terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Episódio 11- Neanderthal 2:Transição de Sangue !



Enfim elas conseguiram fazer sua fogueira, e cozinhar seu morcego.
-Nunca em minha vida pensei que um dia viria a comer um morcego, Kirilla!
-Nem eu, mas na vida, a gente tem de comer o que encontrar, não dá para ficar escolhendoo sempre!
-Ih, verdade !Uh, carne dura, horrível, detestei...
-Ainda muito que temos algo para comer, Karanna, não reclame. Pelo visto, teremos de ficar um bom tempo por aqui comendo morcegos todo dia! Pelo menos isto tem em abundância aqui, então não nos faltará comida!
-E por que não podemos ir embora amanhã mesmo?
-Por que, menina, lá fora não tem comida, o frio está intenso, a neve enorme e podemos morrer de fome e frio viajando sem encontrar nada! Melhor aguardar este inverno passar !Aqui ao menos é quentinho, tem comida, tem água e não tem animais caçadores para nos matar !
-Entendi, mas está cheio de maus espíritos dos que morreram aqui !
-Karanna, você não é mais criancinha para acreditar nestas coisas, deixe de ser medrosa, menina !Eu vou aproveitar que tem água fresquinha aqui e vou tirar minhas vestes e entrar no riacho !
-Então vou com você !
E as duas se desnudaram completamente e entraram no rio, e aproveitaram para beber da água, que era pura, fresca, deliciosa.
Depois aproveitaram o calor do fogo para se secarem .
-Bom, lá fora já está começando a escurecer, já comemos, então vamos estender nossas colchas, deitar e dormir!
Disse Kirilla.
E assim o fizeram, pois muito cansadas estavam, depois de tão exaustiva e penosa caminhada.
A noite chegou e com ela veio a escuridão, que só não era total por causa da fogueira.
Porém, aquele fogo não duraria ara sempre, e aquela noite não seria tão tranquila quanto elas pensavam- não seria mesmo !
Karanna dormia seu sono leve, insegura que estava , pensando nos maus espíritos e em todos os animais que ali tinham morrido.
Foi quando sentiu algo tocando em seus pés, e lhe mordiscando a pele, lhe machucando.
Ela, amedrontada, se recusava a abrir os olhos.
Dali a pouco sentiu mais alguém lhe incomodando, tocando, e agora parecia subir por suas pernas.
Ela encolheu as pernas, assustada, num gesto reflexo.
Foi quando sentiu que agora eram vários lhe picando pés, pernas, braços, barriga, peito, e só então sentiu uma mordida mais forte em...seu sexo !
-Aaaaai ! Ela gritou, e desta vez não teve jeito, sem querer, ela abriu os olhos !
E eles se arregalaram, e ela soltou um grito de puro pânico, e se levantou:
Ela estava coberta de insetos, grandes besouros do tamanho de um punho de homem adulto ou até maiores !
E Kirilla também !
Ela mais que depressa acordou a companheira chutando-a no ombro.
-Ei, o que é isto?O que está acontecendo?
-Bichos, bichos horrorosos !
Kirilla se levantou e viu os besouros.
El pegou uma madeira da fogueira, envolta em chamas, e passou por eles em um semicírculo, e eles saíram correndo.
-Você está bem?
-Toda machucada, mas estou !
-Eles estavam nos devorando vivas, e tem uma montanha deles lá na frente, e só o fogo os impede de nos atacar! Pior que a fogueira está no fim, daqui a pouco se apaga e não teremos mais armas contra eles !
-E você disse que aqui era seguro...
-Nunca tinha visto insetos tão agressivos e tão grandes, não tinha idéia de que tivessem tantos e de hábitos noturnos, pois de dia, nenhum apareceu !
-E agora?
-Acho que esta noite vamos ter de passar o resto desta noite lá fora, no frio. Amanhã vamos trazer muita madeira para cá e vamos fazer uma fogueira em volta de nós a noite, assim, eles não conseguirão nos alcançar!
-Mas não é perigoso?
-Inofensivo nunca é, Karanna, mas acredito que , com este frio, não haverá nenhum animal caçador lá fora, devem todos ter seguido os animais viajantes.
-É, que jeito...ficar aqui, com estes bichos é que não fico mesmo !Prefiro passar frio !
-Então vamos logo, que a fogueira já vai apagar !
E lá se foram elas.
Mal elas foram para a saída da caverna, um exército de besouros foi atrás, as mordendo, e elas corriam desesperadas dentro do túnel íncrime, tentando subir o mais depressa que podiam.
Quando já estavam perto da saída, o frio desencorajou os insetos, pois como eles tem sangue frio, não suportam baixas temperaturas e morrem.
Aquela foi a noite mais gelada que tiveram em suas vidas até então!
Tremiam tanto que pensaram que iam morrer !
Elas improvisaram uma fogueira para se aquecer, mas o vento a toda hora a apagava e elas tinham de reacende-la de novo, o que não era fácil, nem rápido, ainda mais com o vento atrapalhando.
No fim, quase não dormiram, e foi com alívio que viram enfim o sol nascer.
Por em todo caso, preferiram aguardar o sol se firmar bem no céu para entrarem de novo na caverna.
Mas antes, fizeram diversas viagens  carregando folhagens e madeira que estavam sob a neve, para dentro, para ter uma provisão duradoura de lenha para fazer fogueiras. Agora havia uma fogueira central, e , distante vinte passos, uma outra circular, periférica, que seria usada só a noite, como barreira contra os insetos gigantes. Delimitaram a fogueira circular externa com pedras e pedaços de estalagtites e estalagmites , para evitar que o fogo chegasse até elas, que dormiriam entre as duas.

(Por Continuar).

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