Como a vida estava tranquila e não havia mesmo
muito o que fazer, outras piratas gostaram da idéia e começaram a ajudar nos
trabalhos.
Era serra daqui, serra de lá, prega daqui, prega
de lá, aplaina, alisa, e depois de todo um dia de trabalho duro, já quase na
hora do jantar, todas as modificações estavam prontas.
As rampas eram portáteis e tinham rodinhas, se
encaixavam em aparadores. Novas portas levantáveis foram feitas, uma do lado
direito da proa, outra do lado esquerdo da popa, e dois dos canhões podiam ser
deslocados para as novas posições.
E não demoraria muito para que um primeiro teste
fosse feito:
No dia seguinte, pela manhã, um galeão espanhol
foi localizado, e o Black Marlin se aproximou por trás, e atirou com o canhão
de proa, destruindo o cesto de vigia da presa.
Sem ter como saber onde estava o inimigo, o
galeão foi pego novamente de surpresa e seus canhões foram destruídos pelos do
Black Marlin , e não demorou, foi imobilizado e assaltado.
A presa, civil , logo se rendeu, e mais de
trezentas peças de ouro e seiscentas de prata foram pilhadas, deixando June
feliz da vida !
Os dois navios se separaram e o Black Marlin
seguiu seu curso, agora, novamente com dinheiro para o que precisasse.
-Parabéns, Fran !Olha, foi a presa mais fácil de
conquistar que eu já vi! Impressionante !
Esses e muitos outros elogios Fran recebeu, toda
feliz, com o sucesso de suas idéias !
Enquanto isto, no Barracuda Feliz:
-Ângela, você não desistiu daquela sua idéia de
matar a Capitã June, não?
-Claro que não !Só não tive oportunidade ainda !
E você , Sofia?
-Claro que não também !
-Vocês duas, vamos prestar atenção no trabalho
nestas velas, senão daqui a pouco a Lorena vai estar nos torrando a paciência !
Disse Denise.
Mas mais abaixo, Ariadne reunia-se com Lorena em
sua cabine:
-Quem da tripulação você acha que deve entrar
para o lugar da Geraldine no timão? Ela disse que está com as pernas inchadas
demais e não consegue mais ficar em pé!
-Já que pedistes minha sugestão, Capitã, eu recomendaria
a Elise.
-E por que ela?
-Por que, senhora, ela é a menos hábil na espada
e a menos violenta, menos feroz nas batalhas. E não é das melhores nem nas
velas nem nos canhões. Não podemos abrir mão de nossas melhores piratas no
timão!
-Certo, sugestão aceita. Mande a Elise vir falar comigo. Depois a Geraldine.
-É para já , Capitã !
Não demorou, Elisa apareceu.
-Sim, Capitã !
-Elisa, eu decidi que a partir de agora, você vai
substituir a Geraldine no timão, e será nossa timoneira oficial. A Geraldine
vai te ensinar como manusear direitinho.
-O que aconteceu com ela, Capitã?
-Ela está doente, com as pernas muito inchadas.
-Puxa, que pena, entendi...tudo bem, vou lá
aprender com ela então.
Ao chegar ao timão, Elise falou com Geraldine,
que lhe explicou tudo o que teria de fazer em apenas cinco minutos. Parecia ter
muita pressa para sair de seu posto.
Elisa assumiu o timão, e Geraldine foi o quanto
antes para a cabine de Ariadne, que
ainda estava sentada na cadeira de sua escrivaninha.
-Capitã, permissão para ir me deitar na minha
rede na galé !
-Permissão concedida.
Geraldine foi então, manqueando feio, mal se
equilibrando, e com extremo sacrifício , desceu a escada e chegou em sua rede. Tirou
suas botas e meias, e tirou sua calça e arregaçou as pernas de sua roupa de
baixo até o joelho, e se deitou.
E chorava de dor !
A trombose tinha consumido suas pernas e pés, que pareciam que iam explodir de tão
inchadas, e várias veias estouradas faziam sangrar as duas pernas.Só ficando
com as pernas para cima aliviava um pouco a dor, mas ainda assim, era muito
sofrimento!
Por acaso já estava perto da hora do almoço e Débora
descera para fazer as refeições quando ouviu os gritos lancinante e horrendos
de dor de Geraldine.
-Uuuh, mas o que aconteceu com você !Por que está
sentindo tamanha dor?
Geraldine apontou para as próprias pernas.
-Aaargh ! Que horror, estão roxas, quase pretas,
e estão com cheiro de carniça !Eu vou falar com a Capitã agora !
Débora foi correndo falar com Ariadne, e contou o que
viu.
-Capitã, não vai ter jeito, não temos médico a
bordo, vamos ter de cortar as duas pernas dela !
(Por continuar)
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