Vendo que elas não iriam obedecer facilmente,
June foi para a sua cabine e trouxe uma chibata consigo.
- Andem mandrionas, já a seus postos ! E ela deu
fortes chibatadas no costado do navio, fazendo muito barulho, o que assustou as
meninas , que voltaram a seus postos correndo e resmungando.
E June logo via as meninas subindo pelos mastros
e ajustando as velas, puxando cordas e outras tarefas, e o navio ganhou
velocidade.
-Venha, Juliette, vamos inspecionar o navio e ver
como estamos de provisões !
-Sim, senhora !
-Eu ainda sou muito jovem para ser chamada de
senhora!
-É que és a Capitã, senhora !
-Eu entendo que queiras respeitar meu cargo,
Imediata,
e isto é muito bom, mas “senhora”...me chame de
senhorita então, ok?
-Sim senhorita, Capitã!
-Vamos lá logo!
Elas desceram as escada e chegaram ao segundo
deque, onde ficavam os canhões, num total de oitenta, quarenta de cada lado. Atrás,
no fundo, e perto da escadaria, havia uma pequena e modesta cozinha, se é que
podia se chamar assim, com um tanque de madeira raso, cheio de areia, lenha, e
um grande caldeirão, pendurado em um pedestal de ferro. Junto a parede, um
pequeno armário, com pratos rústicos , e copos
de metal bem primitivos. Penduradas em ganchos iam algumas grandes
colheres de cozinhar
-Os canhões parecem estar em bom estado, vamos
continuar descendo.
-Sim, Capitã!
Desceram então para as galés, ou seja, os porões
do navio.
Havia velas, cordames, tecidos grosseiros de
várias cores , agulhas e linhas de costuras, linhas de pesca, anzóis, um pouco
de limas e sacas com carne salgada, e duros biscoitos grosseiros, além de uns
poucos pequenos sacos com temperos, sobretudo, pimenta seca. Também havia um
pouco de açúcar guardado. Também havia muita munição.
-É, não temos lá muita coisa, Capitã, isto vai
dar para poucos dias, vejo que logo teremos de aportar em algum lugar ou
assaltar algum navio!
-Verdade, Imediata, bom, preciso, por falar
nisto, ver quem será nossa cozinheira.
-Se queres a minha recomendação, Capitã, a
senhora poderia considerar a escolha de Joanna!
-Ela é boa cozinheira? Já experimentastes a
comida dela?
-Sim, Capitã, ela cozinha muito bem !
-Está certo, irei falar pessoalmente com ela.
Vamos subir ao convés.
E subiram
as escadas novamente.
Já no convés, June viu Joanna encarapitada no
alto do mastro principal, servindo de vigia.
-Imediata, convoque uma maruja para subir a vigia
e chamar por Joanna.
-Sim, senhorita, Capitã !
Juliette foi ter então com uma das marujas, que
estava limpando o convés.
-Diana, suba no mastro principal e chame Joanna,
a Capitã quer vê-la.
-Sim, Imediata, é para já!
Diana mais parecia macaca treinada. Subiu no
mastro com extrema destreza e chamou sua colega, que logo desceu.
-Sim senhora, pois não, Capitã !
-Joanna, você a partir de agora será nossa
cozinheira! Ah, e você , Diana, será nossa vigia daqui por diante.
-Sim, senhora !
June logo viu que o título de “senhorita” não
pegaria, e ela teria de se acostumar, apesar de sua pouca idade, a ser chamada
de senhora.
Mas aquelas águas calmas não iriam permanecer
assim tão calmas por muito mais tempo...
(Por continuar)
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