domingo, 12 de novembro de 2017

Episódio 142- Sensibilidade de Viver;Interlúdio ETP


 

-O queeeê?
-Sim, Lune, ele bebeu até não poder mais e saiu dirigindo, o carro dele não conseguiu fazer uma curva e capotou várias vezes, e ao parar, pegou fogo! Na verdade, explodiu...
-Aaaaahn ! Estou...pasma...Ryu-san...
-Os pais dele estão vindo de Nagoya para cá. Otaru e Megumi também. Vá  no necrotério depressa, Lune-san, o Takeo tem de reconhecer o corpo e precisa de apoio em sua dor...
-Estou a caminho !
Disse Lune, se levantando correndo e se vestindo na velocidade de um foguete.
Logo que abriu a porta, deu de cara com seus pais.
-O Hayao-san acabou de me contar...
-Paizinho! Não fica assim não... eu também estou sabendo e estou indo dar uma força para o Takeo-kun !
-Vai, filha...sua mãe está arrasada também, mas deixa ela comigo...
-E quem não está, diante de uma situação destas, pai...Eu vou indo lá !
Lune desceu as escadas correndo e pegou seu carro, e foi direto para o necrotério da cidade.
Lá, na porta, deu de cara com Takeo, que, sem falar nada, a abraçou fortemente e chorou soluçantemente em seu ombro.
Lune, já muito sensibilizada e fragilizada por seus últimos acontecimentos, pranteou também.
Ela, na verdade, teria todos os motivos do mundo para não estar triste com este falecimento, já que no passado, Ryu tentara estupra-la uma vez e tentara abusar sexualmente dela em outra, além de traí-la tentando jogar Takeo nos braços de Kotomi. Mas ela o tinha perdoado, embora o que ele fizera a ela ela nunca fosse esquecer.
Porém o que a entristecia mesmo era ver a dor de Takeo, de perder um irmão.E a dor do Casal Soryu de perder um filho.Aquilo tudo aguçava sua sensibilidade e ela ficava extremamente triste de se colocar no lugar dos outros e ver os outros sofrendo.
Então o funcionário do necrotério pediu para que entrassem para reconhecer o corpo.
Lune nunca estivera num necrotério antes, e não conhecia o lado gelado da morte.
Aquele lugar era tenebroso, absolutamente assustador para ela !
Ela se agarrava em Takeo, mortificada ante os corpos enregelados e alvos, ou esverdeados, ou ainda arroxeados, quase marrons, dos mortos e das mortas ali.
Quando o funcionário abriu a gaveta, Lune achou aquilo horrendo, funesto, e foi com o maior horror que presenciara e reconhecera o corpo todo queimado de Ryu !
A dificuldade no reconhecimento estava em que a cabeça fora arrancada do corpo com a explosão, e, o rosto tivera seus fragmentos juntados para compor um quebra cabeças macabro, um resto de rosto, mas ela e Takeo conseguiram, apesar de todo despedaçado e em frangalhos, reconhecer o que Restava de Ryu. O tórax estava aberto, com as costelas viradas para fora e o esterno se fora, destroçado pela explosão. E tudo muito queimado, os braços e pernas tinham virado cinzas, assim como parte do abômem, do umbigo para baixo, e os intestinos estavam de fora, e havia manchas de sangue evaporado ao lado do corpo todo, já que ele fervera com o incêndio.
Takeo colocou as mãos na frente do rosto e desandou a prantear de novo, e perguntado se reconhecia, ele gritou:
-É ele, pombas !É ele ! Me deixa em paz !
O funcionário perguntou a Lune que desolada, só conseguiu fazer um sinal de sim com a cabeça.
O frio e insensível funcionário, acostumado ‘a rotina daquele antro de morte, deixou o documento de liberação para Takeo assinar.
O funcionário também fechou a gaveta para o corpo não se deteriorar.
Mais uma vez, Lune e Takeo ficaram abraçadinhos pranteando um no ombro do outro, sendo que, além de tudo, Lune estava extremamente traumatizada com aquele ambiente nefasto.
Foi quando os pais dela chegaram e os abraçaram, e ofereceram seus pêsames.
Hayao e Motoko , junto com Otaru e Megumi, foram de helicóptero até o aeroporto da cidade, onde uma enorme limousine Maybach 62  champagne os esperava.
Minutos depois dos Tamasuki, os Soryu chegaram.
Hayao, mortificado e consternado, mal teve forças para assinar o documento de óbito, mas liberou Takeo.
As duas famílias se abraçaram e choraram juntas.
A Família Soryu então procedeu a todos os passos para a liberação e transporte do corpo.
Todos foram então para o aeroporto da cidade, os Soryu em sua limousine, O casal Tamasuki em seu  grande sedan Mitsubishi, Lune com sua Mercedes Classe B e Takeo com sua Mercedes E55 AMG.
Lá , um aviãozinho turbo hélice Embraer Brasília da família Soryu  recebeu o corpo, que foi antes transportado ao aeroporto numa perua Mercedes CLS shooting brake.  Já as duas famílias embarcaram em um helicóptero Sikorsky S76 e poucos minutos depois, desciam no aeroporto de Nagoya, onde duas limousines Maybach esperavam pelas duas famílias.
Eles embarcaram nos dois carros e chegaram no cemitério mais chique da cidade, onde a Família Soryu tinha seu jazigo familiar.
Já amanhecia quando as famílias e o corpo chegavam na sala de velório.
E esta cerimônia, que contou com um cerimonial  fúnebre budista, durou a semana toda, com direito a garçons servindo comes e bebes.
Finalmente o enterro aconteceu ao meio dia, e o cemitério estava lotado de parentada e amigos, além de grandes empresários e banqueiros chegados a Hayao.
Finalmente, depois de um doloroso enterro, com Sasami pranteando escandalosamente para os rígidos e discretos padrões japoneses tradicionais , o tempo todo e fazendo cena dramática, Ryu fora enterrado.
Sasami não tivera coragem de ir reconhecer o corpo, e compareceu apenas ao velório e enterro, chegando ‘as nove da manhã, vinda em seu Nissan Bluebird coupé.

(Por Continuar)

Nenhum comentário:

Postar um comentário