segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Episódio 1- Neanderthal: Transição de Sangue !



Episódio 1



.Ela tinha na época vinte anos de idade,e era a filha de Kros-Ganik, e já fazia alguns anos que fugira da caverna onde morava junto com seu pai, depois que eles perderam a mãe dela e o restante do povo dela, e até o resto da vida dele, Kros-Ganik achara que a tinha perdido e que ela estaria desaparecida. Ela fora encontrada sozinha e perdida, vagando pelas planícies que ficavam atrás do Vale onde ela e seu povo morara, por uma outra família de Neanderthals que por ali passara e fora adotada por eles ,mas era uma menina que não aceitava bem os ensinamentos da sua nova familia. Mas aquela época, quando ela e sua nova familia encontraram os irmãos  Homo sapiens que encontraram e abrigaram Kros-Ganik nos últimos anos da vida dele, e eles se juntaram aos Neanderthals, e eles se mudaram finalmente para um novo vale, foi a época mais bela da vida dela, a qual ela jamais iria esquecer .Lur-Okow fora seu grande mestre, e lhe ensinou tudo o que o grande Kros-Ganik o ensinou, que por sua vez foi ensinado por Fros-Hostorn, os quais ela admirava, pois ela os considerava   homens incríveis, em toda a beleza de sua sabedoria, assim como muito admirava  o próprio Lur-Okow, por  suas palavras, que ela considerava sábias.
Ele era dez anos mais velho do que ela, mas ao ver dela, ele sabia mais do que muitos anciões. E aquela família que a adotara, era precisamente o grupo que encontrara e resgatara os dois irmãos Homo sapiens , Lur- Okow e Ran- Atok.
Depois que ambos foram resgatados, Kirilla travou amizade com eles e aprendeu a língua deles e passou a conviver com os dois, especialmente com Lur-Okow.
Conversavam muito juntos no alto de uma colina, e ele ia lhe ensinando o que havia sido ensinado a ele por seus mestres. Ele lhe dizia que podia sentir que era isto que Kros-Ganik queria; que a sabedoria de Fros-Hostorn fosse passada as geracões futuras. Como cada povo  vivia isolado um do outro por distãncias muito grandes, e só viajavam quando não havia mais como sobreviver no lugar onde tinham nascido, Kros-Ganik achou que fosse o ultimo Ka-Gigur do mundo. Não se sabia quantos de Neanderthal ainda restavam, Kirilla mas ela sabia que ela  ainda não era a última, porém, achava que era pertencente ‘ uma das últimas gerações ainda puramente Neanderthal. Mas a futura filha dela ,a quem  ela  um dia iria ensinar, já carregaria consigo  também a herança Homo sapiens no sangue.
Quando Kirilla foi resgatada, um bom tempo antes, porém, uma de suas melhores amigas e companheiras era  Karanna , a filha de Kres-Gurak, de dez anos de idade.
O tempo passou e agora Karanna já tinha doze anos, e era inverno novamente, já que agora os verões eram muito curtos. A mãe de Karanna queria que  a filha se casasse e tivesse filhos, mas ela , influenciada pelas idéias inovadoras de Kirilla, não se conformava. A vida não podia ser so’ isto!
Além do mais, , com exceção do seu pai e meu irmão, não haviam outros homens Neanderthal naquele pequeno povo, e os pais de Karanna achavam que ela deveria se casar com seu irmão para ter filhos e fazer o seu povo crescer. Mas não era o que ela queria. Nem Kirilla.
Karanna aprendeu com  Kirilla e Lur-Okow a se extasiar com a beleza do nascer e por do Sol no vale, que se enchia de luz ou de estrelas, a celebrar a vida na chuva, de fazer amizade com os animais, e olhar nos olhos deles. Então Karanna pediu  a Lur-Okow que lhe ensinasse a caçar.
-Mas seus pais não vão gostar de uma menina caçando, Karanna ! Seu pai me mata!
-Deixe de ser bobo, você é muito mais forte do que ele, ele já está velho, e mal aguenta o peso da lança... se não fossem meu irmão , você  e seu irmão caçarem para toda a familia, estaríamos mortos !Ei, porque você está me olhando assim?
-Porque a acho muito bonita, Karanna. Alguém já lhe tinha dito isto?
-Minha mãe vive me dizendo. Mas você está mudando de assunto, e eu não vou me deixar levar por estas suas insinuações, pensa que já não o vi observando a Kirilla tomando banho no rio, ou enquanto ela se veste? Eu já estou começando a ter corpo de mulher agora, e sei que você pode vir a desejar o meu corpo também, mas tenho não estou interessada em você neste sentido, e tenho outras preocupações agora!
Lur-Okow ficou atônito com a esperteza da garotinha, e ficou sem graça, sorrindo amarelo e disfarçando, desviando os olhos dela. Claro que isto a incomodava, mas ela sabia que por trás daquele olhar haviam sentimentos muito belos de alguém que era belo de coração e alma, e uma visão do mundo maravilhosa, além do mais ela o achava  belo , mas ela simplesmente sabia que ainda não era a hora de uma aproximação maior com nenhum homem que fosse, e achava também que Kirilla fosse um par muito mais adequado para ele. Mesmo porque ela não queria filhos, aquela perspectiva simplesmente não a atraía!
Ela então pediu para Kirilla a ensinar e ela a atendeu, e começou a lhe ensinar a caçar, e dias e dias se passaram , e a menininha aprendeu. Uma bela manhã, enquanto Ran Atok  e o irmão de Karanna caçavam no vale, Karanna e Lur Okow conversaram na colina debaixo da mesma velha e fresca árvore de sempre:
-Sabe Karanna, as vezes Kros- Ganik me intrigava!
-Como assim?
-Eu perguntei a ele uma vez se não era contraditório fazer amizade com animais, captar a alma e o coração deles através do olhar, e caça-los também.
-E o que ele respondeu?
-Ele respirou fundo e me disse que o Ser Humano é  um ser que na verdade são dois juntos!
-Como assim, não estou entendendo...
-Foi o que eu disse a ele. Então ele me afagou o cabelo e depois me deu um tapa no rosto. E me disse: Este e’ o mistério humano: a  mão que afaga e ‘ a mesma que bate, Lur-Okow !
-Agora eu entendo, somos capazes de fazer as duas coisas...mas não acho que justifique nosso comportamento. Acho errado.
-Olha, Karanna, você tem mesmo o mesmo espirito arredio que Kros –Ganik! Ele também me disse que não era para eu concordar com tudo o que ele me ensinava, por mais belo e profundo que fosse, que só através da não- aceitação e o desafio, procurando por novos conhecimentos, tentando achar os erros no que nos ensinaram e no que aprendemos por nos mesmos antes, e’ que realmente aprendemos. O conhecimento, eis que pois, não e’ eterno, mas esta sempre mudando, so’ o tempo e’ eterno!
 -Que lindo, Lur Okow... fico a cada dia mais admirada com você!
E a menina deu-lhe um beijinho no rosto. Ele corou, e ela riu muito.
Aprendiam muito um com o outro, mas também se divertiam!
Mas naquele dia não haveria muito tempo para isto. Karanna ouviu um ruído de passos nas folhas secas de outono, e eram passos bem pesados. Ela  pegou a lança de caça que Lur-Okow tinha dado a ela, e levantou-se. De trás de uma grande moita saiu uma Morte de Dentes longos, enorme, forte,  madura, talvez a maior fêmea deste animal que eles já viram em todas as suas vidas. Estava sozinha, o que era incomum ,e estava perto, próxima o suficiente para  atacar aos dois.
-Cuidado, Karanna! Ela vai atacar! Venha para trás de mim, vou defendê-la ! Disse Lur Okow, com a lança dele pronta para ser lançada.
Mas Karanna não estava assustada, embora devesse. Ela era corajosa. Baixou sua lança, e pediu a ele que baixasse a dele também.


(Por Continuar)

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