Súbitamente,
Lune começou a notar que o sabor estava esquisito: parecia que tinham trocado o
açúcar por sal na receita!
Ela
olhou para o sorvete e aí percebeu o por quê de ele estar com sabor salgado:
Eram
suas próprias lágrimas !
Ela
mesma não percebera que seus olhos estavam marejados,e que as lembranças dos
primeiros tempos dela com Takeo lhe trouxeram uma melancolia, uma tristeza, um
vazio interior como há muito ela não sentia!
Ela
parou de tomar o sorvete e jogou seus braços cruzados para a frente para
mergulhar sua cabeça no meio deles e nem percebeu que ao fazer isto , derrubou
a imensa taça na mesa, derramando todo o sorvete e foi então que a taça rolou
pela mesinha e caiu no chão, fazendo estardalhaço ao se partir numa miríade de
pedacinhos.
Lune
levou susto: aquele barulho repentino soou para ela como se fosse o estilhaçar
de seu coração !
Todas
as pessoas ficaram olhando para ela com olhar reprovador, pois japoneses são
muito discretos e odeiam perturbação da ordem e bagunça.
Lune
se sentiu intensamente fragilizada e constrangida sob a opressão dos olhares tão
pesados e hostis. Ninguém ali se preocupando com ela, ninguém a apoiando, todos
contra ela, total frieza...
Coberta
de vergonha, Lune voltou a chorar, sem conseguir reagir.
Foi
quando ela esbarrou no seu celular, que estava na mesa, e acidentalmente acionou
o número de Takeo memorizado nele.
-Alô
! Lune-san?
Ele
escutou o choro dela.
-Lune-san,
o que aconteceu?
Ela
continuou chorando.
Na
mente dela se passava Takeo a chamando, dizendo seu nome, e ele parecia se
distanciar dela, cada vez mais, e ela dizia:
-Takeo-kun,
me socorre! Me socorre !Me tira daqui !
Só
que não era só na imaginação dela que ela falava, era na realidade também.
E
na realidade, o tom de voz de Takeo foi ficando desesperado:
-Lune-san,
onde você está?Onde você está?O que aconteceu?
Mas
ela continuava falando a mesma coisa.
Foi
quando se formou uma pequena multidão e começaram a falar:
-A
senhorita não vai limpar esta sujeira,esta bagunça no chão não?Que vergonha !
Lune
nem escutava, só chorava.
-Vem
para o Shopping só para fazer bagunça !
Disse
uma pessoa na multidão, e Takeo escutou tudo e ficou ainda mais preocupado. Ele
agora sabia que estava num shopping, mas qual?
Para
sua sorte, no shopping, os auto falantes repercutiram em alto e bom som um
anúncio:
-Não
perca as ofertas incríveis do Osaka South Shopping!
Takeo
entendeu, e disse;
-Estou
a caminho, amor !
Ele
se trocou correndo, pegou as chaves de seu carro e logo já ganhava as ruas em
disparada!
O
shopping não ficava longe e e ele chegou bem rápido, estacionou e entrou correndo.
Sua
impressão era a de que ela deveria estar na praça de alimentação,epara lá ele
foi correndo.
Chegou
esbaforido, procurando por ela feito barata tonta, até que viu o pequeno
aglomerado de gente, e se meteu no meio:
-Deixem
ela em paz, é minha noiva !
Ele
gritou.
Lune
enfim reconheceu aquela voz, e parecia de perto demais, e acordou de seu
transe.Seus olhos se arregalaram e ela gritou;
-Takeo-kun
!Takeo-kuuuuunn !
Ela
correu alguns passos e o abraçou forte, trêmula.Sua roupa pingava sovete e ela
sujou o blazer, a calça e a camisa de Takeo, mas ele não se importou.
A
muitidão não perdoava:
-Porca
!Bagunceira!Dois porcos nojentos !Estão sujando todo o chão, só pra dar
trabalho aos funcionários !
Mas
Takeo não ligou. Ele abraçou forte sua amada, e a levou consigo, mesmo sob os
brados e protestos dos comensais insensíveis.
Ele
ficou o tempo todo abraçado com ela e a levou para seu apartamento.
Lá
ele a colocou na cama, tirou as roupas dela, a cobriu com uma colcha, e depois
telefonou para os pais dela, inventando que a tinha encontrado por acaso no
shopping e que ela estava com ele e ia dormir lá.
Momiji
aceitou as explicações, disse que ela estava em boas mãos, desejou boa noite e
se despediu dele.
Na
verdade os pais de Lune tiveram de interromper o sexo para atender ao telefone.
Voltando
ao apartamento de Takeo, ele deu um beijo na testa dela e ficou olhando para
ela com olhar meigo e doce, enquanto acariciava seus cabelos e rosto.
Os
suaves movimentos repetitivos foram acalmando Lune até que ela dormiu.
Ele
então se trocou e dormiu ao lado dela.
No
meio da noite, com ele virado de costas para ela, ela o abraçou por trás e
grudou em seu corpo.
E
assim os dois dormiram pelo resto da noite.
No
dia seguinte, Lune acordou com um aroma de panquecas com calda de amora e creme
de morangos, e seu estômago roncou.
Ela
abriu os olhos, os esfregou e levantou seu torso da cama e se espreguiçou.
Estava só de sutiã e calcinha.
Foi
quando Takeo apareceu, já vestido, com uma bandeja nas mãos, com uma xícara de
leite com chocolate fumegante e as panquecas e mais uma porção de pudim de leite condensado.
-Takeo-kun,
bom dia !Tudo isto é para mim?
-Sim,
meu amor, bom dia !
-Ai,
eu estou quase pelada...você não andou se aproveitando de mim durante a noite,
não é?
(Por Continuar)
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