O taverneiro, inclusive não se fez de rogado e
começou a conversar com Débora e Sofia, contando da recente visita da
tripulação do Black Marlin, e claro, falando mal delas.
Ariadne, percebendo o quanto o pessoal da ilha
detestava June e sua tripulação, ficou bem quieta e não disse que elas e a tripulação de June agora eram aliadas e
amigas, pois temia ter de pagar tudo aquilo e ainda serem expulsas da ilha.
Para alívio dela, o taverneiro mudou de assunto, finalmente:
-Vocês ficaram sabendo da última notícia da
Inglaterra?
-Não, o que aconteceu?
-Ah, Capitã, o Rei Carlos I foi assassinado pelo
revolucionário Oliver Cromwell !Estão falando que doravante a Inglaterra não
será mais uma monarquia!
-Então ele venceu! Desde criancinha que ouço
falar da Revolução Inglesa e deste Cromwell !
-Então, parece que muitos nobres estão sendo
mortos lá, uma coisa terrível !Aliás, eu também me chamo Oliver! Oliver Olivier
!
-Nossa, que nome interessante, senhor Oliver !
-Pois é, Débora ! Você sabia que eu também
já fui pirata?
-Não, não sabia não...
-É verdade, na minha juventude, fui da tripulação
do falecido pai do Capitão Bigodão !
-Aquele lá é hilário !Mas o senhor nem é tão
velho...
-Ah, Sofia, sou sim, já completei cinquenta
anos...pouca gente chega nesta idade, viu?Pirataria é coisa para os jovens...
-Mas por que o senhor largou a pirataria?
-Ah, Débora, por um amor...eu namorei uma tia sua
por vários anos, casei com ela...mas ela faleceu no parto da minha filha, ah,
que tristeza...tão jovem, tão jovem...
-Tia Vanessa?
-Sim, ela mesma !
-Tinha fama de ser a louca da família...mas,
sinto muito por sua filha, senhor Oliver...
-Muito obrigado, Débora...bom, agora preciso ir
atender outros clientes, com licença, moças !
Não demorou muito e todas terminaram, e se
despediram de Oliver, e voltaram para a embarcação. Traziam sacos de comida que
sobrou do banquete para as demais piratas que tinham ficado no navio.Também
receberam de presente fartos víveres , insumos, barris de água fresca, pólvora
e mantimentos diversos, podendo assim reabastecer o navio.
Porém, antes de ir, Débora e Sofia pediram para
Ariadne para elas irem visitar o local onde ficava a antiga Taverna a Barracuda
Feliz.
Quando viram que no lugar onde ela ficava agora
jazia um cemitério, elas entraram lá, e rezaram pela alma de seus entes
queridos defronte ‘as suas lápides.
E sentiram um vento gelado e horripilante a lhes
percorrer a espinha.
Arrepiadas de pavor, saíram de lá correndo e
foram direto para o navio.
Já começava o sol a se por quando o Barracuda
Feliz zarpou e ganhou o alto mar.
Débora e Sofia ficaram com muitas saudades de sua
ilha natal, olhando a ilha abraçadas uma
‘a outra na proa do navio.
Ao mesmo tempo, sentiam um grande alívio, pois
deixavam para trás os fantasmas de seus passados.
-Sabe de uma coisa, amiga? Não quero mais me
lembrar desta ilha , nem de minha família e amigos daqui...
-Eu sinto a mesma coisa, Sofia!É um sentimento
muito estranho mesmo, esquisito, mas vir aqui me deixa triste e amargurada, e
eu quero mais é mel alegrar ! Melhor pensar nos dias para a frente !
-Isto mesmo, Débora, tens toda a razão !
(Por Continuar)
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