Depois
do buraco pronto, a professora a mandou fechar o buraco novamente.
Lune
estava exausta, e achou que já estava liberada, mas qual nada: Keiko a levou de
volta ao museu para aprender a catalogar e lidar com objetos históricos.
A
noite chegou, e Keiko mandou que entregassem uma pizza em seu escritório, e
após o jantar, veio a hora que Lune temia.
As
duas caminharam por um corredor,onde se depararam com uma porta fechada.
Keiko
abriu a porta com sua chave.
-Muito
bem, vou deixar apenas as luzes de emergência ligadas. Vou trancar a porta e
você ficará trancada aí com as caveiras e os esqueletos. Voltarei para te
buscar em meia hora. Por favor evite quebrar os ossos e não toque em nada.
-Mas...
Blooom
! A porta se fechou e ouviu-se o barulho da chave sendo passada.
Na
verdade, Keiko não estava longe: estava na sala
de controle da exposição, vigiando Lune com cãmaras de infravermelho e LLTV.
A
Professora então ligou os efeitos sonoros, e auto falantes na sala que Lune
estava, passaram a reproduzir, com fantástica fidelidade, sons de trovões e os
canhões de luz especiais do teto simulavam relâmpagos- embora a sala não
tivesse janelas.
Ao
som do primeiro trovão, Lune gritou de susto e se arrepiou toda, arregalou os
olhos e , coração disparado, ficou sobressaltada.
Ela
caminhava por entre os esqueletos e as caveiras, mas o que lhe pareceu mais
horripilante foi o esqueleto de um cavalo, com seu cavaleiro em cima, montado
nele.
-Aaaaaaaaaah
! Gritava Lune em desespero, correndo como barata tonta- só que aí as luzes se
apagaram de vez e ela não conseguia encontrar a porta !
O
pânico era absoluto e Lune estava aterrorizada, tremia de nervosa, e sentia que
podia desmaiar a qualquer momento, e para piorar, começou a sentir falta de ar!
A
professora viu, que tinha chegado ao limite de Lune e não iria poder ir além.
Acendeu todas as luzes, e foi para a porta e a abriu.
Lune
estava sentada no chão, cabeça entre as pernas e braços abraçando as pernas,
chorando copiosamente.
-Lune-san:esta
talvez tenha sido a sua lição mais preciosa: não há aquisição do verdadeiro
conhecimento sem sofrimento. É preciso sofrer para aprender, ou o aprendizado
não ficará guardado na memória!
Lune
correu a abraçar sua professora, e chorou desabaladamente no ombro dela, que
acariciou seus vabelos com carinho.
-Você
passou no teste.Nenhuma outra aluna aguentou tanto tempo; dez minutos ! Venha,
vou te mostrar os itens desta coleção, e a deixarei manipular e toca com o
devido cuidado. Era preciso passar por isto, pois vai prepara-la para um dia
enfrentar uma caverna, ou uma edificação antica , com tempestade a noite, e é
muito comum encontrarmos caveiras e esqueletos nestes lugares!
No
fim, ficaram mais de duas horas naquela sala horripilante.
Ao
terminar de mostrar e ensinar tudo ali, Keiko dispensou Lune, que foi correndo
ao seu carro e voltou para a Hospedaria.
Por
longas duas semanas, Lune teria pesadelos terríveis com aquela experiência, mas
Keiko não teve dó, , nem a poupou de nada.
Todos
os dias, após as aulas teóricas na sala de aulas, Lune ia aprendendo com as
aulas práticas, e depois que adquiriu conhecimento e prática suficientes,
passou a treinar as colegas.
Apesar
de entrar na faculdade as sete da manhã e sair as dez da noite, Lune ainda
tinha de arrumar tempo para estudar para as provas- teóricas e práticas! Era um
esforço monumental, e todas as noites ela chegava em seu quarto exausta,
exaurida, e ainda tinha de estudar, pois de dia não teria tempo !
Meses
se passaram e agora Lune trabalhava com monitora do museu, para os visitantes,
todos os dias, das cinco da tarde as sete da noite.
As
férias chegaram, mas não para ela: Keiko a convidou para participar de
expedições com ela, e elas voaram para diversos lugares do Japão, escavando,
explorando, conhecendo outros museus, conversandocom grandes pesquisadores, e
Lune ia acumulando um enorme conhecimento e grande prática, e estava se saindo
muitíssimo bem.
Foi,
aliás, justamente por causa da percepção de Keiko , do talento e pendor
incomuns de Lune para aprender e explorar, a paixão dela pelo trabalho
histórico, que a fez dar oportunidades raras, que outras alunas não recebiam!
Keiko
sentiu que Lune era extremamente promissora e iria ser uma grande profissional,
e que manter ela aprendendo a só dar aulas de História era um desperdício-
ela se mostrava uma arqueóloga competente e talentosa como poucas.
E
crescia em Lune a admiração por aquela professora , que estava sendo sua grande
mestra na vida, e que lhe ensinava muito mais do que as outras recebiam-Lune
era uma privilegiada !
Havia
algo no relacionamento delas que lembrava o de mãe e filha- mas sem as brigas
que Lune tinha com sua mâe.
Seu
ímpeto pelo hábito de colecionar e organizar e sua obstinação por manter tudo
na ordem certa , no lugar, lhe fora muito útil e benéfica para sua profissão!
Assim,
passou as férias inteiras viajando a trabalho e aprendendo e passou a ver no seu
trabalho uma grande fonte de diversão e alegria!
(Por Continuar)
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