segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Episódio 17- Neanderthal 2: Transição de Sangue !



Prosseguiram em sua caminhada então, e notaram que o terreno ia-se elevando cada vez mais e ficando mais íngreme.
-Estou vendo montanhas ao longe !E são bem altas !
-Verdade, Karanna, e onde tem montanhas, podem haver cavernas!Não estão muito longe, acho que conseguiremos chegar nelas antes de escurecer !
-Então vamos em frente !
Mais algumas horas de viagem e chegaram ao sopé das montanhas.
-Vamos subi-las?
-Não, vamos caminhar pelo meio delas, entre elas, para pouparmos esforços.
E continuaram, contornando por entre as montanhas e já estavam com os pés doloridos de tanto caminhar, quando finalmente encontraram uma caverna.
Não era gigante como a outra, na verdade era curta, relativamente estreita e seu teto não era dos mais altos.
-Será a toca de algum animal, Kirilla?
A moça mais velha farejou a entrada da caverna.
-Não tem cheiro nenhum recente de nenhum animal aqui.Se é, foi abandonada faz tempo.
-É por que é pequena, e baixa...
-Bom, se temos dúvidas....
Kirilla pegou uma pedra no chão e a jogou dentro da caverna.
Não se viu nada, nem se ouviu nada. Ali tinha aproximadamente seis metros de largura, por três de altura e doze metros de profundidade. Não haviam túneis, nem corredores, nem outros salões.
-É, parece segura! Vamos passar a noite aqui então. Vamos procurar lenha nas redondezas para fazermos uma fogueira !
Saíram da região das Montanhas, e havia algumas árvores pequenas e ressecadas na campina, onde puderam arrumar uma boa quantidade de lenha.
Levaram para a caverna, fizeram a fogueira e a acenderam, estenderam suas colchas no chão e finalmente, dormiram.
No dia seguinte, acordaram tremendo de fome!
Quando o dia amanheceu, a fogueira se apagou, tendo consumido toda a lenha, e o frio também era intenso.
-Karanna, vamos indo, temos de encontrar comida!
-Mas eu nem aguento me levantar, de tão fraca...
-Tome esta raiz, vai te ajudar, acabei de comer minha última !
Karanna praticamente engoliu a batata, quase sem mastigar.
-Vamos indo, vem !
E Kirilla ajudou a outra a se levantar.
E lá se foram elas, seguindo em frente , passando pelo meio das montanhas, usanso suas lanças com se fossem bengalas, para se apoiarem e se manterem em pé.
Só então perceberam que, ao fim das montanhas, tinha um vale , que durante o verão deveria ter sido verdejante, com um rio congelado no meio, formando um corredor, já que do outro lado do rio,havia mais uma parede de montanhas.
-Será que aqui é onde iremos perecer, Kirilla?
-Não espere desistência de mim, Karanna, temos de sobreviver !
-Mas não vejo nenhum animal, nenhum, mesmo de longe!
-Muitas vezes procuramos longe o que está perto e por isto não encontramos !
-Mas nem por perto, Kirilla !
-Ontem também, e estava debaixo de nossos pés !
-Será que conseguiremos achar outro animal daqueles?
-Quem sabe?
Súbitamente ouviram o pio de um falcão.
-Onde tem aves caçadoras, tem comida ! Preste atenção onde ela irá pousar !
-Boa idéia, Kirilla !
O falcão passou por elas em alta velocidade, e, lá na frente, deu um rasante,atacando algo que parecia invisível sob a neve,
Repentinamente, pareceu que um monte de neve reagiu e se levantou e atacou seu algoz.
O falcão errou o bote e caiu de baixa altura na neve fofa.
Também o volume de neve pareceu cair de novo.
Agora, porém, periclitantemente as duas garotas se aproximavam do incidente, e tiveram uma surpresa, estacando imediatamente:
-Morte de Dentes Longos !
Disse Kirilla.
Sim, era uma fêmea Homotherium sérum, um felino dentes de sabre , de grandes proporções, um exemplar adulto, mas em um estado tão miserável que estava quase irresconhecível: pele sobre ossos de tanta magreza, seu esqueleto se desenhava nitidamente sob a pele. Ela tinha usado suas últimas forças para repelir o falcão, e caíra morta de fome. E o motivo de seu último esforço estava ali ao seu lado, também bastante magro, e morrendo: o filhote dela, recém desmamado!
Corajosamente, Kirilla colocou a mão na frente da boca da fera, e ela não mais respirava.
-Esta já morreu!
E depois examinou o filhote, fraco demais para reagir.
-Este está vivo, porém, morrendo.
-Eu não tenho coragem de mata-lo...é tão novinho...um bebê !
-Não precisamos mata-lo, vamos nos aproveitar da carne da outra, que acabou de falecer e tem sua carne ainda fresca.
-E vamos abandonar o filhote para morrer?Coitadinho...
-Olhe para a mãe dele e veja o que ele vira quando crescer. Hoje nos alimentamos da mãe dele, amanhã ele poderá nos devorar...
Disse Kirilla.
Porém Karanna resolveu olhar nos olhos do filhote. E o que viu, pareceu a ela um comovente pedido de socorro.
-Não, este nos poupará e nos defenderá.Nos reconhecerá e será grato a nós um dia !Eu sinto isto em meus ossos!
-Ossos não sentem, Karanna...
-Claro que sentem, eu vi quando um parente meu quebrou um braço uma vez e ele gritava de dor !
-Eu quis dizer em outro sentido...
-Karajjar ! Este será o nome dele!
-Já vi que não conseguirei convencê-la do contrário...bom, então vamos entrar em ação. Pegue o que achar de lenha nas imediações e traga aqui para acender uma fogueira. Vamos depelar e tirar uns pedaços de carne  dela logo,cozinha-los  e matar a nossa fome, aí você dá uns pedaços para  ele !
-Ele vai comer a carne da própria genitora dele?
-Ou isto, ou ele morre, não hpa escolhas.
-É um sofredor mesmo, Karajjar...
-Pense nisto como a última contribuição dela para ele viver, dar da própria carne dela para ele seguir pela vida ...
-Tudo bem !
Assim foi providenciado.
Karanna conseguiu achar pedaços de lenha por perto, acenderam a fogueira, tiraram vários pedaços da pouca carne do predador, a assaram, comeram, e deram alguns deles para o filhote.
Porém, este ainda estava muito fraco, então Karanna pegou em sua mandíbula e fez os movimentos de mastigar dele com a boca, e ele engoliu.
Depois de alguns pedaços, ele foi ficando mais forte e desperto, e foi comendo sozinho.
E ele parecia gostar das carícias e carinhos de Karanna para com ele, que cuidava dele com dedicação. Se apegara ao filhote, era puro amor que sentia por ele!

(Por Continuar)

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