domingo, 22 de fevereiro de 2015

O Presídio-Episódio 35



Seus olhos estavam rasos, e o silêncio deles era perturbador, e me fazia doer o coração!
Voltamos, e eles entraram na cela deles, e eu voltei para a minha.
Ao chegar lá, minha esposa estava com feições soturnas.
Eu esperava encontrar nela um sorriso, algumas palavras de apoio, um semblante feliz, e tinha esperanças de que daqueles lábios tão sensuais e delicados viesse um beijo, ou ao menos palavras confortadoras, ao ver minhas lágrimas brilhando à lua cheia.
No entanto, para minha surpresa, os olhos dela continham lágrimas também, e o som do tapa em meu rosto ecoou pelo Presídio antes silencioso, rasgando-o como faca.
Meus olhos arregalados e incrédulos quedaram-se vidrados, sem que eu conseguisse expressar qualquer emoção!
Meu cérebro parou. Emudeceu. Minha mente se esvaziou por completo, eu jazia estático de pé como se uma estátua eu fosse, mirando o vazio. Um desespero corroía minha alma, mas não conseguia extravasar!
Como eu tinha podido chegar a tal ponto? Por que eu tinha aceitado tal cargo? Por que ela me batera?
Aos poucos minha mente ia voltando e as perguntas de meu monólogo interno me atormentavam, e começava a me arrepender de minhas atitudes.
Estava eu delirando em disparate em meio aos meus devaneios angustiantes, quando uma verdadeira faca os rasgou com violência extremada. Era a voz dela, que soara !
-Seu idiota !Idiota ! Eu estou grávida ! Grávida ! Agora temos uma gravidez ilegal e poderemos ser punidos !
-Calma, 170929 !Agora eu sou o Chefe da DIIS, e não podemos mais ser punidos, eu a protegerei com a minha autoridade !
Agora fora a minha esposa quem ficara espantada. Só então ela notou o temível uniforme da DIIS que eu vestia, e se encolheu toda num canto:
-E...então, você vai me punir? Vai me torturar? Vai mandar eu abortar? Vai bater em mim? Vai chamar seus homens?
-Claro que não, querida, nada  ver !Fique tranquila, jamais faria isto com você !
-Mas a gente da DIIS são maus, são cruéis, eu tenho medo !
Eu a levantei do chão e a abracei, e fiz carícias confortadoras nas costas dela e a beijei. Só então ela começou a se acalmar, mas ainda estava confusa.
-Eu lhe pareço mau? Lhe pareço cruel? Meu bem eu a amo, jamais a machucaria, e quero muito nosso filho !
Agora foi a vez dela me beijar, e depois disse:
-Então não seremos punidos? Vamos poder ter nosso bebê normalmente? Vais aceita-lo como seu filho?
-Não seremos punidos, vamos ter nosso bebê em paz e claro que o aceitarei e reconhecerei como meu filho !
Ela ficou tão feliz com as respostas, que acabou por fazer amor comigo...

(Por continuar)
 

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