-Duvido disto,
Kirilla. Vamos para a caverna agora, não há mais nada o que fazer aqui.
-E voltarmos de mãos
vazias? Vamos caçar algum animal então para trazermos alguma comida para nosso
povo, assim acreditarão que mulheres são capazes e podem caçar , vamos provar a
eles?
-Vamos !
Disse Karanna,
sorrindo.
As duas prosseguiram pelo mato alto indo
paralelamente ‘a beira do rio, quando viram um bando de cervos comuns bebendo água.
-Você vai por um
lado , eu vou por outro. Ao meu sinal , você joga sua lança, como os Ke Gemmar
fazem !
Disse Kirilla.
-Certo !
Karanna deu a volta
por trás do bando, ocultada pelo matagal e, na hora certa, as duas jogaram suas
lanças, que voaram certeiras e acertaram o tórax do cervo, perfurando o de fora
a fora, cada lança vinda de uma direção oposta ‘a outra. O cervo caiu morto, e
o houve o estouro da manada, que fugiu alucinada.
Elas então foram até
o cervo morto.
-Deixa que eu o
carrego, você ainda é muito nova para aguentar com o peso dele!
Disse Kirilla,
levantando-o com dificuldade e colocando-o por cima dos ombros e segurando-o
pelos ombros.
-Vamos embora,
menina !
Disse Kirilla, com
um sorriso.
-Vamos ! Respondeu
Karanna , toda orgulhosa de si!
As duas foram
caminhando até a caverna e quando lá chegaram , foram recebidas pelo pai e pelo irmão de Karanna.
Os dois chegaram, e fitaram as duas com olhos duros. O pai da
menina então lhe disse;
-Filha, você e a
Kirilla tem tentado quebrar as tradições de muito tempo do nosso povo há muito
tempo e pelo visto desta vez vocês conseguiram. Você não aceita os ensinamentos
e as ordens da sua mãe. Agora você está, graças ‘a má influência da Kirilla, dominada
pelo espírito cruel da Morte de Dentes Longos, que deveria ter sido morta logo,
mas você preferiu tratar e cuidar de quem um dia a matará. E vejo que Lur-Okow
também a quer, mas você está destinada a
seu irmão, mas não quer a nenhum dos dois.
Lur Okow veio de volta com uma
mentira que você mandou ele contar, de levar remédios para um caçador ferido,
mas você se esquece da minha experiência de vida e de que sou muito mais
inteligente que você. Pelas tradições, eu deveria expulsar ou matar as duas ou
mata-la, mas vocês são as únicas em
idade de e capazes de gerar filhos para nosso povo, e é este o destino de vocês,
vocês queiram ou não! Se oferecerem resistência, teremos de engravidá-las ‘a
força !
-Não aceito isto, de
maneira alguma! Nem a Kirilla ! A vida e’ muito mais do que ficar grávida e
gerar filhos! Não queremos filhos, ao menos não agora, e se for para ficar com
alguém para que possamos gerar filhos, preferimos nem ficar com ninguém ! E se
for para nos violentarem, preferimos ir embora e deixá-los sozinhos ! Por que
se nos engravidarem ‘a força, nós os mataremos !
Disse Karanna,
furiosa.
-Ela tem razão e
apoio a ela !Vamos, Karanna, vamos deixar este cervo para eles, eles nem
merecem, mas ficar carregando comida por aí é perigoso !
Nisto apareceu Lur
Okow, querendo saber o que estava acontecendo.
-Lur Okow, você é de outro povo, e tem
incutido ideias ruins em minha filha!
-Só ensinei a ela os
ensinamentos de Kros Ganik !Aliás, como Kirilla também o fez...
-Você realmente não
merece minha filha !Aliás, nem ia ficar com ela, por que meu filho é que vai
ficar com ela!
-Eu não vou ficar
com ninguém !Não quero saber de homem nenhum na minha vida, pai ! Chega !
-Se ela não me quer,eu a respeitarei! E enfrentarei o
que for preciso para respeitá-la e respeitar a vontade dela ! Ela não e’ de
ninguém, não e’ uma lança que alguem possa ter, e usar, ela e’ uma pessoa, e deve ser respeitada! Não quero te-la, nem ‘a Kirilla, quero ficar ao lado delas,
porque gosto delas, e por que ela gostam de
mim tambem!
-Desgracado, você
não entende que se tiver elas não
tiverem filhos , nosso povo morrerá !
Foi quando Ran Atok chegou,
e se intrometeu na conversa:
-Acho que se meu
irmão as quer proteger de terem filhos com seu filho , e seu filho quer ter
filhos com elas, eles devem disputá-las, como diz a tradição.
-Não, Lur Okow, não
dê ouvidos a seu irmão, não faça isto! Kres-Gurak e’ muito mais forte do que
você, você vai morrer! E’ loucura!
-Calma, Karanna, por
você darei minha vida, se for preciso,
vale a pena. Não tenho medo da morte!
A serenidade e a
segurança com que falou isto e olhou para Karanna a assustou, ele estava mesmo
decidido a morrer por ela!
-Eu não quero homem
nenhum me disputando, me defendendo. Eu e a Karanna não dependemos de homem
nenhum para nada, melhor irmos embora logo !
Disse Kirilla.
-Você e’ um fraco,
se pensa que vale a pena morrer por causa de uma mulher, Lur Okow ! A Kirilla
tem razão, melhor irmos embora e deixarmos vocês sozinhos !
Kirilla jogou o
cervo morto no chão, com brutalidade.
-Não fale assim do
meu irmão, Karanna, ou terei de me voltar contra você também!
-Você é outro fraco,
nunca me convenceu !Um fraco e covarde como todos os homens !
Disse Karanna.
-Ora, sua...
Gritou Kres Gurak,
avançando para cima dela, mas Lur Okow se colocou na frente deles
Ran Atok ficou do
lado do irmão de Karanna e contra ela.
-Ei, ei, calma,
calma! Kres Guran e Lur Okow, vocês não tem porque brigarem agora. Se fizerem filhos com a minha filha e a Kirilla
ficará tudo bem ! Disse o pai de Karanna, tentando apaziguar os animos, mas
revoltando ‘as duas mulheres.
-Estamos perdendo
tempo. Eles que se matem entre eles, se brigarem , será ‘a toa, não nos terão
mesmo !
Disse Kirilla.
As duas deram as
costas para eles.
-Ei, não podem
simplesmente ir embora, vamos morrer sem vocês , nosso povo depende de vocês !
Gritou o pai de
Karanna.
-Vocês podem
depender de nós, mas nós não dependemos de vocês !Boa sorte e que o Deus Urso
esteja com vocês !
Disse Karanna,
sorrindo, e as duas começaram a caminhar .
O pai e o irmão
dela, no entanto, ficaram furiosos, e correram com lanças apontadas para elas.
(Por Continuar)
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