sábado, 26 de maio de 2018

Episódio 10-Sensibilidade de Viver: Gestação




Lune então aproveitou para conhecer melhor a faculdade, e explorou principalmente a biblioteca, o refeitório e olhou uma ou outra sala de aula vazia no momento.
Ela agora se dava conta de que, quando fosse entrar naquela sala de aula, não seria mais como aluna, para estudar- seria como Professora, a lidar com  classes de estudantes não muito mais jovens do que ela!
Ficou observando, pensativa, nas obrigações que teria de cumprir, formular e corrigir provas, dar e corrigir trabalhos, atribuir notas, aprovar ou reprovar alunos..é, pensava ela, não seria fácil !
Mas ela planejava ser uma professora bem diferente das tradicionais: pretendia estimular a visão crítica da realidade, a criatividade, e o entender sem decorar, e pretendia dispensar o material didático e fazer suas próprias apostilas.
Todo um projeto pedagógico maravilhoso e complexo surgia em detalhes na sua mente- e isto só de ficar pensativa olhando para uma sala de aulas vazia !
Por fim, resolveu ir embora, preocupada  com Takeo , pensando em quanto ele deveria estar enrolado e quanta bagunça ele não estava fazendo!
Foi então até o estacionamento, e pegou seu carro e saiu do campus, ganhando as ruas.
Novamente um congestionamento pesado, agora bem mais, e seu estômago roncava.
Viu então uma lanchonete de lámen fast food, saiu da avenuda, parou em um estacionamento, e foi lá comer, servindo-se de um prato gigante de miojo com carne de porco e molho tekyaki.E um copo enorme de refrigerante de cola.
Enquanto saboreava o líquido negro-dourado, e o macarrão com fatias ultra finas de carne, com verduras, continuava pensativa em como seria sua nova vida como professora universitária. Mas não pretendia parar de estudar: já planejava fazer mestrado e depois doutorado.
Não obstante, porém,  a ficha que ainda não tinha caído era a de que muito do que ela planejava poderia ter , e provavelmente o seria, adiado por meses, por causa da gravidez, e também, pela lactação.
E nem passava pela cabeça dela ficar enjoada, regurgitar, ter dor nas costas e pernas, dor de cabeça, mal estar, fraqueza.
Mas não demoraria para a Natureza lhe lembrar desta realidade inevitável !
 Lune finalmente chegou em casa.
Takeo já voltara do almoço e estava sentado na poltrona reclinável estilo lazy boy, na frente da tv, com uma tigela enorme de pipocas de micro-ondas e um copo grande de refrigerante, e com seus pés apoiados na mesinha de centro, na maior folga.
Lune não teve dúvidas, e se postou na frente da televisão, tampando a imagem com seu corpo.
-Takeo-kun!
-Oi, amor !Boa tarde !
-Levanta daí, preguiçoso !Não vai me perguntar como foi lá não?
Disse ela, com cara enérgica, abaixando o torso e levantando a cabeça.
Sua blusa tomara que caia , com seu decote, naquele ãngulo deixava ver quase a metade dos seios .
-Foi tudo bem lá, anjinho?
-Foi !Quer parar de olhar meus peitos, e olhar para minha cara, por favor, que isto é desrespeito?
-Ah, desculpe...
Ainda meio nervosa, Lune explicou como seria o esquema de sua admissão.
-Puxa, só três dias?Então você vai ter de estudar muito neste tempo !
-Exato, e você não poderá escutar música alto e vaiter de baixar o volume da televisão !E nada de ficar me atrapalhando com pedidos de beijos, com abraços nem cantadas, entendeu ?Aliás, se você está pensando que teremos sexo todo dia, esqueça! Será só quando eu quiser, e quando eu quiser, eu mesma te mandarei os sinais, mas  será bem mais raro do que você pensa.E quando minha barriga crescer então, esqueça, só depois que acabar o aleitamento !
-Acho que você faz uma  idéia muito pervertida de mim, bem...
-Não, Takeo-kun, faço uma idéia realista de seu comportamento, eu te conheço não é de ontem!
Takeo soltou um suspiro...havia em seu rosto a expressão da decepção, da frustração, sobretudo, com seus planos frustrados...ele tinha planejado tudo tão bacana (para o ponto de vista dele, claro) e agora ia tudo por água abaixo, é ...tinha faltado combinar com a Lune !
Só que claro que ela percebeu estes sentimentos nele, e voltou a falar:
-Amor, vem cá, deixa eu te dizer uma coisa: eu não sou a megera dominadora e ditadora que voc~e está pensando, mas você também não pode querer dominar minha vida. Tudo o que estou pedindo é que respeite a minha vontade, como respeitarei a sua, Sabe, Takeo-kun, durante todos estes anos, eu amadureci muito, e vejo que mais do que você, talvez, inclusive, por que eu não tenha disposto do excesso de auto confiança que você esbanjava. Sabe, as pessoas costumam gostar das outras enquanto são obedecidas e tem suas vontades e caprichos atendidos -se não o forem, começam as críticas, as revoltas e as brigas. Mas eu penso, meu bem, olhe para mim, nos meus olhos, por favor...que casamento é algo que tenha de ambas as partes cederem espaço para um convívio melhor, então, você vai precisar amadurecer, e no seu caso, amadurecer vai significar deixar de ser machista e se desconstruir, entende? Claro que vai doer, mas , ei, eu te amo e estou aqui com você para te apoiar, mas você precisa cooperar, precisa me ajudar! Entenda que não estou proibindo sexo entre nós, apenas estou colocando limites para que minha vontade e minha pessoa humana, minha sensibilidade e minha capacidade de ajuda-lo  não sejam prejudicadas, ok? Então relaxa, querido, leve as coisas mais light, não fique triste nem nervoso, o que você quer você terá, apenas precisa se lembrar da minha vontade, e de que amor, carinho e ternura são mais importantes e devem ser mais frequentes do que sexo, pois casamento não é um bacanal, casamento é uma relação entre iguais, e casamento é uma relação de companheirismo, então ceda um pouquinho, que eu cederei também, certo?
E esta foi a primeira discussão de relação dos dois depois de casados !

(Por Continuar)

Nenhum comentário:

Postar um comentário