E assim se
instalaram naquela caverna,muito mais aprazível e convidativa do que a
anterior.
Ali, a caça era
abundante, mas , mesmo assim, não era uma vida assim tão fácil, principalmente
por serem apenas duas, e por Karanna, ao contrário de Kirilla, ser ainda muito
medrosa e insegura, e não gostava de ficar sozinha de maneira nenhuma.Assim, não
podiam nem pensar em tentar abater caças grandes como Mamutes, Rinocerontes e
Cervos Gigantes.
Cavalos, por serem
muito velozes também não compensava tentar caçar, até em bando era difícil,
imagine em duas.Davam preferência então a presas menores e menos velozes.
Já o jovem
Karajjar crescia a olhos vistos, mas continuava apegado ‘as duas.
No começo, o
alimentavam com pedaços de carne, depois, traziam para a caverna animaizinhos
vivos e o deixavam pegar e matar, assim, ele ia aprendendo a caçar.
Quando ele ficou
do tamanho de um cachorro grande e seus dentes de sabre já despontavam temíveis
e afiados, ele começou a ajuda-las a caçar, e não demorou para aprenderem a
deixar ele comer primeiro, e depois se servirem, pois senão ele ficava feroz e
perigoso.
Passaram a deixa-lo
dormir numa das bocas da caverna, não mais com elas.Então, numa bela manhã:
-Karanna, sinto
dizer, mas Karajjar já está ficando grande e logo teremos de nos livrarmos
dele, não podemos mais ficar com uma fera destas ao nosso lado...
-Ah, mas ele é tão
bonzinho, nunca nos fez mal, nos ajuda a caçar...tem protegido a caverna...
-Por enquanto. Mas
tenho observado no olhar dele o olhar de fera. Ele cresce rápido e não demora,
não seremos mais capaz de controla-lo. Ele tem seus rompantes de ferocidade,
que temos respeitado, mas ele está ficando cada vez mais dominante em suas
vontades e quando nos dominar completamente, nos atacará. Para matar!
-Mas ele nos é
grato, Kirilla...
-Animal caçador é
animal caçador, nunca mudará sua natureza.Ele nos é grato, mas isto não durará
para sempre.Ele pode ainda ser um amigo agora, mas em breve será um inimigo , e
eu estou perdendo a confiança nele, e não me sinto segura com ele por perto.
Teremos de abandoná-lo e o levar para junto dos seus.
-Mas isto seria
perigoso demais !Para ele e para nós!
-É um risco que
teremos de correr, infelizmente, não há jeito! Bom, vamos então sair para caçar
!
-Vem, Karajjar!
-Rwaaaaauuuuuuuuuurrr
!
Rugio o felino,
seguindo-as.
-Estes rugidos
dele me gelam a espinha !Não consigo me acostumar !
-Eu também,
Kirilla, sempre levo susto.
E desceram até o
vale.
Elas procuravam se
manter escondidas pelo capim alto, e procuravam por pistas.
Súbitamente, Karajjar
parou, farejou o ar, virando a cabeça para um lado e outro.
-Ele achou alguma
coisa!
-Ainda não consigo
ver nada por perto, Karanna.
-Acho que já vi,
ali perto, ali, ó, um cervo comum!
-Ah, agora eu vi.
E nosso caçador está tocaiado. Vamos deixar ele atacar por nós, mas fique com a
lança preparada.
O pequeno e jovem
Homotherium permaneceu escondido no
capim e esperou sua presa se aproximar.
E quando ela o
fez, ele saltou elasticamente e agarrou o bichinho com suas patas dianteiras.
Apavorado, o cervo
tentou escoicear, e seus cascos fizeram um ferimento no rosto do predador, e
por pouco não lhe atingiram um de seus enormes caninos.
Mas ele mordeu sua
presa no pescoço, e seus dentes de sabre perfuraram a garganta dele com
facilidade e a boca se fechou. Os dentes do fundo da boca então esmagaram as vértebras
do pescoço do cervo e logo se ouviu o barulho de ossos se quebrando.O cervo
estava morto.
O felino então
levou sua presa para a caverna, e, na boca dela, começou a devorar.
Ele foi na frente,
e quando elas chegaram, ele rugiu, mostrando sua dentuça pingando sangue.
-Agora ele quer a
caça toda para ele.Já entendi. Melhor não insistir. Vamos voltar sozinhas para
o vale e pegar outra caça.
Disse Kirilla, visivelmente
preocupada.
-Ele era tão
mansinho quando era pequeno...
(Por Continuar)
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