Quem, no entanto,
resolveu terminar com este impasse foi a própria Hiena Gigante :
Ela acabara
sentindo o cheiro das duas e foi direto para a boca do túnel !
Elas viram, e se
afastaram mais para o fundo imediatamente.
O monstruoso
predador, mais alto que um homem adulto,tentou entrar, mas em pé não
conseguiria, a entrada era muito estreita, e colocou a cabeçorra para dentro,
urrando e arreganhando os dentes!
Karanna ficou
apavorada e soltou um grito, mas a corajora Kirilla viu ali uma oportunidade
imperdível:pegou uma de suas lanças, aproveitou a bocarra aberta do predador, e
deu uma estocada forte com a laça direto dentro da garganta do animal
Só que hienas tem
mandíbulas fortíssimas, e as das hienas gigantes, mais ainda, capazes de partir
facilmente um fêmur de rinoceronte, e estas se fecharam.
-Mas era
precisamente com isto que Kirilla contva.
P ângulo em que a
lança entrou era tal, que quando a hiena fechou suas mandíbulas, a lança se
partiu com a ponta afiada para cima, e perfurou o céu da boca!
A hiena deu um
tremendo berro de dor,a ponto de bater com a cabeça no teto do túnel, e virava
a cabeça para um lado e outro, e saiu sangue por entre a dentuça.Porém, não
chegou a penetrar dentro do cérebro.
Quando, porém, a
cabeça da Hiena se virou para o lado esquerdo, expondo o olho direito, Kirilla
viu outra oportunidade e pegou outra lança e
a afundou direto no olho da fera !
Agora sim, o cérebro
fora atingido, e a hiena soltou um ganido agudo e estrebuchou. Estava morta!
Kirilla e Karanna
jogaram a cabeça dela para fora da entrada do túnel com pontapés, e, com a
entrada desobstruída, saíram.
-Hoje vamos ter carne
de hiena para variar !
-Tem certeza que
ela morreu?É assustadora !
Kirilla pegou sua
lança com ponta de pedra e a enterrou no peito da fera, rasgando-lhe o coração.
-Tenho ! Vamos, me
ajude a desmembrá-la e desossa-la, temos que tirar a pele! Vamos aproveitar o
que pudermos e arrastá-la para o fundo da caverna para não atrairmos os
besouros !
Desmembrar e
desossar um animal daquele tamanho não era brincadeira, e levou um bom tempo. E
havia uma razão para elas a esquartejarem: as duas sozinhas jamais conseguiriam
arrastar sozinhas um monstro de quase meia tonelada!
Separaram os
pedaços que queriam , de carne, e o restante levaram para o fundo da caverna,
ou pelo menos, o que acharam que já fosse o fundo.
Foram necessárias
várias cansativas viagens para levarem tudo.
Por fim, cozinharam
a carne e , capotando de fome, comeram a vontade!
-Oh, mas como você
é corajosa, Kirilla !Seu pai certamente teria muito orgulho de você !
-Obrigada, Karanna
!Ele sim, mas se fosse outro, ficaria furioso...
-Meu pai, por
exemplo...
-Seu pai, com
certeza !Então, eu estou pensando bem comigo, e estou achando melhor a gente ir
embora daqui amanhã cedo!
-Ah, que bom,
finalmente ! Esta caverna é perigosa demais !
-Eu estava
pensando em fazer uma armadilha para aqueles insetos, mas estou achando que não
compensa, pois sempre poderão aparecer mais !
-Será que eles vão
tentar nos atacar hoje de novo?
-Não sei, Karanna,
talvez. Mas acho que farei o seguinte: vou fazer mais uma fogueira em volta da
que já tem em volta de nós, e aí eles terão de passar por duas barreiras. Vamos
pegar mais lenha, bastante mesmo, aproveitando que ainda não escureceu, para
que o fogo fique mais alto!Assim, estaremos mais seguras!
E foi o que
fizeram. Foram para fora e voltaram várias vezes com muita lenha e fizeram uma
segunda barreira externa, mais larga e mais alta. Quando já estava quase
escurecendo, acenderam as três fogueiras.
E se espantaram:
A mais externa
ficou tão forte, que as labaredas atingiram um metro e meio de altura ! E a
barreira tinha mais de um metro de espessura !
Enfim, foram
dormir.
E, claro, não
demorou, os insetos chegaram. Depois de devorarem a carcaça da hiena, eles
foram para a frente da caverna.
Só que agora não
tinha jeito, eles não conseguiam passar de maneira alguma.
Foi a primeira
noite que elas conseguiram dormir a maior parte do tempo tranquilas.
As cinco da manhã,
as fogueiras começaram a fraquejar, e elas tiveram de acordar e enquanto uma espantava
os insetos, a outra reacendia os pontos fracos.
No fim, foi uma
luta, mas enfim os insetos foram embora e as chamas se apagaram.
As garotas caçaram
mais alguns morcegos, os cozinharam e os devoraram, e depois juntaram suas
tralhas, e saíram da caverna pelo túnel.
Ao saírem, notaram
o céu azul, e o clima bem mais amenos, suportável, com a neve derretendo ao
sol.Suspiraram de alívio , e reiniciaram sua viagem.
Agora era encarar
o incerto, o desconhecido, o inesperado .Seguiam seus corações, distanciando-se
da área sobre a caverna, indo na direção do por do sol, a mesma que a migração
usou.
(Por Continuar)
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