segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Mini série: Naquela Fria manhã de Outono:Especial de Natal-Episódio 4



Maki voltara a sorrir até que, repentinamente notou que passavam em frente ao cemitério onde Nami estava enterrada. O contraste da decoração de Natal das ruas e o cemitério a fez lembrar dos antigos Natais com Nami.
Imediatamente as lágrimas começaram a brotar.
-Maki-san, o que aconteceu?
Disse Hideo, preocupado.
-Eu não quero mais ir para a aula hoje! Papai, por favor...por favor...pára o carro aqui !
Tetsuo viu as lágrimas dela pelo espelho retrovisor, e parou, estacionando em frente ao cemitério.
-O que foi, filha?
Maki abriu a porta do carro em silêncio e foi caminhando sozinha pelo cemitério. Não se importava com o vento frio e a neve caindo.
- O que será que aconteceu com ela?
-Não é óbvio, Hideo-san? Saudades da Nami-san !
-Não é só isto, Kuome-nee-san...é Natal, ela deve estar lembrando dos Natais dela com a Nami-san, vamos deixar ela ir sozinha...
-Mas oniii-san, alguém precisa consolá-la...
-Já disse que não! Vão indo a pé para a escola, eu vou esperar por ela aqui!
-Tadinha, ela nunca vai esquecer da irmã...
Disse Kuome-san, descendo do carro enquanto Hideo descia também.
-E você se esqueceria do seu irmão, se ele falecesse, Kuome-san?
-É, você tem razão, Hideo-san, claro que não, mas acho que para ela é pior, com a história de vida que ela tem...
Enquanto Hideo e Kuome seguiam pela avenida a pé, Tetsuo ficava pensativo em suas lembranças de Nami....
Maki estava de cabeça baixa, e mesmo em um cemitério tão grande, ela conseguia lembrar a localização de Nami só seguindo seu coraçãozinho pesaroso.
Suas lágrimas voavam ao vento e ela ia devagar, perdida em lembranças que pareciam tão distantes, tão perdidas no tempo, parecia que o colorido delas estava esmaecendo, as vozes cada vez mais longínquas, mas as saudades tão pesadas e dolorosas lhe arqueavam a espinha e ficava até difícil de respirar !
Finalmente ela encontrou a sepultura de Nami, e ali se sentou no meio da neve e com os braços no cimento duro da sepultura, deitou entre eles seu rosto encharcado e deixou extravasar todo o seu pranto!
Aos poucos que por ali passavam, e tentavam saber o que acontecia, ela os rejeitava, ficava gravado no rosto destas pessoas seu espanto !
Ela passou um bom tempo lembrando quanto mais lembrava, mais doía, e quanto mais doía, mais ela chorava, o peso na alma parecia não sair de seus ombros nunca!
De repente o seu mundo ficara cinza, e todas as pessoas pareciam serem fantasmas, e vontade para qualquer coisa não mais havia.
Dolorosamente e a muito custo levantou-se e pôs-se a caminhar qual zumbi, e cada passo parecia pesar uma tonelada, a vida lhe era um fardo e ela arrastava seus passos pela neve, num equilíbrio precário, até que desabou na neve fofa.
-Maki-nee-chan?Maki-chan?
-Me deixa em paz, eu quero morreeeer…cadê você, Nami, Nami-san,oneee-san, eu preciso de você!
Repentinamente Maki sentiu um calor a envolve-la que mais parecia um abraço muito conhecido seu.
-Shhh...calma, onee-chan, eu estou aqui, eu estou aqui com você...
-Nami-san !Nami-saaaaan !
E Maki retribuiu o abraço caloroso com um abraço desesperado.
Dos olhos de Nami também brotavam lágrimas por entre um sorriso, e a voz logo soou:
-Você não está sozinha, Maki-nee-chan, eu estou aqui com você, sempre estarei !Nossos Natais sempre foram muito bonitos, muito felizes, mas são outros tempos , minha irmã...
-Eu não quero outros tempos, onee-chan !Eu quero que os velhos tempos voltem de novo !
-Não fiques assim, Maki-chan, olha, neste Natal eu vou te dar um sinal, ok? Eu vou aparecer para te alegrar, está bem, onee-chan? Eu te prometo !
-Vai mesmo, onee-san ?
-Eu vou, eu te juro !
-Obrigada, muito obrigada, onee-san, você é a melhor irmã do mundo !
-Você também,queridinha, eu te amo demais, sempre te amarei e nunca te esquecerei!
-Ai, Nami-nee-san, isto significa tanto para mim...eu também te amo demais e nunca me esquecerei de você!
-Agora preciso ir, onee-san, até o Natal !
Maki então viu Nami flutuando no ar, de asas abertas, como um anjo, e num relance de luz, desapareceu.
Ao abrir os olhos o rosto que ela viu foi o de Natusume, sua outra irmã.
Na verdade ela passava por ali e viu Maki caída na neve, e a abraçou, e fingiu ser Nami, enquanto Maki não sabia se tinha tido uma visão ou sonhado.
-Natsumi-san, que linda! Eu te adoro, viu? A Nami-nee-san me disse que vai aparecer no Natal para mim !
-Obrigada, onee-san !Vamos voltar para casa?
Natsume estava, no entanto, assustada: tinha visto uma sombra se projetar por trás de um anjo de concreto de uma sepultura ‘a frente delas!
As duas foram caminhando pelo cemitério, agora deserto em meio aos ventos e a neve, no frio enregelante daqueles campos  repletos de ausências...

(Por continuar)

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