Finalmente as duas
chegaram na pequena floresta.
-Vamos com cuidado e
vamos fazer o máximo de silêncio possível, nunca se sabe quais os animais
caçadores que estão por perto !
Disse Kirilla.
As duas estavam de
nariz e ouvidos apurados, caminhando com cuidado e delicadeza.
Elas farejavam o ar
e também se abaixavam de vez em quando na busca por rastros pegadas e cheiros,
e farejavam o solo, até que Kirilla percebeu um certo odor, e fez um sinal para
Karanna segui-la.
Depois de certo
tempo, Kirilla fez um sinal circular, orientando a menina a ir para o lado
oposto: tinham encontrado os rastros de um Javali !
O porco selvagem
estava por perto, e todo o cuidado era pouco, pois ele tinha presas afiadas e
se defendia muito bem, e atacava quando acuado.
As duas conseguiram
no entanto, ficar uma na frente dele e outra atrás.
Elas saíram de seus
esconderijos e o encararam.
O animal escavou o solo com as patas dianteiras e
grunhiu alto, sinal de que ia atacar e já tinha visto Kirilla.
Elas não deram muito
espaço para ele correr, e ele ainda não tinha percebido caraná e encarava
Kirilla com olhar furioso.
Animal corajoso, não
pretendia nem tentar fugir, sua opção era ficar e lutar por sua vida.
Kirilla colocou sua
lança em posição de ataque, e a besta-fera carregou no curto galope que poderia
fazer até atingir sua oponente, e Kirilla não se fez de rogada, e correu,
berrando para ele:
-Aaaaaaaaaaaaah !
Assim que começou o
ataque, Karanna lançou sua lança, que se cravou nas costas do animal, mas só
pegou músculos, mas ainda assim, o sangue jorrou.
A dor fez com que a
besta se enfurecesse mais ainda, e ela jogava sua cabeçorra para um lado e
outro inclinada, para desferir uma estocada perigosa.
Mas Kirilla era
ágil, e saltou na hora e cravou sua lança no meio do crânio do animal, e a arma
se afundou até seu cérebro, atingindo-o
em cheio, provocando um esguicho de sangue em alta pressão.
Ainda na carreira, o
animal caiu de lado no solo, de olhos vidrados. Estava morto !
-Karanna, vamos
cortar pedaços dele e leva-los conosco o quanto antes ! Não vamos aguentar
comer tanta carne e daqui a pouco isto aqui vai estar cheio de animais
caçadores, anda,, depressa !
Disse Kirilla ,
retirando sua lança de dentro de sua presa, e pegando sua machadinha de
desmembrar carne, que levava sempre consigo.
As duas, com muito
esforço, conseguiram arrancar uma perna traseira inteira e grandes pedaços do
lombo do animal, e os colocaram numa colcha de pele de mamute e os embrulharam
e os carregaram consigo.
Trataram de sair de
lá correndo.
Caminharam
apressadamente pela campina, vendo ao longe uma enorme manada de bisões , com
seus mugidos e lamentos.
Ao chegarem na
caverna, usaram os pedaços de madeira que tinham recolhido na floresta, e com
duas pedras, atearam fogo e fizeram uma fogueira.
Agora era retirar a
pele da carne e a colocar na ponta de uma lança de madeira afiada e a manter
segura no ar na beira do fogo, para cozinhar as peças.
Colocaram a colcha
de pele de mamute com o lado peludo para baixo, se sentaram e quando a carne já
tinha assado, a comeram com gordura e tudo, mas elas sempre sofriam para cortar
tudo com os dentes, até que Karanna teve uma idéia:
Pegou sua machadinha
de desossar e cortou o pedaço de carne
em pedaços menores, depois os pegou com a mão , colocou na boca e comeu.
-O que você está
fazendo?
-Olha só, Kirilla,
agora ficou bem mais fácil e rápido de comer !
E a menina mostrou
como fizera, e logo Kirilla a imitava.
-Huuum, assim focou
muito bom ! E se o próximo pedaço a gente partir em pedaços menores e
colocarmos no fogo?
-Acho que pode dar
certo, Kirilla, vou tentar !
Foi quando
perceberam que, ao colocar pedaços menores no fogo, eles assavam mais rápido
também.
Estas eram vantagens
cruciais, pois não podiam demorar muito para comer, e estando em poucas
pessoas, demorariam mais para comer tudo aquilo, sujeitando-se a descoberta e
invasão de predadores que poderiam querer roubar-lhe o alimento- ou coisa pior!
Por isto, quanto
mais rápido devorassem seus alimentos, mais seguras estariam!
Quando terminaram,
Karanna disse:
-Estava muito
gostoso ! Agora vou levar os ossos e os restos para o fundo da caverna...
-Olha, Karanna, este
é um costume muito antigo do nosso povo, mas sabe o que estou pensando cá
comigo?
-O quê?
-Que levar estes
restos para o fundo da caverna atrairá animais caçadores para dentro da caverna
e nos colocará em perigo! Melhor jogar estes restos para longe da entrada da caverna , assim, os
manteremos distantes !
-Mas é perigoso
sairmos carregando estes restos por ai, além disto, eu estava pensando em usar
alguns ossos para fazer alguns utensílios para
nós...
-Bom, separa um osso
ou dois não muito grosso, e o resto jogaremos fora.Perigoso é, mas acho mais
perigoso ainda estes restos ficarem conosco. E não se esqueça de raspar bem o
osso, e depois limpá-lo no fogo, assim ele não atrairá tanto os animais, pois
ficará com cheiro de queimado !
-Estamos
cheias de boas idéias hoje, Kirilla!(Por Continuar)
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