segunda-feira, 17 de abril de 2017

Episódio 7-As Piratas também Sonham:Armada !





-E de que me serve uma pirata com duas pernas cortadas? Você acha que podemos ficar com uma inútil a bordo?
-Mas isto é muito cruel !
-E cruel não é cortar as pernas de alguém?Gostaria que alguém lhe cortasse as suas?Olha só, garota, deixa eu te falar uma coisa: cruel mesmo é a gente arriscar perder presas ou sermos vencidas em batalha por causa de uma inútil atrapalhando-nas. Se no caso dela não tem cura e só vai piorar e sofrer ainda mais, com o perigo de ainda nos contaminar com a doença dela, já que é assim, eu vou ordenar que joguem a ela no mar para os tubarões comerem ou ela se afogar.
-Mas, Capitã...é...é muita crueldade!
-A outra opção é alguém da tripulação enfiar  a espada nela e a matar, depois jogar o corpo no mar.Vamos, vou descer com você na galé.
E as duas desceram, acompanhadas de Lorena. 
Na maior insensibilidade e frieza, Ariadne explicou a situação para ela.
-Se eu puder escolher, Capitã, prefiro que alguém me mate aqui no navio  mesmo. Melhor morrer do que viver com tamanha dor !
Débora baixou a cabeça e os olhos e copiosas lágrimas caíram deles.Ela saiu correndo para chorar no castelo de popa.Não queria participar disto.
Ariadne chamou Rita e Verônica, e as duas carregaram Geraldine toscamente, até a amurada estibordo do centro do navio.
Lorena colocou uma venda nos olhos de Geraldine, de cujos olhos generosas lágrimas também se derramavam.
Ariadne sacou sua espada.
-Por favor, corte a minha cabeça,Capitã , é mais rápido !
-Lá vai, Geraldine ! Adeus !
Ariadne girou nos calcanhares e sua afiada espada cortou a cabeça fora, num rapidíssimo golpe.
A cabeça rolou pelo tombadilho, ainda de olhos abertos e chorando.Lorena a pegou nas mãos e a jogou no mar.
O sangue ainda jorrava forte enquanto Rita e Verônica jogaram o corpo sem cabeça ao mar.
Por incrível que parecesse só duas pessoas choravam a morte de Geraldine: Débora e Elisa.
E a vida prosseguiu a bordo, como se nada tivesse acontecido...
Mas se as coisas estavam trágicas a bordo do Barracuda Feliz, não estavam menos a bordo do Lumiére:
O navio do tio de June foi sacudido por diversos tiros de canhão e todos os mastros caíram, além de ter  boa parte da lateral do navio destroçada. Na verdade, o poder destrutivo dos canhões inimigos foi tão forte, que quase metade do navio foi destruída e ele começava a afundar. Mais da metade da tripulação morreu com a saraivada, inclusive, para a tristeza de Agusta, o Capitão Tobias Ashton.
Diante de tão fragorosa derrota, em que viu seus homens restantes saltarem na água como ratos, preferindo serem mortos por tubarões do que enfrentar a Capitã Terror,Agusta viu que não havia alternativa: teria de fugir também, ou seria morta, aqueles piratas não fariam prisioneiros !
Ela então subiu no bote, que por sorte ficava do nlado não atingido do navio, cortou as cordas com a espada, e tão logo o bote caiu na água rubra de sangue, tratou de escapar escondendo-se atrás do seu navio que afundava célere.
Enquanto fugia, só com as roupas do corpo e sem víveres nem provisões, ficava pensando por que diabos a Capitã terror quis afundar o navio deles, sem sequer o abordar.Aquilo não foi um ataque de assalto, mas um ataque de destruição, como um navio de guerra ataca o outro. Não havia ali intenção de pilhar, saquear, apenas de destruir e matar. Intenções assassinas que não eram o normal de piratas fazerem, e sim, de militares contra outros militares.
E eles tinham usado só metade dos canhões de um só lado...
Analisando tudo como ocorrera, ela notou que a Capitã era excepcional estrategista, e mais parecia uma comandante experiente.E quão cruel ela era!
Só Agusta sobrevivera, todos os demais pereceram miseravelmente!
Ela mal salvara o chapelão de Capitão de Tobias e o anel de ouro dele. Ela agora era Capitã- mas de quem?
Se não lhe sobrara sequer tripulação?
Por quatro dias ela minguaria naquele bote miserável, passando fome e sede homéricas, quase cozinhando de calor debaixo do sol e quase congelando de frio durante a noite, torcendo para que um grande tubarão não lhe virasse o bote, e que não houvesse uma tempesatade.
Por fim, desmaiou e nem ela sabia quanto tempo ficara assim.
Mas enfim...
-Bote ‘a vista !
-Bote?Tem alguém dentro?
-Tem sim, Capitão, uma mulher !
-Uma mulher?
-Sim, uma mulher pirata, com chapelão de Capitão !
-Baixem o bote !Vamos resgatá-la!

(Por continuar)

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