sábado, 31 de janeiro de 2015

O Presídio- Episódio 14



Expliquei a gravidade da situação dela para 133144, que me olhou com olhar determinado:
-Impossível é o estado em que o Possível estava antes de ter acontecido ! Eu vou salvá-la e você irá me ajudar !
-Mas...mas é perigoso demais !Nós dois podemos ser presos e mortos também, ela já está condenada, você não entende?
-Condena-se a si mesmo quem se abstém de lutar pelo que é justo !
E 133144 atirou uma pedra na cabeça do  881755, que fez o quepe dele voar longe, mas revelando nossa posição.
O olhar do meu colega da DIIS para mim e para o 133144 gelou-me o coração !
Ele tinha nos visto juntos e mais parecia uma fera, com seu olhar colérico.
500800 aproveitou a confusão para sair correndo, e logo eu e 133144 a alcançamos e começamos a fugir juntos.
Furioso, 881755 sacou o cassetete e acertou as costelas da mãe da 500800 com tudo, dando até para ouvirmos o "crack" horrível das costelas se partindo.Em seguida, ele começou a golpear a cabeça dela com toda a força, e o crânio, despedaçado, deixou vazar uma poça de sangue pelos ouvidos , nariz e boca. Ela estava morta !
-Para onde iremos, 100169?Vamos fugir do Presídio?
-Não há como, 133144, não há porta externa aqui e os muros são demasiado altos! Só nos resta ir aos labirintos subterrâneos!
-Mas é justamente lá que está a DIIS !
-Há uma ala secreta e proibida que nem o pessoal do DIIS tem autorização para entrar! Ela dá para uma caverna subterrânea, labiríntica, que ninguém sabe onde vai dar !Vamos nos esconder lá !
Eu os conduzi correndo para uma entrada para o subsolo que era exclusiva de guardas, e descemos correndo a escadaria, e lá achamos a porta de aço que se abria para a caverna.
Lá a escuridão era total e minha lanterna que eu levava sempre no cinto era fraca e mal iluminava alguma coisa.
Mas nos embrenhamos no labirinto de corredores e conseguimos despistar finalmente o guarda da DIIS e os outros guardas que nos perseguiam.
-Finalmente, agora estamos seguros ! Aqui eles nunca nos acharão!
Eu disse, enquanto 133144 amparava  500800, que chorava profusamente.
-Malditos !Assassinos ! Mataram a minha mãe ! E na minha frente ! E querem matar meu bebê...meu bebê...eu não quero ficar sem meu bebê !
Dizia, por entre lágrimas abundantes, 500800,e seus olhos expressavam fúria e revolta!
-Calma, meu amor, nós vamos criar nosso filho juntos...ninguém vai nos matar não, calma...eu estou aqui para te proteger !
-Oh, 133144...
Respondeu 500800, e voltou a chorar no ombro dele.
-Agora conseguimos piorar mais ainda nossa situação! Nunca mais poderemos voltar ao Presídio !No mínimo vamos apodrecer na solitária, se voltarmos...
-100169, alguém já voltou daqui?
-Não, nunca !Um guarda descobriu por acaso esta caverna, quando houve uma infiltração de água no corredor subterrâneo e a parede cedeu. Ele entrou lá para verificar e nunca mais voltou. Então resolveram fazer a porta de aço onde a parede tinha cedido, e acharam que só os avisos e as regras proibindo abrir a porta e entrar fossem suficientes.
-Não é à toa, tantos corredores, tantos caminhos possíveis, tantas câmaras...
Finalmente 500800 parou de prantear e disse:
-Amor, mas como viveremos aqui? E como vamos comer, beber? Não há nada por aqui, só um monte de corredores vazios...
-Eu li em um livro que sempre tem rios subterrâneos nas cavernas, e tem animais também, como morcegos.
-Rios? Morcegos? O que é isto?
Perguntamos eu e  a 500800.

(Por continuar)

Nenhum comentário:

Postar um comentário