Enfim, a paz parecia ter finalmente
voltado a reinar na casa da Família Tamasuki !
Mas por quanto tempo?
Ninguém podia prever...
Entretanto, naquele mesmo dia em que
Momiji recebeu alta, Ruri também recebera alta do hospital, e ela fez questão
de, antes de se mudar para seu apartamento com seu marido e sua filha, de ir
visitar sua família.Inclusive, por que, com a confusão toda, Lune fora a única
que ainda não tivera a oportunidade de conhecer sua sobrinha!
Assim, poucos minutos após o teérmino
do almoço e da louça ser lavada, Lune foi para seu quarto, e ficou navegando um
pouco nas redes sociais, das quais, aliás, não era lá frequentadora muito
assídua.
Menos de uma hora depois, enquanto
ela ainda estava entretida no seu computador, a campainha tocou.
Acostumada a que seus pais sempre
atendessem a porta, ela continuou na sua
distração.
Era Ruri, acompanhada de Soichiro e
de Rena.
Momiji abriu a porta e os recebeu com
um sorriso.
A nova família nem ficara sabendo das
desventuras de Lune com Momiji, e não sabiam que ela estivera no hospital. Na
verdade, Kazuo e Momiji preferiram não contar para não abalar nem preocupar Rrui, e não estragar o
encantamento do nascimento de sua primeira filha.
Mas , uma vez todo mundo acomodado na
sala, a mãe de Lune contou todos os acontecimentos mais recentes, a versão
dela, claro.
Ruri ficou bastante preocupada, não só
com a mãe, mas com a irmã, e foi com alívio que soube como ela estava sendo
carinhosa com a mãe nos últimos dias e que a paz tinha voltado a reinar.
Então Ruri decidiu ir para o quarto
de Lune e mostrar sua filha para ela.
Desde modo, dali a pouco, Lune ouvia
alguém bater na porta com delicadeza.
E Lune conhecia bem aquelas batidas,
de modo que não precisou nem ouvir a voz para reconhecer quem era.
Levantou-se e abriu a porta de correr.
-Onee-chan?
-Lune-nee-chan!
Bom,
acho que agora o “nee-chan” não me serve mais, pois é para crianças, e não só
sou adulta, como agora sou mãe...
-Verdade, onee-san, vou demorar a me
acostumar !Sente-se aí na beirada da cama, vamos conversar, estou há dias sem
te ver !
Ruri se sentou, e só então Lune
percebeu um serzinho pequeno e delicado se mexendo por baixo de um leve pano
que o cobria.
O coração de Lune
sobressaltou-se.Velhas lembranças da priminha de Takeo, Washu, lhe voltaram ‘a
mente.
-Lune-nee-san, te apresento minha
filha, sua sobrinha, Rena-chan !
E Ruri tirou o paninho e a carinha da
bebê apareceu diante dos olhos arregalados de Lune.
A atitude dela, inicialmente, foi de
espanto, indecisão, uma confusão de sentidos, uma sensação que ela não
conseguiria descrever , nem entender.
Ela sabia o que tinha de falar,
segundo as convenções sociais,mas sua voz parecia ter sumido!
Atônita, ela viu os olhos aflitos de
Ruri aguardando ansiosamente por sua aprovação, o que lhe trouxe certa angústia
também.
Enfim, a tremedeira passou quando ela
viu que a bebê sorriu para a mãe e esta lhe sorriu de volta e em seguida sorriu
para a Lune, procurando exasperadamente um sorriso de volta na cara incrédula
da irmã.
Quase que mecanicamente, ou por
instinto, Lune deu um sorriso amarelo e sem graça de volta, e só então olhou de
volta para sua sobrinha.
Enfim, Lune conseguiu soltar sua voz:
-Ela é linda !
A expressão do rosto de Ruri
imediatamente passou de agônica para de um enorme alívio, soltando até um
suspiro, e enfim sorrindo.
-Obrigada, onee-chan !
Rena
então, subitamente olhou para Lune.
O que espantou naquele olhar, foi
algo que não passou despercebido por Lune e a incomodou profundamente: por que
aquela bebê, aquela criança recém nascida, com apaenas alguns dias de vida,
dirigia-lhe um olhar tão severo?
Lune pressentiu naquele olhar uma
seriedade, uma desaprovação, uma falta de afinidade realmente chocante!
Ruri, no entanto não percebera isto,
e, desavisadamente, pegou a filhinha nos braços e a colocou nos braços de Lune,
que, quase que insitintivamente, sem que ela mesma controlasse, se estenderm
para receber a criança.
Lune tentou lançar para a sobrinha um
olhar meigo e doce, e um sorriso gracioso.
Os olhos da menininha se arregalaram.
Sua boquinha se contorceu e se deformou toda, e não outra:
-Buáaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!
A criança começou a chorar
desabaladamente,d escontroladamente , quase que em um desespero, um profundo
sentimento de insegurança tomava conta dos olhinhos aflitos e amedrontados-
parecia até que Rena tinha visto um monstro !
Ruri correu a tomar Rena dos braços
de Lune, e a colocou junto ao peito, embalando-a e a acalmando com as batidas
de seu coração.
A apresentação de Rena a Lune fora um
fiasco, um fracasso total: Rnea não tinha gostado de Lune e tinha antipatizado
com ela logo de cara.
Lune, ainda espantada e atordoada com
a reação da sobrinha, não conseguia deixar de engolir em seco, e sentir uma
profunda mágoa e decepção. No fundo ela desejava que sua sobrinha gostasse
dela, mas se sentia rejeitada por ela.
O olhar seguinte de Rena para sua tia
foi ainda mais fulminante:
Lune podia jurar que sentira ódio
advindo daqueles olhinhos minúsculos, e não conseguia entender o por quê disto
!
(Por Continuar)
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