O dia seguinte foi comum, como qualquer outro,
mas a noite...
Naquela noite, Juliette foi admitida na Cabine da
Capitã para namorarem e fazerem amor novamente, mas foram brutalmente
interrompidas pelo aviso da vigia:
-Navio ‘a vista !Navio ‘a vista !
-Mas como ela consegue enxergar um navio no meio
da escuridão da noite ?
-Não sei, Capitã, mas talvez...
-Sim, vamos ver o que está acontecendo. Vamos nos
trocar e ir lá !
-Sim, senhora, meu amor, minha vida !
E dali ‘a pouco, lá se foram elas.
De fato, June nem precisou de seu monóculo para
ver o que acontecia:
Ao longe, uma luz tenebrosa, tipo fogo fátuo se
via boiando no mar, deixando entrever as linhas fantasmagóricas de um navio que
parecia abandonado.
-O...navio...o navio fantasma !
Disse Long Legs Laura, apavorada !
De fato, toda a tripulação, crédula, estava de
cabelos em pé, em pânico !
-Calma, calma, gente, deve ser o navio português
que pilhamos ! As correntes devem tê-lo trazido até aqui, e eles devem ter
morrido, e vocês sabem, os ossos brilham no escuro, não é nada, vamos voltar a
dormir !
-Mas Capitã, eles agora são fantasmas e querem
devorar nossas almas !
-Bianca, não diga besteiras, fantasmas não
existem! Timoneira, vire trinta graus para estibordo ,vamos desviar deles para
não bater ! Vamos, vamos, vamos todas dormir, andem, andem !
Mas todas pareciam simplesmente hipnotizadas e
não conseguiam desgrudar os olhos do outro navio, agora mais próximo.
-Acho que elas não conseguirão obedecer, senhora,
estão todas apavoradas, como eu, aliás !
Disse Juliette.
-Ah, está bem, está bem, eu vou mostrar a vocês
que não tem nada demais naquele navio, só ossos velhos !Baixem a âncora !Imediata,
chame algumas marujas e preparem um bote para nós, eu e você vamos até lá !
-Eu e você, Capitã? Não seria melhor a senhora ir
sozinha?
-Ordens da Capitã não se discutem, se cumprem ! Vá
logo !
Vendo que Juliette não parava mais de tremer e
estava pálida como cera, June cochichou no ouvido dela:
-Você não diz que me ama, que é a minha namorada?
Então vai ter de ir comigo !Depois a gente
faz amor de novo !
Juliette fez que sim com a cabeça e foi com mais
três marujas preparar e descer o bote.
O restante da tripulação, amedrontada, rezava por
elas, ajoelhadas no tombadilho.
June e Juliette entraram no bote, munidas apenas
de uma lanterna de vela e suas armas.
Já no mar, Juliette remava vigorosamente,
enquanto June observava o navio fantasma.
Ao chegar nele, as duas escalaram a lateral do
navio e entraram pela proa.
Ao ingressarem a bordo, viram de fato uma coroa
de esqueletos ainda amarrada no que restava do mastro principal.
Os ossos brilhavam ao luar, já que era noite de
lua cheia.
-Ai, que medo, Capitã !
Disse Juliete, que abraçou June por trás com
força, tão de repente que esta soltou um grito!
-Não me apavora deste jeito, Imediata !Pelas
gaivotas ,oras !
-Eu estou com mêdo !Estou apavorada !
-Não há nada que se temer aqui, só um monte de
ossos velhos!
E June chutou um dos esqueletos, e um monte de
ossos rolaram pelo convés !
-Como a senhora é corajosa! Mas não devia mexer
com eles, os fantasmas deles vão ficar bravos!
(Por continuar)
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