terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Episódio 18- Neanderthal2:Transição de Sangue !




Mas não poderiam demorar muito tempo ali, comendo. Abutres já voavam em círculos no céu de olho na carcaça, e outros predadores poderiam querer se refastelar nela igualmente, por isto, Kirilla tinha pressa.
-Agora que acabamos de comer, vamos logo embora daqui, pois isto aqui vai virar um antro perigoso de carniceiros e caçadores logo logo !
Ela e Karanna arrumaram suas coisas e levantaram acampamento, certificando-se rapidamente de que não tinham esquecido nada.
Embalado nos braços, Karanna carregava Karajjar, o filhote de felino dentes de sabre.
Mal elas se afastaram e uma revoada de abutres pousou na carcaça ainda fresca.
Quando elas já estavam a vários quilômetros dali, um bando de lobos gigantes apareceu e começou a briga pelo Homotherium morto.
Aquele vale era realmente imenso, e caminharam por várias horas nele, tomando cuidado para não andarem sobre o rio congelado.
Chegaram então ‘a foz do rio, um delta largo, cercado por uma muralha de altas montanhas.
-Pelo visto, nosso caminho termina aqui.Daqui para a frente, só existe uma possibilidade: subir, e tentar contornar as montanhas e ver o que há lá do outro lado !
-Kirilla, estou vendo ali em cima, bem alto, uma caverna !
-Huum, onde?
A menina apontou para a frente e para cima. A tal caverna ficava a aproximadamente seiscentos metros do chão, numa subida íngreme.
-Ahn... bom, acho que dá para a gente subir sim, é bem inclinado, mas acho que a gente consegue.E acho que nenhum lobo, nenhuma hiena, nenhum leão, nem nenhuma Morte de Dentes Longos conseguiriam escalar até lá. Talvez, apenas talvez mesmo, um urso.Vamos lá !
E começou a escalada, que precisou ser feita com muito cuidado. Claro que, se caíssem, a queda não seria vertical, mas inclinada e poderiam rolar descida abaixo, mas o problema estava em que, debaixo da neve havia muitas pedras soltas que poderiam provocar uma avalanche bastante perigosa, se caíssem.
Assim, a subida foi lenta, demorada e requereu enorme esforço.
Mas finalmente chegaram lá, e puderam descansar perto da entrada da caverna e esta era grande !
O mais curioso, no entanto, é que a caverna era praticamente um túnel, que varava a montanha de fora a fora. Então, não era escura.Tinha aproximadamente um quilômetro de comprimento, por algo em torno de cem metros de largura média e a altura era de uns trinta metros.
Em tese, por causa do teto alto, não oferecia lá muita proteção para a chuva, nem para o frio, e tinha dois lados para vigiar, de modo que necessitaria de no mínimo duas fogueiras.
Após descansarem um pouco, exploraram a caverna e descobriram que ela era estranhamente quentinha, apesar  do vento gelado.E a explicação para isto não tardou a descobrirem: Havia uma câmara lateral, que descia para o subsolo, e logo se enchia de água quente: era um rio subterrâneo, e ali perto, uma fonte de lava  borbulhava enchendo a caverna de calor.
Logo no começo da descida, havia uma rampa íngreme , que levava a uma câmara escura, mais ou menos quadrada, medindo aproximadamente seis metros de lado.A rampa, que tinha uns trinta metros de altura, era íngrime o suficiente para só seres humanos conseguirem escalá-la com facilidade, e a entrada dela, era estreita, não cabia mais do que um corpo humano ali, tornando impossível qualquer predador entrar, já que o entorno da entrada era de pedra maciça e não terra .Era perfeita para passarem noites seguras e despreocupadas. Ali não haviam insetos imensos, apenas morcegos frugívoros, que poderiam ser caçados e devorados.
Decidiram então, que ficariam no corpo principal da caverna durante o dia, e a noite, iriam para a câmara escondida.E, por precaução, fariam três fogueiras:uma em cada entrada da caverna, e outra na entrada do corredor para a câmara secreta.
Mas , se água e alimento ali não eram o problema, como fazer as fogueiras era sim um problema. Não por falta de pedras para acender o fogo, estas tinham  em abundância.O que faltava ali era lenha, e tornava-se extremamente arriscado e extenuante ir buscar lenha lá embaixo, na foz, e quase que impossível escalar aquela ladeira carregando lenha!
-Como vamos fazer, Kirilla?
-Vamos do outro lado, na outra entrada, quem sabe do outro lado tenha uma descida menos inclinada e tenha mais lenha...
Caminharam então para a outra entrada, e quando chegaram na boca da caverna, se espantaram:
A outra entrada dava para um  segundo vale, ainda mais imenso que o outro, cheio de florestas, e um rio com águas que não congelaram, quentes, que vinham da fonte termal da caverna.
E ali, manadas de Mamutes, riinocerontes lanudos, cervos gigantes, preguiças gigantes , gliptodontes e outros animais da mega fauna, ‘as centenas, milhares !Predadores, claro, também tinham aos montes, mas nenhum parecia interessado em subir para a caverna, ali, presas para caçarem não faltava, era um verdadeiro paraíso da Era do Gelo, verdadeiro santuário !
E sim, a descida para o vale daquele lado era muito menos íngreme, e a boca da caverna ficava escondida por mato alto e uma florestinha.
Aquele vale, inclusive, parecia centenas de metros mais alto do que o outro, do outro lado da caverna, por onde tinham chegado, era como se fosse um vale instalado num platô baixo.
Ali, elas pensaram, daria para viverem sozinhas e em segurança por anos a fio !

(Por Continuar)

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