quinta-feira, 3 de maio de 2018

Episódio 197-Sensibilidade de Viver:Interlúdio ETP



Depois do buraco pronto, a professora a mandou fechar o buraco novamente.
Lune estava exausta, e achou que já estava liberada, mas qual nada: Keiko a levou de volta ao museu para aprender a catalogar e lidar com objetos históricos.
A noite chegou, e Keiko mandou que entregassem uma pizza em seu escritório, e após o jantar, veio a hora que Lune temia.
As duas caminharam por um corredor,onde se depararam com uma porta fechada.
Keiko abriu a porta com sua chave.
-Muito bem, vou deixar apenas as luzes de emergência ligadas. Vou trancar a porta e você ficará trancada aí com as caveiras e os esqueletos. Voltarei para te buscar em meia hora. Por favor evite quebrar os ossos e não toque em nada.
-Mas...
Blooom ! A porta se fechou e ouviu-se o barulho da chave sendo passada.
Na verdade, Keiko não estava longe: estava na sala  de controle da exposição, vigiando Lune com cãmaras  de infravermelho e LLTV.
A Professora então ligou os efeitos sonoros, e auto falantes na sala que Lune estava, passaram a reproduzir, com fantástica fidelidade, sons de trovões e os canhões de luz especiais do teto simulavam relâmpagos- embora a sala não tivesse janelas.
Ao som do primeiro trovão, Lune gritou de susto e se arrepiou toda, arregalou os olhos e , coração disparado, ficou sobressaltada.
Ela caminhava por entre os esqueletos e as caveiras, mas o que lhe pareceu mais horripilante foi o esqueleto de um cavalo, com seu cavaleiro em cima, montado nele.
-Aaaaaaaaaah ! Gritava Lune em desespero, correndo como barata tonta- só que aí as luzes se apagaram de vez e ela não conseguia encontrar a porta !
O pânico era absoluto e Lune estava aterrorizada, tremia de nervosa, e sentia que podia desmaiar a qualquer momento, e para piorar, começou a sentir falta de ar!
A professora viu, que tinha chegado ao limite de Lune e não iria poder ir além. Acendeu todas as luzes, e foi para a porta e a abriu.
Lune estava sentada no chão, cabeça entre as pernas e braços abraçando as pernas, chorando copiosamente.
-Lune-san:esta talvez tenha sido a sua lição mais preciosa: não há aquisição do verdadeiro conhecimento sem sofrimento. É preciso sofrer para aprender, ou o aprendizado não ficará guardado na memória!
Lune correu a abraçar sua professora, e chorou desabaladamente no ombro dela, que acariciou seus vabelos com carinho.
-Você passou no teste.Nenhuma outra aluna aguentou tanto tempo; dez minutos ! Venha, vou te mostrar os itens desta coleção, e a deixarei manipular e toca com o devido cuidado. Era preciso passar por isto, pois vai prepara-la para um dia enfrentar uma caverna, ou uma edificação antica , com tempestade a noite, e é muito comum encontrarmos caveiras e esqueletos nestes lugares!
No fim, ficaram mais de duas horas naquela sala horripilante.
Ao terminar de mostrar e ensinar tudo ali, Keiko dispensou Lune, que foi correndo ao seu carro e voltou para a Hospedaria.
Por longas duas semanas, Lune teria pesadelos terríveis com aquela experiência, mas Keiko não teve dó, , nem a poupou de nada.
Todos os dias, após as aulas teóricas na sala de aulas, Lune ia aprendendo com as aulas práticas, e depois que adquiriu conhecimento e prática suficientes, passou a treinar as colegas.
Apesar de entrar na faculdade as sete da manhã e sair as dez da noite, Lune ainda tinha de arrumar tempo para estudar para as provas- teóricas e práticas! Era um esforço monumental, e todas as noites ela chegava em seu quarto exausta, exaurida, e ainda tinha de estudar, pois de dia não teria tempo !
Meses se passaram e agora Lune trabalhava com monitora do museu, para os visitantes, todos os dias, das cinco da tarde as sete da noite.
As férias chegaram, mas não para ela: Keiko a convidou para participar de expedições com ela, e elas voaram para diversos lugares do Japão, escavando, explorando, conhecendo outros museus, conversandocom grandes pesquisadores, e Lune ia acumulando um enorme conhecimento e grande prática, e estava se saindo muitíssimo bem.
Foi, aliás, justamente por causa da percepção de Keiko , do talento e pendor incomuns de Lune para aprender e explorar, a paixão dela pelo trabalho histórico, que a fez dar oportunidades raras, que outras alunas não recebiam!
Keiko sentiu que Lune era extremamente promissora e iria ser uma grande profissional, e que manter ela aprendendo a só dar aulas de História era um desperdício- ela se mostrava uma arqueóloga competente e talentosa como poucas.
E crescia em Lune a admiração por aquela professora , que estava sendo sua grande mestra na vida, e que lhe ensinava muito mais do que as outras recebiam-Lune era uma privilegiada !
Havia algo no relacionamento delas que lembrava o de mãe e filha- mas sem as brigas que Lune tinha com sua mâe.
Seu ímpeto pelo hábito de colecionar e organizar e sua obstinação por manter tudo na ordem certa , no lugar, lhe fora muito útil e benéfica para sua profissão!
Assim, passou as férias inteiras viajando a trabalho e aprendendo e passou a ver no seu trabalho uma grande fonte de diversão e alegria!

(Por Continuar)

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