-O queeeê?
-Sim, Lune, ele bebeu até não poder
mais e saiu dirigindo, o carro dele não conseguiu fazer uma curva e capotou
várias vezes, e ao parar, pegou fogo! Na verdade, explodiu...
-Aaaaahn
! Estou...pasma...Ryu-san...
-Os pais dele estão vindo de Nagoya
para cá. Otaru e Megumi também. Vá no
necrotério depressa, Lune-san, o Takeo tem de reconhecer o corpo e precisa de
apoio em sua dor...
-Estou a caminho !
Disse Lune, se levantando correndo e
se vestindo na velocidade de um foguete.
Logo que abriu a porta, deu de cara
com seus pais.
-O Hayao-san acabou de me contar...
-Paizinho! Não fica assim não... eu
também estou sabendo e estou indo dar uma força para o Takeo-kun !
-Vai, filha...sua mãe está arrasada
também, mas deixa ela comigo...
-E quem não está, diante de uma
situação destas, pai...Eu vou indo lá !
Lune desceu as escadas correndo e
pegou seu carro, e foi direto para o necrotério da cidade.
Lá, na porta, deu de cara com Takeo,
que, sem falar nada, a abraçou fortemente e chorou soluçantemente em seu ombro.
Lune, já muito sensibilizada e
fragilizada por seus últimos acontecimentos, pranteou também.
Ela, na verdade, teria todos os
motivos do mundo para não estar triste com este falecimento, já que no passado,
Ryu tentara estupra-la uma vez e tentara abusar sexualmente dela em outra, além
de traí-la tentando jogar Takeo nos braços de Kotomi. Mas ela o tinha perdoado,
embora o que ele fizera a ela ela nunca fosse esquecer.
Porém o que a entristecia mesmo era
ver a dor de Takeo, de perder um irmão.E a dor do Casal Soryu de perder um
filho.Aquilo tudo aguçava sua sensibilidade e ela ficava extremamente triste de
se colocar no lugar dos outros e ver os outros sofrendo.
Então o funcionário do necrotério
pediu para que entrassem para reconhecer o corpo.
Lune nunca estivera num necrotério
antes, e não conhecia o lado gelado da morte.
Aquele lugar era tenebroso,
absolutamente assustador para ela !
Ela se agarrava em Takeo, mortificada
ante os corpos enregelados e alvos, ou esverdeados, ou ainda arroxeados, quase
marrons, dos mortos e das mortas ali.
Quando o funcionário abriu a gaveta,
Lune achou aquilo horrendo, funesto, e foi com o maior horror que presenciara e
reconhecera o corpo todo queimado de Ryu !
A dificuldade no reconhecimento
estava em que a cabeça fora arrancada do corpo com a explosão, e, o rosto
tivera seus fragmentos juntados para compor um quebra cabeças macabro, um resto
de rosto, mas ela e Takeo conseguiram, apesar de todo despedaçado e em
frangalhos, reconhecer o que Restava de Ryu. O tórax estava aberto, com as
costelas viradas para fora e o esterno se fora, destroçado pela explosão. E
tudo muito queimado, os braços e pernas tinham virado cinzas, assim como parte
do abômem, do umbigo para baixo, e os intestinos estavam de fora, e havia
manchas de sangue evaporado ao lado do corpo todo, já que ele fervera com o
incêndio.
Takeo colocou as mãos na frente do
rosto e desandou a prantear de novo, e perguntado se reconhecia, ele gritou:
-É ele, pombas !É ele ! Me deixa em paz
!
O funcionário perguntou a Lune que
desolada, só conseguiu fazer um sinal de sim com a cabeça.
O frio e insensível funcionário,
acostumado ‘a rotina daquele antro de morte, deixou o documento de liberação
para Takeo assinar.
O funcionário também fechou a gaveta
para o corpo não se deteriorar.
Mais uma vez, Lune e Takeo ficaram
abraçadinhos pranteando um no ombro do outro, sendo que, além de tudo, Lune
estava extremamente traumatizada com aquele ambiente nefasto.
Foi quando os pais dela chegaram e os
abraçaram, e ofereceram seus pêsames.
Hayao e Motoko , junto com Otaru e
Megumi, foram de helicóptero até o aeroporto da cidade, onde uma enorme
limousine Maybach 62 champagne os
esperava.
Minutos depois dos Tamasuki, os Soryu
chegaram.
Hayao, mortificado e consternado, mal
teve forças para assinar o documento de óbito, mas liberou Takeo.
As duas famílias se abraçaram e
choraram juntas.
A Família Soryu então procedeu a
todos os passos para a liberação e transporte do corpo.
Todos foram então para o aeroporto da
cidade, os Soryu em sua limousine, O casal Tamasuki em seu grande sedan Mitsubishi, Lune com sua
Mercedes Classe B e Takeo com sua Mercedes E55 AMG.
Lá , um aviãozinho turbo hélice
Embraer Brasília da família Soryu recebeu
o corpo, que foi antes transportado ao aeroporto numa perua Mercedes CLS
shooting brake. Já as duas famílias
embarcaram em um helicóptero Sikorsky S76 e poucos minutos depois, desciam no
aeroporto de Nagoya, onde duas limousines Maybach esperavam pelas duas
famílias.
Eles embarcaram nos dois carros e
chegaram no cemitério mais chique da cidade, onde a Família Soryu tinha seu
jazigo familiar.
Já amanhecia quando as famílias e o
corpo chegavam na sala de velório.
E esta cerimônia, que contou com um cerimonial fúnebre budista, durou a semana toda, com
direito a garçons servindo comes e bebes.
Finalmente o enterro aconteceu ao
meio dia, e o cemitério estava lotado de parentada e amigos, além de grandes
empresários e banqueiros chegados a Hayao.
Finalmente, depois de um doloroso
enterro, com Sasami pranteando escandalosamente para os rígidos e discretos
padrões japoneses tradicionais , o tempo todo e fazendo cena dramática, Ryu
fora enterrado.
Sasami não tivera coragem de ir
reconhecer o corpo, e compareceu apenas ao velório e enterro, chegando ‘as nove
da manhã, vinda em seu Nissan Bluebird coupé.
(Por Continuar)
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