sábado, 23 de dezembro de 2017

Episódio 20- Neanderthal 2: Transição de Sangue !




-Vamos, Karanna, vamos logo arrumar alguma coisa para comermos !
E lá se foram elas pelo Vale.
Era, no entanto, preciso ter sangue frio e coragem, e conhecimento também, para andar no meio de tantos animais gigantes, para não se deixar perceber.Observação atenta também era fundamental.
Procuraram se proteger escondendo-se no mato alto, e tentando evitar que os animais farejassem-nas.
Porém, acabaram vendo que nas campinas abertas do vale era inútil tentar: a grande maioria das presas alieram grandes demais para duas mulheres sozinhas conseguirem matar. Então, decidiram-se a procurar na florestinha que margeava as montanhas.
Lá, com muita dificuldade, conseguiram caçar dois coelhos gordos e os levaram para a caverna.
Lá, ao chegarem, encontraram Karajjar já dormindo, aparentemente satisfeito com sua refeição recente.
Elas então foram para a outra boca da caverna, acenderam a fogueira, depelaram, abriram , desossaram e desmembraram os coelhos, e os cozinharam.
Porém, o cheiro da carne assada atraiu o faro de Karajjar e ele chegou justo quando elas estavam sentadas no chão, de pernas cruzadas.
Ele começou rosnando baixinho, com as orelhas voltadas para trás.
-Karanna, dê as vísceras dos coelhos para ele, por favor.
Ela juntou-as num pequeno monte, se levantou e começou a carrega-las para um canto.
O rosnar ficou alto , e os beiços se arreganharam, deixando a dentuça alva ‘a mostra.
Assustada, Karanna deixou as vísceras caírem no chão, e a fera avançou nelas.
Kirilla percebeu que era hora de pararem de comer- o Homotherium queria tudo para ele. Ela se armou com um galho incanscente.
-Vem para perto de mim, Karanna ! Devagar, sem mostrar medo, nem movimentos bruscos.
A menina veio, e a fera veio atrás.
Elas se afastaram da comida, e deixaram ele comer.
Elas já finham comido mais da metade, mas ainda restava bastante.
-Pegue nossas armas no canto. Ele sabe que quando pegamos nossas armas e damos as costas a ele, é por que vamos caçar, então ele nos seguirá.
Disse Kirilla.
E de fato, foi o que ele fez.
Elas saíram da caverna novamente e foram para a planície, como sempre, pelo capim alto, até que avistaram, num baixio perto do rio, um bando de Homotheriuns de olho nos filhotes dos mamutes, e esperava que um dos bebês paquidermes se desgarrasse do bando.
Karajjar parecia intensamente interessado, e lambia os beiços.
-E agora, como vamos despistá-lo?Não podemos chegar muito perto das feras, ou elas nos atacarão !
-Eu sei como, confie em mim! Vamos aguardar o tempo certo. Karajjar não vai resistir ‘a tentação, ele quer aquele filhote de mamute !
-Aquele ali? Mas não parece que ele vai se desgarrar tão cedo...
-Sim, mas Karajjar é muito jovem e inexperiente ainda. Ele não terá a paciência de esperar. Daqui a pouco ele começará a se aproximar do filhote!Quando ele denunciar sua presença, nós aproveitaremos a confusão e fugiremos!
-Mas e se ele nos seguir de volta?
-Ele não irá, por que ele vai querer caçar o filhote!
E realmente, a pequena fera estava trêmula de nervosismo e ansiedade, com olhar fixo na suafutura refeição.Não demorou quinze minutos, e ele começou a se afastar das meninas, pata ante pata.
Normalmente, elas o seguiriam, mas desta vez ficaram no lugar.E de fato, o felino parecia nem lembrar das duas de tão concentrado que estava em sua caçada.
Ele achou que o capim alto o esconderia, mas os Mamutes adultos o viram e deram seu trombeteante alarme !Seguiu-se a confusão, com o estouro da manada.
Os outros Homoterium , já que foram denunciados, resolveram tentar atacar.
-Agora é o momento !Vamos embora, depressa !
Disse Kirilla, e as duas dispararam na direção contrária.
-Venha, vamos passar nesta touceira de flores e passa-las no corpo para disfarçar nosso cheiro, assim, Karajjar não nos seguirá de volta  mais tarde !
-Tuo bem, Kirilla !
E assim o fizeram e depois voltaram correndo para a caverna, e depois vogaram fora todos os restos de comida para evitar chamar a atenção de predadores.
Então, acenderam a fogueira da entrada da passagem para a câmara secreta e para lá rumaram.
-Sabe o que me preocupa, Karanna?
-O quê?
-Karajjar acostumou-se conosco e sabe o caminho de volta.Ele pode voltar mais cedo ou mais tarde, mas o que é pior: ele cresceu acostumando-se ao fogo, então, ao contrário de outros caçadores, este não tem medo do fogo, e nenhuma fogueira irá mantê-lo longe.
-Verdade, Karanna, mais cedo ou mais tarde ele voltará !
-Sim, e ainda por cima poderá atrair outras Mortes de Dentes Longos para cá !
-Isto seria extremamente perigoso !Então, o que devemos fazer?
-Sinto dizer, mas acho que não vamos mais poder ficar nesta caverna, ficou muito perigoso agora! Melhor fugirmos logo daqui, e procurarmos outro lugar! Vamos aproveitar que o frio amainou e  a neve diminuiu bastante e irmos embora!
-Está bem, vamos...
-Pegue logo suas coisas, pegarei as minhas e vamos embora !
E as duas cataram suas coisas apressadamente e saíram da caverna, e foram margeando o pé das montanhas pela florestinha, até encontrar o final do vale.
No caminho, quando já estavam bem distantes, mataram mais coelhos, improvisaram uma fogueira e comeram as pressas.

(Por Continuar)

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