quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Episódio 148-Sensibilidade de Viver:Interlúdio ETP




Súbitamente, Lune começou a notar que o sabor estava esquisito: parecia que tinham trocado o açúcar por sal na receita!
Ela olhou para o sorvete e aí percebeu o por quê de ele estar com sabor salgado:
Eram suas próprias lágrimas !
Ela mesma não percebera que seus olhos estavam marejados,e que as lembranças dos primeiros tempos dela com Takeo lhe trouxeram uma melancolia, uma tristeza, um vazio interior como há muito ela não sentia!
Ela parou de tomar o sorvete e jogou seus braços cruzados para a frente para mergulhar sua cabeça no meio deles e nem percebeu que ao fazer isto , derrubou a imensa taça na mesa, derramando todo o sorvete e foi então que a taça rolou pela mesinha e caiu no chão, fazendo estardalhaço ao se partir numa miríade de pedacinhos.
Lune levou susto: aquele barulho repentino soou para ela como se fosse o estilhaçar de seu coração !
Todas as pessoas ficaram olhando para ela com olhar reprovador, pois japoneses são muito discretos e odeiam perturbação da ordem e bagunça.
Lune se sentiu intensamente fragilizada e constrangida sob a opressão dos olhares tão pesados e hostis. Ninguém ali se preocupando com ela, ninguém a apoiando, todos contra ela, total frieza...
Coberta de vergonha, Lune voltou a chorar, sem conseguir reagir.
Foi quando ela esbarrou no seu celular, que estava na mesa, e acidentalmente acionou o número de Takeo memorizado nele.
-Alô ! Lune-san?
Ele escutou o choro dela.
-Lune-san, o que aconteceu?
Ela continuou chorando.
Na mente dela se passava Takeo a chamando, dizendo seu nome, e ele parecia se distanciar dela, cada vez mais, e ela dizia:
-Takeo-kun, me socorre! Me socorre !Me tira daqui !
Só que não era só na imaginação dela que ela falava, era na realidade também.
E na realidade, o tom de voz de Takeo foi ficando desesperado:
-Lune-san, onde você está?Onde você está?O que aconteceu?
Mas ela continuava falando a mesma coisa.
Foi quando se formou uma pequena multidão e começaram a falar:
-A senhorita não vai limpar esta sujeira,esta bagunça no chão não?Que vergonha !
Lune nem escutava, só chorava.
-Vem para o Shopping só para fazer bagunça !
Disse uma pessoa na multidão, e Takeo escutou tudo e ficou ainda mais preocupado. Ele agora sabia que estava num shopping, mas qual?
Para sua sorte, no shopping, os auto falantes repercutiram em alto e bom som um anúncio:
-Não perca as ofertas incríveis do Osaka South Shopping!
Takeo entendeu, e disse;
-Estou a caminho, amor !
Ele se trocou correndo, pegou as chaves de seu carro e logo já ganhava as ruas em disparada!
O shopping não ficava longe e e ele chegou bem rápido, estacionou e entrou correndo.
Sua impressão era a de que ela deveria estar na praça de alimentação,epara lá ele foi correndo.
Chegou esbaforido, procurando por ela feito barata tonta, até que viu o pequeno aglomerado de gente, e se meteu no meio:
-Deixem ela em paz, é minha noiva !
Ele gritou.
Lune enfim reconheceu aquela voz, e parecia de perto demais, e acordou de seu transe.Seus olhos se arregalaram e ela gritou;
-Takeo-kun !Takeo-kuuuuunn !
Ela correu alguns passos e o abraçou forte, trêmula.Sua roupa pingava sovete e ela sujou o blazer, a calça e a camisa de Takeo, mas ele não se importou.
A muitidão não perdoava:
-Porca !Bagunceira!Dois porcos nojentos !Estão sujando todo o chão, só pra dar trabalho aos funcionários !
Mas Takeo não ligou. Ele abraçou forte sua amada, e a levou consigo, mesmo sob os brados e protestos dos comensais insensíveis.
Ele ficou o tempo todo abraçado com ela e a levou para seu apartamento.
Lá ele a colocou na cama, tirou as roupas dela, a cobriu com uma colcha, e depois telefonou para os pais dela, inventando que a tinha encontrado por acaso no shopping e que ela estava com ele e ia dormir lá.
Momiji aceitou as explicações, disse que ela estava em boas mãos, desejou boa noite e se despediu dele.
Na verdade os pais de Lune tiveram de interromper o sexo para atender ao telefone.
Voltando ao apartamento de Takeo, ele deu um beijo na testa dela e ficou olhando para ela com olhar meigo e doce, enquanto acariciava seus cabelos e rosto.
Os suaves movimentos repetitivos foram acalmando Lune até que ela dormiu.
Ele então se trocou e dormiu ao lado dela.
No meio da noite, com ele virado de costas para ela, ela o abraçou por trás e grudou em seu corpo.
E assim os dois dormiram pelo resto da noite.
No dia seguinte, Lune acordou com um aroma de panquecas com calda de amora e creme de morangos, e seu estômago roncou.
Ela abriu os olhos, os esfregou e levantou seu torso da cama e se espreguiçou. Estava só de sutiã e calcinha.
Foi quando Takeo apareceu, já vestido, com uma bandeja nas mãos, com uma xícara de leite com chocolate fumegante e as panquecas e mais uma porção de pudim  de leite condensado.
-Takeo-kun, bom dia !Tudo isto é para mim?
-Sim, meu amor, bom dia !
-Ai, eu estou quase pelada...você não andou se aproveitando de mim durante a noite, não é?

(Por Continuar)

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