sábado, 25 de novembro de 2017

Episódio 5- Neanderthal 2:Transição de Sangue!




Elas empunharam suas lanças também e os encararam, dispostas a uma luta de morte por sua liberdade.
Agora foi a vez de Lur Okow e Ran Atok se colocarem no caminho deles, de lança empunhada também.
As mulheres perceberam a chance e foram embora, caminhando.
Agora só restava uma única mulher, velha demais para ter filhos.
A mãe de Karanna apareceu e com suas mãos baixou as armas dos homens prontos a se digladiar.
-Deixem-nas ir. Elas não conseguirão se proteger sozinhas e acabarão voltando e pedindo para ficar novamente...
As armas baixaram.O pai resignou-se, buscando acreditar nas palavras da esposa.Mas ainda estava muito nervoso e tinha de extravasar sua impotência e raiva em alguém !
-Vocês dois Ke Gemmar só trouxeram a discórdia e a cizânia para nosso povo, não nos servem de nada, já somos tão poucos...se elas não voltarem, será culpa de vocês !Três luas ! Se em três luas elas não voltarem, vocês podem pegar suas armas e nos deixar !
Mas novamente a mãe de Karanna chamou o marido ‘a razão:
-Se eles forem embora, só restarão dois para caçar e você já está ficando velho, daqui a pouco não conseguirá mais caçar !E um só não mata um Mamute nem um rinoceronte !
-Aaaaah !
E o pai de Karanna se recolheu ao fundo da caverna , revoltado. A mãe, no entanto, pegou o cervo morto do chão e começou a prepara-lo para o cozimento. Em sua experiência e sabedoria, sabia que todos os desentendimentos se dissipam quando a comida é servida.

Enquanto isto, as mulheres se afastavam e viam a movimentação dos animais do Vale.
Cervos , cavalos e gazelas correram assustados, ao ouvirem um trovão ao longe, atrapalhando  os botes dos leões .
Tal algazarra irritou os rinocerontes lanudos que pastavam um pouco longe, e estes começaram a perseguir os cervos, o que os trouxe para perto das pessoas que discutiam. Os cervos, mais velozes , correram para as florestinhas, mas os rinocerontes estavam próximos das meninas. Eles, em um grupo de três indivíduos, enxergavam mal, mas sentiram o cheiro das mulheres, e lembraram de antigas caçadas, em que humanos tentaram abate-los, e abateram vários membros  de suas familias. Eles logo se enfureceram e irromperam galope em direcao  em direcao `a Karanna e Kirilla.
-Os  rinocerontes! Eles vem vindo em nossa direção!
-O olhar não vai funcionar com eles, não agora, esquece !
-E quem disse que eu iria olhar para eles, Kirilla?
Os três rinocerontes estavam chegando em desabalada carreira, em fúria, nove toneladas de ferocidade!
-Nossas lanças não farão nada contra a couraça  deles! E não adianta fugirmos, eles correm mais que nós !
-Temos que acertá-los no olho! E o pior e’ que não há’ tempo para acender tochas!
Kirilla disse se postando a frente deles, peito enfunado para a frente, lança em riste.
Entao uma tempestade desabou violentamente. Elas já tinham notado que a tempestade já estava se formando há’ algum tempo, e agora, os raios caiam por todos os lados. Chovia torrencialmente  com vento forte e gelado, e as três feras viram chegando. Uma delas veio diretamente para Kirilla, e Karanna instintivamente resolveu ficar ao lado da amiga. E foi a sorte !
O sangue  fervia em Kirilla, nervosismo a flor da pele, não havia tempo para o olho no olho, teria de enfrentar mesmo, e la’ vinha a fera, bufando e grunhindo ensandescidamente. Quando já estava quase ao alcance da lança,  um raio caiu exatamente entre a fera e a mulher, e o rinoceronte, assustado, escorregou no capim molhado, e caiu, e mesmo assim, veio na direção dela, que saltou o quanto pôde, e  postou sua lança com toda a forca, acertando-a precisamente no olho da fera, e esta atravessou a cabeça de fora a fora. Ela conseguiu se desviar do rinoceronte caído ainda escorregando em alta velocidade no capim, e usou o próprio rinoceronte para apoiar seus pés para um segundo salto. O rinoceronte caído colidiu com outro, e ouviu-se o barulho característico de ossos quebrando, quando o segundo rinoceronte tropeçou no primeiro, já morto, com certeza ele tinha quebrado as duas pernas dianteiras, no mínimo. Estava fora de combate, mas o terceiro, que estava atrasado, era justamente o maior deles, se assustou e foi embora. 
-Uff, nos salvamos !
-Verdade, Karanna !Mas agora precisamos arrumar uma caverna onde nos abrigarmos da tempestade !
-Onde vai ter caverna por aqui?
Os relâmpagos, no entanto iluminaram uma série de pequenos montes ao longe, na direção leste.
-Ali, acho que ali deve ter !Vamos lá !
As duas, encharcadas até a medula, correram para lá, e de fato, em um dos montes havia uma pequena caverna, e elas lá entraram.
-Kirilla, isto aqui não está com muita cara de caverna não...
-E não é, me parece a toca de algum animal grande, bem grande!
-Rinoceronte? Mamute? Cauda Mortal?Ou uma Morte de Dentes Longos?
-Rinocerontes e Mamutes não usam tocas, e Caudas Mortais  não me parece não...
-Uóooooo !
O mugir trovejante , alto e próximo  gelou as espinhas delas, que arregalaram os olhos:
-Garras Grandes !
As duas gritaram ao mesmo tempo , apavoradas !
O Eremontherium estava no fundo da caverna, de pé nas patas traseiras, com suas garras gigantescas sendo brandidas assustadoramente!
-Foge !
Disse Kirilla, e as duas trataram de correr!
Aquele animal quando acuado ou defendendo o território, apesar de ser herbívoro, podia ser bem feroz, e suas patas dianteiras era enormes e muito musculosas, e as garras gigantescas eram afiadíssimas. Normalmente era necessário  um bando inteiro de homens para conseguir abater um, ‘a custa de muitas vidas humanas.
As duas estavam de volta na chuva, mas depois de correrem por uns trezentos metros, encontraram outra pequena caverna, esta sim parecia desabitada.
Na primeira, o filhote saiu de detrás da mãe, que se abaixou e foi lamber sua cria.
Enquanto isto, na caverna do povo de Karanna, o pai, a mãe e o irmão dela, além dos dois irmãos Homo sapiens se abrigavam da chuva.
Eles tinham feito uma fogueira, que os aqueciam e agora dormiam, pois com a tempestade não havia o que fazer.
De repente ouviu-se vozes ao longe.
As vozes foram se aproximando, eles acordaram e se levantaram, e viram, então, um grupo de pessoas seguindo em  direção da caverna. Eram Neanderthais!
-Olhe, pai! São Ka –Gigurs!  Existem várias mulheres entre eles, nosso povo esta salvo!
 Disse o irmão de Karanna.

(Por Continuar) 

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