O
jantar estava finalmente pronto.
E
eles começaram a comer, quando ouviram um barulho de carro entrando na garagem.
-Seu
pai chegou !
-Como
sabe que é ele e não minha mãe?
-O
barulho do motor do carro de seu pai é bem diferente do da vanzinha dela.
-Aliás,
já era mais que hora de os dois trocarem de carro!Os dois já estão bem
velhinhos !
-Verdade,anjo
!
Dali
a pouco Kazuo entrava na cozinha:
-Eeee,
fizeram o jantar e nem me convidaram para comer, heim?
-Imagine,
pai,pegue um prato e palitinhos para o senhor, sirva-se a vontade, sobrou muito
!
-É,
filha, o pai sempre fica com as sobras mesmo...
-Ah,
pai, não vem com draminha, com chantagem emocional não, vai...
Kazuo
pegou suas coisas, se serviou e se sentou ao lado deles.
-Sua
mãe já chegou?
-Ainda
não, pai, já já ela está chegando !
-Verdade
!Ela vai gostar de ver o jantar já feito!Eu acho até melhor já ir arrumando as
coisas dela na mesa antes que ela chegue, para não ter trabalho!
-Isto
é que é amor, heim, Kazuo-dono?
-Ah,
Takeo-san... depois de viver mais de vinte anos ao lado da mesma mulher, a
gente descobre que o amor está nos pequenos detalhes da consideração, do pensar no outro...este
para mim , é o verdadeiro amor !
E
kazuo deixou tudo pronto para Momiji.
-É
verdade, eu nunca tinha pensado nisto antes, pai...
-É
qua sua Natureza é mais contemplativa, de solitude, filha, mas não é um
defeito, é uma diferença, e diferenças são qualidades !
-Obrigada,
pai, o senhor sabe mesmo me agradar !
-Apenas
fui sincero, filha...
-Por isto mesmo que me agradou em cheio !
E
Lune fez um carinho no queixo do pai e deu-lhe um beijinho no rosto.
Dali
a pouco, se ouvia o ronco do motor da vanzinha de Momiji.
-Afora
é a sua mãe que chegou !
-Óbvio,
não é, Takeo-kun, se meu pai já está aqui conosco...
-Filha,
também não precisa ser assim com ele...
-O
Feminismo já abandonou a delicadeza feminina há muito tempo, pai, prefiro
seguir os ensinamentos de Simone de Beauvoir !
-Ih,
se eu seguir os de Sartre, estarei perdido então !
-Bobo
!
Disse
Lune.
Foi
quando o gato de Lune chegou na cozinha atraído pelo cheiro de comida.Ela o
pegou nas mãos e o colocou no colo de Takeo, dizendo:
-Siga
a este Sartre aqui então !
-Ah,
este não vale, amor !
Kazuo
soltou uma gostosa gargalhada !
-É,
o clima está animado aqui, fizeram atté a janta !
-Seja
bem vinda, mamãe !
-Obrigada,
filha !Oi, Takeo-san, boa noite !
-Oi,
Momiji-sama, boa noite !
-Vou
me juntar a vocês então, que este macarrão está com uma cara ótima !
-Foi
o Takeo-kun que fez !E eu ajudei !
Disse
Lune, animadinha.
-Eu
provei e está muito bom, muito bom mesmo, Takeo-san, parabéns !
-Obrigado,
Kazuo-dono !
Momiji
se sentou e se serviu e começou a comer.
-Realmente,
está uma delícia, parabéns, Takeo-san !
-Muito
obrigado, Momiji-sama !
E
continuaram a conversar enquanto comiam, animados.
Depois
que terminaram, Takeo ainda ficou um tempo fazendo sala para os pais de Lune
por educação, e depois se despediu deles.
Lune
o acompanhou até a porta.
-Não
quer dormir aqui de uma vez, fofo?
-Não
obrigado, fofa, não pegaria bem...
-Você
não estava assim tão tímido na cama...
O
olhar de Lune para ele era o de mulher que quer mais !
-Meu
bem, por mim, ficaria o resto da minha vida com vocês na sua casa, mas já
viu...
-Huum,
é que você já conseguiu o sexo que voc~e queria, não é?Agora não sirvo para
mais nada...
-Não
é assim, amor, é uma questão de educação, das regras sociais, você sabe que por
mim eu ficaria...
-Sou
um corpo para você. Carne. Mais nada...já consumiu-me e agora vai
embora...sinto-me devorada...
Takeo
reafiu tentando abraça-la, mas ela rejeitou seus braços, de cara fechada.
Ele
arregalou seus olhos, surpreso.
-Não
me toque ! Quer ir embora, vá logo de uma vez !
Estupefato,
Takeo ficou sem ação, olhando para ela, mas ela desviou os olhos.O semblante
era agressivo.
Ele
precisava decidir e tomar uma decisão logo. Aquele “vá embora” dela na verdade,
ele sabia, ele a conhecia, era quase um pedido desesperado para ele ficar.Era
hora de provar mais uma vez que ele a amava e que ela era mais do que um corpo
para ele!
Súbitamente
ele a agarrou com força, e a beijou na boca,de um modo apaixonado!
Agora
foi a vez dela arregalar os olhos e tentar se desvencilhar, e acabou mordendo a
língua dele de modo doloroso.
-Aaaai
!
Ele
gritou.
-Você
me rejeitou ! Como ousa me rejeitar ? E
me assedia como um tarado !
E
a mão dela voou na cara dele.
Ao
mesmo tempo que uma lágrima caiu de cada olho dele, um fio de sangue escorreu
pelo canto da boca dele.
Foi
só então que a ficha de Lune caiu:
-Ai,
desculpe, desculpe, entra, entra, eu vou dar um jeito nisto...
(Por Continuar)
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