Maki voltara a sorrir até que, repentinamente
notou que passavam em frente ao cemitério onde Nami estava enterrada. O
contraste da decoração de Natal das ruas e o cemitério a fez lembrar dos antigos
Natais com Nami.
Imediatamente as lágrimas começaram a brotar.
-Maki-san, o que aconteceu?
Disse Hideo, preocupado.
-Eu não quero mais ir para a aula hoje! Papai,
por favor...por favor...pára o carro aqui !
Tetsuo viu as lágrimas dela pelo espelho
retrovisor, e parou, estacionando em frente ao cemitério.
-O que foi, filha?
Maki abriu a porta do carro em silêncio e foi
caminhando sozinha pelo cemitério. Não se importava com o vento frio e a neve
caindo.
- O que será que aconteceu com ela?
-Não é óbvio, Hideo-san? Saudades da Nami-san !
-Não é só isto, Kuome-nee-san...é Natal, ela deve
estar lembrando dos Natais dela com a Nami-san, vamos deixar ela ir sozinha...
-Mas oniii-san, alguém precisa consolá-la...
-Já disse que não! Vão indo a pé para a escola,
eu vou esperar por ela aqui!
-Tadinha, ela nunca vai esquecer da irmã...
Disse Kuome-san, descendo do carro enquanto Hideo
descia também.
-E você se esqueceria do seu irmão, se ele
falecesse, Kuome-san?
-É, você tem razão, Hideo-san, claro que não, mas
acho que para ela é pior, com a história de vida que ela tem...
Enquanto Hideo e Kuome seguiam pela avenida a pé,
Tetsuo ficava pensativo em suas lembranças de Nami....
Maki estava de cabeça baixa, e mesmo em um
cemitério tão grande, ela conseguia lembrar a localização de Nami só seguindo
seu coraçãozinho pesaroso.
Suas lágrimas voavam ao vento e ela ia devagar,
perdida em lembranças que pareciam tão distantes, tão perdidas no tempo,
parecia que o colorido delas estava esmaecendo, as vozes cada vez mais
longínquas, mas as saudades tão pesadas e dolorosas lhe arqueavam a espinha e
ficava até difícil de respirar !
Finalmente ela encontrou a sepultura de Nami, e
ali se sentou no meio da neve e com os braços no cimento duro da sepultura,
deitou entre eles seu rosto encharcado e deixou extravasar todo o seu pranto!
Aos poucos que por ali passavam, e tentavam saber
o que acontecia, ela os rejeitava, ficava gravado no rosto destas pessoas seu
espanto !
Ela passou um bom tempo lembrando quanto mais
lembrava, mais doía, e quanto mais doía, mais ela chorava, o peso na alma
parecia não sair de seus ombros nunca!
De repente o seu mundo ficara cinza, e todas as
pessoas pareciam serem fantasmas, e vontade para qualquer coisa não mais havia.
Dolorosamente e a muito custo levantou-se e pôs-se
a caminhar qual zumbi, e cada passo parecia pesar uma tonelada, a vida lhe era
um fardo e ela arrastava seus passos pela neve, num equilíbrio precário, até
que desabou na neve fofa.
-Maki-nee-chan?Maki-chan?
-Me deixa em paz, eu quero morreeeer…cadê você,
Nami, Nami-san,oneee-san, eu preciso de você!
Repentinamente Maki sentiu um calor a envolve-la
que mais parecia um abraço muito conhecido seu.
-Shhh...calma, onee-chan, eu estou aqui, eu estou
aqui com você...
-Nami-san !Nami-saaaaan !
E Maki retribuiu o abraço caloroso com um abraço
desesperado.
Dos olhos de Nami também brotavam lágrimas por
entre um sorriso, e a voz logo soou:
-Você não está sozinha, Maki-nee-chan, eu estou
aqui com você, sempre estarei !Nossos Natais sempre foram muito bonitos, muito
felizes, mas são outros tempos , minha irmã...
-Eu não quero outros tempos, onee-chan !Eu quero
que os velhos tempos voltem de novo !
-Não fiques assim, Maki-chan, olha, neste Natal
eu vou te dar um sinal, ok? Eu vou aparecer para te alegrar, está bem,
onee-chan? Eu te prometo !
-Vai mesmo, onee-san ?
-Eu vou, eu te juro !
-Obrigada, muito obrigada, onee-san, você é a
melhor irmã do mundo !
-Você também,queridinha, eu te amo demais, sempre
te amarei e nunca te esquecerei!
-Ai, Nami-nee-san, isto significa tanto para
mim...eu também te amo demais e nunca me esquecerei de você!
-Agora preciso ir, onee-san, até o Natal !
Maki então viu Nami flutuando no ar, de asas
abertas, como um anjo, e num relance de luz, desapareceu.
Ao abrir os olhos o rosto que ela viu foi o de
Natusume, sua outra irmã.
Na verdade ela passava por ali e viu Maki caída
na neve, e a abraçou, e fingiu ser Nami, enquanto Maki não sabia se tinha tido
uma visão ou sonhado.
-Natsumi-san, que linda! Eu te adoro, viu? A Nami-nee-san
me disse que vai aparecer no Natal para mim !
-Obrigada, onee-san !Vamos voltar para casa?
Natsume estava, no entanto, assustada: tinha
visto uma sombra se projetar por trás de um anjo de concreto de uma sepultura ‘a
frente delas!
As duas foram caminhando pelo cemitério, agora
deserto em meio aos ventos e a neve, no frio enregelante daqueles campos repletos de ausências...
(Por continuar)
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