segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Mini série: As Piratas também sonham ! Episódio 5



No dia seguinte, eles zarparam com o naviozinho, pouco maior que um bote grande e com apenas uma vela e foram para a ilhota.
Lá arranjaram um bom lugar para atracar.
-Fique atrás daquelas palmeiras, Imediato, de costas para mim, até eu mandar!
-Sim senhorita, Capitã !
June então se desnudou e caiu na água. Ali a praia era rasa e ela caminhou até a ‘agua chegar na altura de seus ombros, Só então gritou:
-Pode vir, Marujo !
Harry também se desnudou e caiu na água, e logo começavam as aulas de natação.
Ele foi o tempo todo respeitoso para com ela, e conseguiu, todos os dias, por meses, ensiná-la sem tocar um só dedo nela.
Por fim agora June já nadava como peixe e tinha bom fôlego inclusive para mergulhar. Sabia boiar e até conseguiu nadar bem em águas mais profundas.
Terminada esta fase, ao por do sol, depois do último dia de treinamentos de natação, eles conversavam na amurada do quebra mar do Porto:
-Finalmente você já está quase pronta, Capitã ! Agora só falta eu te ensinar a atirar com armas de fogo !
-Mas Imediato, estas armas são muito caras !
-Eu sei Capitã, mas eu tenho um par de velhas pistolas, que guardo há muitos anos, com muito carinho.E será com elas que te ensinarei a atirar !Daqui a alguns meses você completará treze anos e minha missão terá terminado.
-Marujo, eu sentirei muita falta de você na minha vida, velho amigo...
-Eu também, Capitã, mas somos como as gaivotas: temos de aprender a voar e quando aprendemos, temos de saltar do ninho e alçar nosso primeiro voo, e uma vez que se voou, a missão dos pais terminou, pois agora a pequena gaivota já é capaz de voar sozinha. Se os pais a deixarem ficar no ninho para sempre, ela nunca aprenderá a voar, e seus pais ficarão velhos e não conseguirão dar peixe no bico , nem defende-la para sempre, este é o destino da vida,filhos são feitos para voar ao por do Sol dos Pais...e o dia de sua liberdade, será para a pequena gaivota , seu nascer do Sol, e ela crescerá forte e feli e se lembrará de tudo o que lhe foi ensinado. Um dia a pequena gaivota será uma grande gaivota, vai ter filhotes e um dia também ela terá de se despedir de suas pequenas gaivotas, como ela mesma fora outrora, este é o velho ciclo da vida,de nossas vidas, que temos a enfrentar! Doravante será teu Dia de Liberdade, um dia que jamais se esquecerá, neste dia e para sempre, lembre-se por favor deste velho lobo do mar que tanto se afeiçoou a você e que se dedicou a seu pai e depois a você, por toda a sua vida, eu  também jamais a esquecerei !
June olhou para o velho pirata:os olhos dele estavam rasos de emoção e aquele olhar ela jamais se esquecia por toda a vida dela.
Ela o amava, o amava muito , pois ele foi o pai que nunca tivera, pois o pai verdadeiro nunca cuidou dela quando ela precisou.
Mas toda vez que June precisava, ou corria perigo, lá estava ele para protegê-la. Depois que ficou muito velho, ela o protegia usando a espada do pai.
Ela o abraçou com ternura e o deixou acariciar seus cabelos ruivos como sangue, como fogo. E como fogo sua determinação se incendiou, e ela se dedicou com muita garra nas últimas lições do velho Harry.
No dia anterior ao seu aniversário de treze anos, June o chamou para um passeio em seu naviozinho.
Harry ficava de pé no pontal do barco, e então ele abriu os braços e disse:
-Muita gente acha que ser pirata é ser um bandido do mar, é ser um simples marujo que rouba e mata, mas este não é o verdadeiro espírito pirata !Capitã, por favor, sede generosa com teu povo, não roubes e mate só para ficar rica, não faças da tua ambição teu objetivo na vida: não te esqueças de teu passado, fique apenas com o que precisar,o resto dê para as pessoas pobres de nossa cidade. Sejas generosa com quem fez de você o que você é e será, sede agradecida !Esta é a verdadeira nobreza de um Capitão !
-Sim, Imediato, serei! Mas é este o verdadeiro espírito da Pirataria que falavas?
-Não, Capitã! O verdadeiro espírito do Pirata está nos ventos, no seu navio, no mar, no céu...é a liberdade, Capitã ! Liberdade de viver o Mundo, viver o mar, de abraçar o mundo tão gigante assim !É se sentir tão grande quanto o Mar !
Esta fora outra cena que June jamais se esqueceria, e aquelas palavras calaram fundo em seu coração. Ela não sabia, mas talvez pressentisse, que aquela seria a última lição que receberia !

(Por continuar)

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