.
-Veneno ! Este búfalo
já estava doente quando caiu aqui. E estava coberto deste pó, que, pelo visto
contaminou até sua carne, e os insetos que se alimentaram dele foram
envenenados e morreram. Veja que os insetos mortos começam exatamente daqui, de
envolta dele.
-Será que morreram
todos, Kirilla?
=Duvido ! Mas acho
que podemos usar este veneno a nosso favor e fazer uma armadilha instransponível
para os insetos!
-Bom, depois a
gente pensa nisto, vamos voltar para a frente da caverna, estou com muito medo
aqui !
-Tudo bem, tudo
bem...
E foram para a
frente.
Mataram mais
alguns morcegos, os cozinharam e devoraram e depois de dormirem um pouco, Kirilla
tomou uma decisão:
-Vamos seguir lá
fora o rastro deste búfalo e descobrir onde ele achou este veneno !
-Mas deve estar um
frio de rachar ossos lá fora, Kirilla!
-Está vendo a luz
do Sol, como entra forte pelas fendas e ilumina bem a caverna?Sinal de que o
Inverno já está enfraquecendo !Vamos lá!Ou você prefere ficar aqui sozinha?
-Eu vou, eu vou,
qualquer coisa, menos ficar sozinha aqui !
(Por Continuar)
Nenhum comentário:
Postar um comentário