-Oras, Imediata, já te falei que fantasmas não
existem !
-Eu acho que existem sim !Olha só, olha só os
ossos estão brilhando ! Ai, que medo, ai, que medo! Capitã, os olhos das
caveira estão com um brilho vermelho !Isto é coisa maligna ! Vamos embora,
Capitã, por favor !
-Juliette, quer calar a boca !Onde já se viu uma
pirata medrosa deste jeito! Não estou vendo nada de brilho vermelho !
E June pegou um dos crânios na mão.
-Estou falando sério, Capitã, acredite, eu te
rogo, pelo amor de Deus, vamos dar o fora daqui !
Repentinamente, June deixou o crânio que segurava
cair no chão e ele se espatifou.
Ela via algo que não deveria estar ali, atrás de
Juliette !
-Aaaaaah !
June gritou, saltando para trás assustada, e sacou
sua espada.
Juliette não aguentou mais e saiu correndo em
direção ao bote.
-Ei, não vai abandonar o barco e deixar sua
Capitã aqui sozinha, vai?
Sua Imediata nem respondeu, já estava pronta a
pular par o bote quando June a segurou pelo braço.
-Você fica !
Nisto, a lanterna de vela, que estava no chão
caiu para o lado, e um incêndio começou a se formar.
-Vamos embora, o fogo logo vai acabar com estas
pobres almas !
E June e Juliette voltaram para o bote e foram
para o Black Marlin.
Atrás delas, o navio português ardia,
consumindo-se em chamas!
-Deve ter sido ilusão ótica a minha, mas eu
assustei porque vi o Harry Harrier ali, atrás de você !
-Não duvido que fosse ele, ali estava cheio de
fantasmas ,Capitã!
-Bah! Deve ter sido mesmo ilusão a minha, estas
coisas não existem !Pronto, chegamos, vamos embarcar !
E as duas subiram no navio.
As marujas estavam todas ansiosas por respostas.
-Não havia nada lá, só esqueletos dos mortos.
Fiquem tranquilas, não tinha fantasmas lá. O incêndio aconteceu por que eu deixei a
lanterna cair no tombadilho!Vamos embora! Levantar âncoras ! Enfunem as velas,
vamos embora !
Disse June, e a tripulação começou a trabalhar, e
logo o Black Marlin já singrava a toda velocidade.
June então foi dormir e Juliette logo correu
atrás dela.
-Não senhorita !
-Mas a senhora prometeu...
-Você me decepcionou hoje! Já ia abandonar o
navio e me abandonar sozinha lá !E ainda diz que me ama ! Que bela namorada é
você, nem amiga é !
Aquilo caiu fundo em Juliette, que explodiu em
lágrimas:
-Me perdoa, Capitã, me perdoa, por favor, pelo
amor de Deus, eu errei, eu estou arrependida, foi um ato impensado...
-Um ato impensado que pode custar-lhe o cargo de
Imediata!
Ai, nãaaaao, senhora, por favor, eu sempre fui a
mais fiel de suas servas, por favor, eu te imploro...
-Eu vou pensar nisto. Mas hoje você não merece
nem sequer um beijo meu, quanto menos fazer amor comigo, vá para as galés e vá agora, já !E me deixe em paz !
E June bateu a porta de seus aposentos
violentamente na cara de Juliette,que, arrasada e humilhada, vou dormir nas
galés, chorando aos cântaros.
Com certeza ela não conseguiria dormir naquela
noite...
Mas June também não.
Ela tirou seu chapéu e casaco de capitã e caiu na
sua cama chorando copiosamente também. Ela sabia que Juliette sofria, e não
queria ter tido de humilhá-la e rejeitá-la. Mas ela se sentia traída, e,
naquele momento, parecia que sua confiança em Juliette tinha se esvaído por
entre os dedos da sua mão qual areia!
(Por Continuar)
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