sábado, 19 de maio de 2018

Episódio 4-Sensibilidade de Viver :Gestação




-Não interessa o que vão pensar de você, você sabe que não é efeminado, eu também sei muito bem, e ninguém tem que ficar dando opinião!
Lune pegou sua bolsa e jogou no colo dele.
-E deixa ela aí !
O transito voltou a fluir.
-É ali a tal igreja, amor?
-É sim, Lune-san.
-Otimo, tem um estacionamento bem pertinho.
-Mas é muito caro, amor...
-Você não quis me levar aqui? Então você paga !Ninguém mandou você ter esta idéia...
Takeo resignou-se e deixaram o carro no estacionamento e foram ‘a igreja.
Lune sempre se interessou por Historia, inclusive a ocidental, a qual sempre estudou autodidaticamente, e agora já tinha feito faculdade nesta área e estava formada historiadora. Depois que ela soube então que Takeo era catolico, procurou estudar mais e procurar entender a filosofia por trás desta religião tão pouco difundida no Japão.Ao se entender a história ocidental e o quanto a religião católica está firmemente imbuída na cultura dos povos ocidentais, em especial os europeus e os centro e sul americanos,a influência e o poderio político que esta religião já chegou a ter e que ainda tem, ela entendeu a complexidade e o pensamento que guiava os fiéis católicos.
Mas tais pensamentos de Lune ,  enquanto ela adentrava a igreja, no entanto, foram bruscamente interrompidos pela voz do padre, de tom claro, potente, mas baixo, falsamente manso, mas insinuante como uma serpente:
-         Bom dia, senhorita. Veio confessar seus pecados?
-         Não, Padre.Meu noivo é catolico e quer que tenhamos um casamento cristão.Meu nome é Lune. Tamassuki Lune.
-         Entendo.Vejo então que a senhorita não e´catolica. Ainda assim desejas um casamento cristão?
-          Sim, Padre.Suponho que o senhor vá me dizer que eu teria de me converter a religião católica para o casamento ser possível.
-         Senhorita Lune, a senhorita , já vejo agora, foi agraciada com uma inteligência sofisticada.Aliás, desculpe-me a grosseria, ainda não me apresentei, eu sou o Padre Konami. Permita-me por favor explicar-lhe os sacramentos que compõem a religião crista e a instituição do casamento cristão, que e´em si também um sacramento...
Então o padre começou a sua oratória, explicando para Lune com infinita paciência detalhes e meandros da religião, e neste meio tempo Takeo, que ficara até  então qual barata tonta procurando o padre por toda a igreja, acabou os achando e ficou ao  lado de sua noiva, escutando aquele discurso interminável e terrivelmente chato, altamente discutível.
Lune achou melhor não discutir com o padre, pois senão não sairíam dali antes do amanhecer do dia seguinte,e quando ele finalmente terminou, explicou que ela teria de ser batizada para poder se casar, e a explicou como era o batismo.
-Eu entendi, padre. O senhor por favor pode nos dar licença para eu ter uma conversa particular com eu noivo por alguns minutos?
-Claro, senhorita Lune, fiquem ‘a vontade, vocês estão na Casa de Deus!
Lune puxou Takeo pelo braço, sentaram num dos bancos e  ela começou a falar:
-Eu não vou fazer nenhum batismo ridículo destes, amor!E não quero fazer parte desta religião corrupta  e decadente !
-Fique tranqüila, amor. Não precisa praticar a religião, nem acreditar. Pense que esta num teatro interpretando uma personagem, finja que acredita em Deus durante a cerimônia , faça o ritual e deixe que suas palavras lhe entrem por um ouvido e saiam por outro.Não precisa ser praticante para se casar. Você já me viu alguma ver eu ir a uma missa, ou qualquer outra cerimônia religiosa?
-Você sabe bem que não sei fingir. Não gosto, não estaria sendo honesta nem coerente comigo mesma, estaria enganando a todos.
-Você não diz que a religião é hipocrita? Seja hipócrita com ela também então! Não dizes que a religião e´ maquiavélica? Seja maquiavélica com ela também! Qual o problema nisto? Hipócrita aliás você estará sendo se não for as cerimônias de batismo e casamento, porque você sabe que você mesma não acredita no que está fazendo,  e que para você estes rituais são simples rituais vazios, sem significado mesmo, e as pessoas que te conhecem sabem muito bem que você não é catolica, nem o será só por participar das cerimônias, pois esta fazendo sem acreditar, então, é teatro, nada mais, você finge que acredita e todos, inclusive o padre, fingem que acreditam também, mas todos sabem que você não é católica nem acredita no cristianismo. Você só precisa mesmo acreditar no seu coração, no seu amor por mim e no meu amor por você, mais nada. O resto não importa para você nem para nós.
-Está bem, está bem, não gosto disto, mas farei então...as coisas que não faço por você...mas olha, se você rir na minha cara na hora do batismo, eu te juro que te abandono na igreja e sumo daqui !
-Eu juro que não rirei, amor. Fique tranqüila.
-Então tudo bem. Vamos falar com o padre!
Então o padre  explicou a eles  todos os procedimentos, as cerimônias em detalhes e lhes deu todas as orientações. A sorte deles era a de que como não existiam muitos fiéis na cidade, a igreja tinha ampla disponibilidade para marcarem o casamento para logo, e assim, marcaram para dali a um mês.
No dia seguinte  Lune foi batizada na mesma igreja, e começou a correria para os preparativos do casamento, tudo a toque de caixa. Buffet alugado, convites foram impressos, a lista de convites não era grande, e o numero de convidados também era pequena,igreja alugada,roupas especiais compradas, incluindo o caro e sofisticado vestido de noiva.
Faltando agora apenas uma semana para o casamento, Lune e  Takeo foram a uma joalheria, onde escolheram juntos um par de alianças.
Enfim, curso de noivos concluído, estavam prontos para o casamento, e enfim o grande dia chegou !

(Por Continuar)

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