Guardar
para Si
Quando o afago encontra o vazio,
E carinho sente do coração o frio,
Quando é guardado no peito,
O beijo que não aconteceu,
O olhar que não correspondeu,
Sorriso que foi desfeito,
Depois da lágrima que não caiu,
Já não adianta saber,
De tudo isto o por quê
Pois o que o coração sente
A mente já não mais vê,
Depois de tantas e tantas vezes,
Que no passado já ocorreu,
Guardar-se a vontade,
Trancar-se a Ânsia,
Aumentar-se a distância,
Carência que ficou vazia,
Não, Não, Não alcançou!
Bateu e voltou,
O lótus do coração se fechou
A esperança não morreu,
Apenas de volta se recolheu,
‘As profundezas do coração,
Pois a voz não tem eco,
E os lábios só encontram o ar seco,
Coração cheio
Mãos vazias,
Que não mais provocam o arrepio,
Mãos que sentem frio,
Mente que voa,
Soluço que não soa,
Guarda, guarda !
Não há a quem entregar !
Sonhos em bando a debandar,
Procurando por outros sonhos para os acompanhar,
Voam , voam
Sem ter um olhar,
Para seus olhares guiar,
Ou um sorriso para vislumbrar!
Eis que guardar para si
Dói,
Machuca,
Conter seu vulcão,
Faz mal,
Tão desejada é sua erupção !
Quanto mais se guarda para si,
Menos se esquece,
Pequenos Gestos,
Grandes Significados,
Coração anoitece,
E ‘a Mente ele não aquece,
Pequenos gestos,
Ao não serem manifestos,
Não há palavras que os compensem,
O olhar que os olhos não viram,
A pele que os dedos não sentiram,
O sabor que os lábios não provaram
A chance que não foi concedida,
Pois fora trancada,
Guardada para si,
Proibida
Só pode ser almejada,
Pois não será jamais alcançada,
Sonhos batem em revoada !
De dentro do Coração,
Beijos,
Olhares,
Carícias,
Carinhos,
Sorrisos,
Todos natimortos,
Haja visto que nunca aconteceram,
Observam qual fantasmas,
A correspondência que tanto desejavam,
Voar para longe,
Pois estão trancados,
Guardados,
Sem jamais saber,
Se um dia irão ocorrer !
FIM
Cristiano Camargo
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