Episódio
1
.Ela tinha na época vinte
anos de idade,e era a filha de Kros-Ganik, e já fazia alguns anos que fugira da
caverna onde morava junto com seu pai, depois que eles perderam a mãe dela e o
restante do povo dela, e até o resto da vida dele, Kros-Ganik achara que a
tinha perdido e que ela estaria desaparecida. Ela fora encontrada sozinha e
perdida, vagando pelas planícies que ficavam atrás do Vale onde ela e seu povo
morara, por uma outra família de Neanderthals que por ali passara e fora
adotada por eles ,mas era uma menina que não aceitava bem os ensinamentos da
sua nova familia. Mas aquela época, quando ela e sua nova familia encontraram
os irmãos Homo sapiens que encontraram e
abrigaram Kros-Ganik nos últimos anos da vida dele, e eles se juntaram aos
Neanderthals, e eles se mudaram finalmente para um novo vale, foi a época mais
bela da vida dela, a qual ela jamais iria esquecer .Lur-Okow fora seu grande
mestre, e lhe ensinou tudo o que o grande Kros-Ganik o ensinou, que por sua vez
foi ensinado por Fros-Hostorn, os quais ela admirava, pois ela os considerava homens incríveis, em toda a beleza de sua
sabedoria, assim como muito admirava o
próprio Lur-Okow, por suas palavras, que
ela considerava sábias.
Ele era dez anos mais
velho do que ela, mas ao ver dela, ele sabia mais do que muitos anciões. E
aquela família que a adotara, era precisamente o grupo que encontrara e resgatara
os dois irmãos Homo sapiens , Lur- Okow e Ran- Atok.
Depois que ambos
foram resgatados, Kirilla travou amizade com eles e aprendeu a língua deles e
passou a conviver com os dois, especialmente com Lur-Okow.
Conversavam muito
juntos no alto de uma colina, e ele ia lhe ensinando o que havia sido ensinado
a ele por seus mestres. Ele lhe dizia que podia sentir que era isto que
Kros-Ganik queria; que a sabedoria de Fros-Hostorn fosse passada as geracões
futuras. Como cada povo vivia isolado um
do outro por distãncias muito grandes, e só viajavam quando não havia mais como
sobreviver no lugar onde tinham nascido, Kros-Ganik achou que fosse o ultimo
Ka-Gigur do mundo. Não se sabia quantos de Neanderthal ainda restavam, Kirilla
mas ela sabia que ela ainda não era a última,
porém, achava que era pertencente ‘ uma das últimas gerações ainda puramente
Neanderthal. Mas a futura filha dela ,a quem ela um
dia iria ensinar, já carregaria consigo também a herança Homo sapiens no sangue.
Quando Kirilla foi
resgatada, um bom tempo antes, porém, uma de suas melhores amigas e
companheiras era Karanna , a filha de Kres-Gurak,
de dez anos de idade.
O tempo passou e
agora Karanna já tinha doze anos, e era inverno novamente, já que agora os
verões eram muito curtos. A mãe de Karanna queria que a filha se casasse e tivesse filhos, mas ela
, influenciada pelas idéias inovadoras de Kirilla, não se conformava. A vida
não podia ser so’ isto!
Além do mais, , com
exceção do seu pai e meu irmão, não haviam outros homens Neanderthal naquele
pequeno povo, e os pais de Karanna achavam que ela deveria se casar com seu
irmão para ter filhos e fazer o seu povo crescer. Mas não era o que ela queria.
Nem Kirilla.
Karanna aprendeu com
Kirilla e Lur-Okow a se extasiar com a
beleza do nascer e por do Sol no vale, que se enchia de luz ou de estrelas, a
celebrar a vida na chuva, de fazer amizade com os animais, e olhar nos olhos
deles. Então Karanna pediu a Lur-Okow
que lhe ensinasse a caçar.
-Mas seus pais não
vão gostar de uma menina caçando, Karanna ! Seu pai me mata!
-Deixe de ser bobo,
você é muito mais forte do que ele, ele já está velho, e mal aguenta o peso da
lança... se não fossem meu irmão , você
e seu irmão caçarem para toda a familia, estaríamos mortos !Ei, porque
você está me olhando assim?
-Porque a acho muito
bonita, Karanna. Alguém já lhe tinha dito isto?
-Minha mãe vive me
dizendo. Mas você está mudando de assunto, e eu não vou me deixar levar por
estas suas insinuações, pensa que já não o vi observando a Kirilla tomando
banho no rio, ou enquanto ela se veste? Eu já estou começando a ter corpo de
mulher agora, e sei que você pode vir a desejar o meu corpo também, mas tenho
não estou interessada em você neste sentido, e tenho outras preocupações agora!
Lur-Okow ficou
atônito com a esperteza da garotinha, e ficou sem graça, sorrindo amarelo e
disfarçando, desviando os olhos dela. Claro que isto a incomodava, mas ela
sabia que por trás daquele olhar haviam sentimentos muito belos de alguém que
era belo de coração e alma, e uma visão do mundo maravilhosa, além do mais ela
o achava belo , mas ela simplesmente
sabia que ainda não era a hora de uma aproximação maior com nenhum homem que
fosse, e achava também que Kirilla fosse um par muito mais adequado para ele.
Mesmo porque ela não queria filhos, aquela perspectiva simplesmente não a
atraía!
Ela então pediu para
Kirilla a ensinar e ela a atendeu, e começou a lhe ensinar a caçar, e dias e
dias se passaram , e a menininha aprendeu. Uma bela manhã, enquanto Ran
Atok e o irmão de Karanna caçavam no
vale, Karanna e Lur Okow conversaram na colina debaixo da mesma velha e fresca
árvore de sempre:
-Sabe Karanna, as
vezes Kros- Ganik me intrigava!
-Como assim?
-Eu perguntei a ele
uma vez se não era contraditório fazer amizade com animais, captar a alma e o
coração deles através do olhar, e caça-los também.
-E o que ele
respondeu?
-Ele respirou fundo
e me disse que o Ser Humano é um ser que
na verdade são dois juntos!
-Como assim, não
estou entendendo...
-Foi o que eu disse
a ele. Então ele me afagou o cabelo e depois me deu um tapa no rosto. E me
disse: Este e’ o mistério humano: a mão
que afaga e ‘ a mesma que bate, Lur-Okow !
-Agora eu entendo,
somos capazes de fazer as duas coisas...mas não acho que justifique nosso
comportamento. Acho errado.
-Olha, Karanna, você
tem mesmo o mesmo espirito arredio que Kros –Ganik! Ele também me disse que não
era para eu concordar com tudo o que ele me ensinava, por mais belo e profundo
que fosse, que só através da não- aceitação e o desafio, procurando por novos
conhecimentos, tentando achar os erros no que nos ensinaram e no que aprendemos
por nos mesmos antes, e’ que realmente aprendemos. O conhecimento, eis que
pois, não e’ eterno, mas esta sempre mudando, so’ o tempo e’ eterno!
-Que lindo, Lur Okow... fico a cada dia mais
admirada com você!
E a menina deu-lhe
um beijinho no rosto. Ele corou, e ela riu muito.
Aprendiam muito um
com o outro, mas também se divertiam!
Mas naquele dia não
haveria muito tempo para isto. Karanna ouviu um ruído de passos nas folhas
secas de outono, e eram passos bem pesados. Ela
pegou a lança de caça que Lur-Okow tinha dado a ela, e levantou-se. De
trás de uma grande moita saiu uma Morte de Dentes longos, enorme, forte, madura, talvez a maior fêmea deste animal que
eles já viram em todas as suas vidas. Estava sozinha, o que era incomum ,e
estava perto, próxima o suficiente para atacar aos dois.
-Cuidado, Karanna!
Ela vai atacar! Venha para trás de mim, vou defendê-la ! Disse Lur Okow, com a
lança dele pronta para ser lançada.
Mas Karanna não estava
assustada, embora devesse. Ela era corajosa. Baixou sua lança, e pediu a ele
que baixasse a dele também.
(Por Continuar)
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