Eu
não tenho amigas, e meu quarto está cheio de bonecas com quem nunca tive
ninguém para brincar, e à cada vez que ganhava mais uma , eu chorava...não eram
bonecas, não eram presentes que eu queria, era amor, carinho...e meu pai não
deixava minha mãe ser carinhosa comigo, e ameaçava bater nela se ela me desse
um simples beijinho ou um abraço!
Megumi
estava de olhos rasos ao se lembrar de seu passado...
E Lune também. Ela a abraçou e procurou acalma-la,consola-la.Muitas vezes se diz que
o ambiente, ou a falta dele, cria a sensibilidade, a beleza e a profundidade
dos sentimentos, mas Lune não conseguia acreditar nisto naquela hora! Existem
pessoas que já nascem especiais, e passam por coisas que nunca deveriam passar,
e eis que o sofrimento traz à tona tudo o que se reprimiu e não se quis aceitar
de si mesma, e a verdadeira face da pessoa emerge, e aguça a sensibilidade que
já existia à décima potência, e é quando
crescemos como seres humanos, desabrochando numa flor madura e bela, belíssima,
que, no entanto, somente outras pessoas especiais como nos podem e conseguem
apreciar e cuidar de nós como queremos, merecemos, precisamos. Rousseou, grande
filósofo francês iluminista, dizia que todas as pessoas nascem boas, puras e
que a sociedade é que as corrompe. Mas não creio muito mais nisto como
antigamente, haja visto que às vezes a
própria torpeza da sociedade pode purificar quem já nasceu uma pessoa humana
bela!
Finalmente Megumi se recuperou, e disse, ainda recostada no peito da amiga:
-Obrigada,
Lune-sempai, você é tão incrível...mas agora eu preciso ir, ou podem desconfiar de
alguma coisa!
Ela
se levantou, pronta para sair.
-Não
está esquecendo alguma coisa?
-Não,
o quê , Lune-sampai?
-Olhe
para mim.
Ela
olhou, eLune pegou nas mãos dela. Então puxou- a para junto de si e os lábios de ambas
se tocaram, depois o beijo se consumou,
algo prolongado. Ela arregalou os olhos espantada!
Ao
terminar, disse:
-Lune-sempai
!
-Ora,
não é você quem gosta de beijar? Mas olha, não faça mau juízo de mim, não é o
que você possa pensar! Te dei este beijo para que você o leve para o Takeo-kun,
para que ele não se esqueça de mim, ok?
-Ok,
Lune-sempai, eu o entregarei à ele para você, com todo o carinho!
E
Lune se deitou na cama, enquanto ela saia. Quando acordou, já no fim da tarde, viu
pelo sistema de vigilância que Takeo e Kotomi estavam chegando.Então,
quando Kotomi foi a toilette, Megumi pegou Takeo pela mão e o levou
correndo à biblioteca, e trancou a porta. Em seguida, piscou para a câmara, pois
ela sabia que Lune devia estar olhando, e disse:
-Não
estranhe, onii-san. Este é um recado que a
Lune-sempai pediu para te mandar. Sinta este beijo que vou te dar como se fosse o
dela!
E ela beijou o Takeo na boca,mas não foi um
simples selinho, embora não tenha sido de língua. Foi um beijo carinhoso, de
alguns minutos.
E
foi comportado, pois ele não a abraçou, nem ela a ele, e ele não tocou em parte
alguma do corpo dela que não fosse recomendável, respeitando-a inteiramente.
Ele
acenou para a câmara e mandou um beijo para Lune, e ela se derreteu toda,
eternecida...ele não tinha se esquecido dela, afinal...
Um alento para as esperanças dela !
Logo
após isto, eles saíram da biblioteca, e cada um foi para um lado.Ele chupava
uma balinha para disfarçar o hálito da irmã na boca dele, para Kotomi não
perceber.
Foi
quando Lune teve de desligar a TV, pois uma
criada chegou e disse que Megumi e Kotomi estavam aguardando-a na parte
feminina das termas particulares da família,no quintal.
Ela a conduziu até lá, e lá estavam elas, se banhando. Lune se desnudou e entrou na
água, que estava bem quentinha,e sentou-se ao lado de Megumi.
-Posso
saber quem a convidou aqui, criada? Kotomi perguntou em tom agressivo,e
olhar arrogante.
-Ela
não é criada, é convidada e quem a chamou para cá fui eu, se você está
incomodada, por favor, saia, sua intrusa!E que eu saiba, eu não te convidei
para cá !
Disse
Megumi, irritada.
-Escuta
aqui, pirralha, mais respeito com os mais velhos, certo?A única intrusa aqui é
esta fedelha da Lune !
-Se
quer saber, ela é mentalmente bem mais adulta que você , então, não é nenhuma
pirralha!E o Senhor Hayao convidou à mim pessoalmente, portanto não sou nenhuma
intrusa! Lune retrucou, defendendo Megumi.
-Pelo
visto vocês duas viraram amiguinhas, não?Também pudera, vocês duas se merecem !
-O
que você quer dizer com isto?
Megumi
estava nervosa, levantando-se completamente da água.
-Vai
querer me enfrentar, é, baixinha? Um simples golpe de karatê e você já era !
-Engano
seu, Kotomi, pois eu também sei lutar karatê, e muito bem!Sem falar na esgrima,
na qual também sou exímia !E outra coisa, se voc~e tocar em mim, seu noivado com o Takeo já era !
-Não
perca tempo com ela, Megumi, ela não vale o esfôrço!
Lune disse, em tom arrogante.
-Quem
você pensa que é,heim, loirinha?
-Eu
não sou loira, eu pinto os meus cabelos de alaranjado! A cor natural deles é preto.E o que penso que sou é
melhor do que o que você pensa que é,pois eu sou sempre sincera e honesta
comigo mesma, e não uma falsa, hipócrita como você!
Agora
Kotomi estava vermelha de raiva e também levantou-se, gritando:
-Agora
foi demais ! Agora você passou dos limites ! Eu vou te dar a surra que você
merece !
Lune permaneceu calmamente sentada,nem ligando para as bravatas da inimiga
Megumi
se postou na frente de Lune,de pé, como a rival da amiga estava, porém de costas
para Lune, pronta para a luta !
-Não
precisa, Megumi-chan, pode deixar que eu acabo com ela num instantinho!
Lune disse, se levantando, com um sabonete na mão direita.
-Lune-sempai
!
Exclamou
Megumi, espantada.
-Olhe
só, daqui à pouco você vai rir muito !
Lune disse a sua amiguinha, piscando um olho para ela.
-Você
vai ver só quando eu por minhas mãos em você, sua baixinha ordinária !
-Então
vem, Kotomi, vem!
(Por continuar)
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