Lune se revirava na cama sem conseguir pensar, e as palavras da Rina de que ela iria mais para frente ter uma filha
não paravam de ressoar na sua cabeça, e ao mesmo tempo as lembranças daquela
bebezinha, do toque da pele dela, de quando ela
mamou no seu seio, as sensações tão avassaladoras e incontroláveis que
ela sentira voltavam a mente dela sem parar!
Uma agonia, uma angústia a invadia,
parecia que alguma coisa faltava em nela, parecia faltar um pedaço dela,
egoísmo e altruísmo sendo sentidos ao mesmo tempo!
Repentinamente ela se levantou e abriu o
armário e tirou de lá uma velha caixa, onde jaziam as bonecas e ursinhos que ela
tivera quando criança, e que a mãe dela fizera questão de guardar.Pegou um dos
ursinhos e o abraçou junto ao peito como se fosse um bebê e passou a noite
brincando de amamentar...
Horas mais tarde, vendo que a insônia a perseguia, Lune ligou a televisão e começou a percorrer os canais. Deparou-se
então com um longo documentário sobre a reprodução humana,o desenvolvimento do
bebê no ventre da mãe, as alterações físicas e bioquímicas que ocorrem durante
a gestação, e a filmagem de um parto natural sem censura nem nenhum corte.
Lune ficou ainda mais impressionada com
aquilo tudo, e se imaginou no lugar daquela mulher grávida, e os gritos animais
dela durante o parto a arrepiaram e a assustaram traumáticamente!
Aquele bebêzinho todo sujo de sangue
adquiria um aspecto nojento e parecia não ter nada a ver com aquele cheiroso e
limpinho que ela vira na casa de Madoka.Mas ela sabia que não tinha nada a ver, e
ela tinha visto o bebêzinho na televisão sendo limpo e entregue 'a mãe, agora
todo gracioso, não parecia mais aquele pedaço de carne ensangüentada que
parecia ter saído de dentro do colo daquela mulher.Por um tempo que pareceu 'a Lune
uma eternidade, a imagem de Washu e do bebê nascendo na TV se intercalavam na sua mente, como se ela quisesse compara-los , como que se ela não soubesse qual
era o real e qual era o idealizado por ela.Sim, pois ela há estas horas já
estava tentando juntar a imagem do seu rosto com a do rosto de Takeo para ter
uma idéia de como seria a filha deles, e estava com tremenda dificuldade de
compor uma imagem em sua mente, pois Washu e o bebê da TV reapareciam à
toda hora, e ela começou a ficar com dor
de cabeça.
Ela se levantou, colocou um kimono e
foi até a cozinha, onde pegou um analgésico e um copo de leite com chocolate e
adoçante, tomou os dois e voltou ao seu quarto.
Então, e só então, a cabeça de Lune
começou a funcionar direito e começou a pensar coerentemente.As questões em que se debatia internamente eram:O que seria a reprodução
humana , afinal?No que ela implica? O que ela
significa de fato para as mulheres?
Sua conclusão foi a de que ainda não consiguia ver uma
justificativa realmente convincente para me convencer de fato a se casar e ter
uma filha. Era certo que ela prometera à Rina no seu sonho ter uma filha no futuro e
colocar o nome da Rina nela, mas ela ainda tinha suas dúvidas se deveria mesmo
cumprir esta promessa. Ainda não se sentia segura para ser mãe, e nem sabia se um
dia ela se sentiria.
Era assim que ela pensava naquela
época, mas alguém muito especial viria mais tarde mostrar ' Lune que ela estava
completamente enganada...
(por continuar)
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