quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

O Presídio -Episódio 11



Assim, no mesmo dia, passei a ficar  encarregado de vigiar somente os dois, e não precisava mais percorrer o Presídio inteiro em rondas intermináveis como antes.
Tinha acesso agora a todas as câmaras escondidas e a todos os microfones.
Mas ainda não seria tão cedo que eu viria a vigiar os dois.
Um anúncio se fez nos alto falantes de todo o Presídio:
-Atenção, todos os presidiários,o Dia  da Liquidação Anual  dos Inválidos chegou.Todos os que forem completar sessenta anos de idade dirijam-se à Sala dos Inválidos para assinar sua prescrição.Lembrando que quem se opor à Liquidação será dirigido para o Departamento de Torturas Gerais!
O Dia da Liquidação Anual era o dia mais terrível do ano do Presídio.Uma regra estabelecia que, com excessão única do Diretor, todos os cidadãos tinham a validade de suas vidas prescritas ao completar sessenta anos de idade e seriam mortos em massa.Todas as pessoas de ambos os sexos, que naquele ano fossem completar esta idade, fosse este aniversário antes ou depois do dia marcado, desde que fosse naquele ano,tinham de morrer.
Eram todos conduzidos para uma sala no subsolo, a Sala dos Inválidos, onde tinham de assinar um documento que atestava que seu prazo de validade como pessoa humana e de sua vida tinha vencido e prescrito, e depois suas roupas eram retiradas e recebiam algemas com correntes nos pulsos e nas pernas, acorrentados em fila um atrás do outro e elevados ao centro do pátio principal, onde , de uma comporta no solo, saía uma máquina gigantesca, com vidro transparente, onde as pessoas tinham suas algemas e correntes retirados, assim como seus tapa olhos e depois eram levados por uma esteira rolante para dentro da máquina, que moía as pessoas ainda vivas, e o sangue era separado do bagaço do corpo, que era triturado até virar farinha, que seria depois utilizada(secretamente,apenas os guardas tinham acesso a esta informação secreta) na ração dos prisioneiros , como comida.
Os guardas tinham de escoltar os inválidos para  dentro da máquina.
Se algum inválido ou parente de inválido protestasse ou resistisse, seria torturado,dependendo da gravidade do delito, que seja o tamanho de sua resistência,até a morte.Se bem que se fosse um inválido, seria até a morte de qualquer maneira.
Eu já assistira a algumas dezenas de execuções em massa destas, e nunca gostei de ver estas coisas. A máquina girava lentamente, e cada pessoa começava a ser moída pelos pés, depois pernas , tronco e cabeça, e levava cerca de suas horas para ser moída inteira, e mais uma hora para se transformar em farinha.Podia-se ouvir as pessoas gritando de dor e sendo cruelmente  esmagadas pela máquina impiedosa.O barulho dos ossos se partindo era  também amplificado pelos alto falantes da máquina de forma perturbadora.
A execução era pública e todos os detentos eram obrigados a se reunir em volta da máquina e assistir.Quem fechasse os olhos, tampasse os ouvidos ou tentasse ir para outro lugar era espancado pelos guardas até que voltasse a assistir.Choro também era punido com solitária.
Mas a turba parecia gostar de ver tudo aquilo e ainda aplaudia e vibrava com cada osso quebrado.E eles diziam gostar por que era a única diversão deles por ano, algo que quebrava a dura rotina de não ter nada o que fazer, já que, a não ser para os detentos que já nasceram com esta incumbência, executada por gerações e gerações da mesma família, era proibido aos presidiários comuns  trabalhar.
Então, os serviços essenciais para as pessoas eram prestados sempre pelas famílias designadas, como lavar, passar roupas,cozinhar e outros.Eu mesmo descendia de gerações passadas de guardas.Havia uma escola no Presídio, onde  as crianças aprendiam a ler e escrever, e tinham de decorar uma cartilha com as principais Leis e Regras que o Diretor achava que deveriam saber, a Cartilha Restrita de Leis e Regras.Somente administradores e guardas tinham acesso à esta classe de prisioneiros, e tínhamos,nós guardas e adminstradores,uma escola especial só para nós.

(Por continuar)

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