-Este é o meu neto!Faz bem,e acredito em você,menino.Eu
entreguei o planeta de volta aos Zukkorianos,e olhe o que aconteceu!
-Vanglorius,você continua no fundo,no fundo,o mesmo
idealista e sonhador de antes...Antes a vida não me tivesse te ensinado tanto!
-Ah,Hercallon!Dê uma chance ao garoto!Meu netinho,como
me orgulho de você!Quem me dera ter sua idade...
-Muito bem.Agora,Hercallon,continue a nos informar
sobre o estado de coisas atual.
-Pois não,Vanglorius.Klonkor não é apenas um tirano
louco,ele é muito inteligente.Com certeza sabe que está aqui.E sabe que estamos
planejando alguma coisa.Podem notar que a cidade está cheia de soldados.
-Eu vi.Mas nenhum deles me atacou ou quis me prender.Por
quê?
-Porque estão esperando ordens,por isso,garoto.O
antigo Palácio Real está muitíssimo bem guardado.A ditadura está forte e
sanguinária,com forte censura e toque de recolher.Foram proibidas reuniões
civis de mais de vinte indivíduos.Mas há uma brecha:A Festa Anual da Fundação
da Cidade; o Dia Colonial.Vai ocorrer daqui a dez dias,e será nossa chance de
atacar.Todos na cidade já ouviram falar de você,o reconhecem na rua,mas todos
evitam por medo de Klonkor.É a Lei do Silêncio.
-Tem um videofone e um computador em casa?Precisamos
convidar alguns amigos para esta festa!
-Claro,Vanglorius,fique à vontade.Eles são seguros.
O Herói então realizou uma teleconferência com alguns
de seus aliados nas cidades já visitadas e combinou seu plano de ação.Belsara,Colly
,Margil,Lupor, Feromantix e Plushaimer confirmaram chegada para a manhã
seguinte.Então o aparelho de Holovisão anunciou uma execução em massa,que iria
ocorrer em breve,ainda naquele dia.
-Veja,Vanglorius,eles estão dizendo que aqueles homens
e mulheres são criminosos!Eu os conheço,são gente honesta e trabalhadora!
-Sim,eu vejo,Hercallon.Vou para lá salvá-los.
-Cuidado,meu neto.É evidente que é uma armadilha!
-Eu sei,meu avô,eu sei.Despreocupe-se,eu voltarei.
Vanglorius saiu em desabalada carreira até a praça do
Mercado,no centro da cidade.Eram doze quilômetros de distância,mas em corrida
acelerada ele chegou em quinze minutos,perfazendo uma média constante de
quarenta e oito quilômetros por hora, sua velocidade máxima.E ainda se deu ao
luxo de chegar sem ofegar.Sua resistência física era mesmo admirável!
Nos paredões do Mercado da cidade,enfileiravam-se
cento e dezoito pessoas comuns,boa parte mulheres ,crianças e idosos.Dez
soldados Troglons equipados com rifles lasers de tiro único (um tiro por
disparo,incapaz de rajadas),mas com carga para atirar até vinte disparos sem
precisar recarregar,estavam prontos a atirar.O Comandante deles estava para dar
a ordem da execução,quando viu o brilho da famosa Espada Sagrada em meio a multidão.
-Vanglorius!?Veio salvar esta gente?Sacrifique-se por
eles então!
-Eu o impedirei!
-Ah,mas antes de matar esta ralé,quero lhe matar
primeiro,escravo!Minha arma é esta corrente,de puro aço cromo-vanádio.Nenhum
soldado Troglon usa melhor uma corrente do que eu!Ninguém consegue romper minha
corrente!Tome!
A corrente voou para cima de Vanglorius ,e se enroscou
na espada.Ele deu um sacão com muita força,e o atrito da lâmina com a corrente
rompeu a segunda.O Comandante ficou boquiaberto.
Os condenados irromperam em aplausos,para a fúria do
Comandante,que gritou:-Soldados,abram fogo contra este escravo!.Apontaram e
atiraram contra Vanglorius,que interceptou os tiros com facilidade.As armas
logo silenciaram.
De braços abertos,de espada na mão,com um aspecto
ameaçador,e urrando como um animal,Vanglorius investiu contra os soldados,que largaram
as armas e correram o quanto puderam.A multidão caiu na risada.
O Comandante jogou seu punhal,que fincou na omoplata
direita de do Herói.Ele olhou para trás,e começou a fazer estranhos movimentos
com os músculos dorsais.Sua força era tamanha que expulsou o punhal de seu
corpo,sem usar as mãos!Depois,voltou-se para o Comandante
amedrontado.Levantou-o do solo pelo colarinho e berrou a plenos pulmões:
-Como se atreve a me enfrentar,seu ninguém!?Heim!?Estúpido!Eu
vou,eu vou, eu vou dar um nó em seu cérebro,seu covarde!
Branco como cera,o Troglon dirigiu seus olhos
arregalados para baixo:a calça de seu uniforme estava encharcada ,tal era o seu
pavor!
Com um urro,Vanglorius colocou o Troglon de costas
para si,e espremeu com as duas mãos,uma de cada lado das costas dele,expondo ao
ar a coluna vertebral dele.Ele prendeu o militar entre as pernas, agarrou a
coluna de sua vítima com uma das mãos,e com esta mesma mão nua,simplesmente
arrancou das costas do Comandante sua coluna vertebral inteira,jogando –a fora
na rua,com parte das costelas aparecendo também,só permanecendo interligadas ao
corpo as partes fixadas `a bacia,e ao crânio.Uma sopa de sangue se fez.O
Comandante estava morto.A multidão, chocada, apavorada com o nível de
brutalidade e violência que aquele herói era capaz.Desta feita não houve
aplausos.E logo Vanglorius caminhava pelas ruas já tranqüilo,como se nada
tivesse feito.Mas não esqueceu-se de libertar os escravos,só depois do choque,
com medo dele,o aplaudiram .Porém, logo a multidão ficou apreensiva
novamente.Eles estavam apavorados.Tinham de escolher entre um Herói –monstro
descontrolado e imprevisível, ou a Fúria de seus Dominadores!
Foi quando fortíssimos jatos de água irromperam pela
multidão,arrastando as pessoas nas ruas e ferindo muitas delas gravemente.Eram
blindados de batalha Troglons que cercaram a praça,numa clara
armadilha.Vanglorius estufou o peito com orgulho e avançou contra o jato de
altíssima pressão,que batia em seu peito,e ricocheteava.Ao invés de jogá-lo
para trás,o Herói é quem avançava,mais e mais,por mais que se aumentasse a
pressão.Dois jatos agora lhe atingiam,três,quatro,cinco blindados tentavam
fazê-lo recuar ou tombá-lo,mas Vanglorius parecia feito de aço.Seis,sete,oito,dez
jatos formavam uma parede de água contra ele,mas ele continuava se aproximando
deles,com as duas mãos segurando a Espada,erguida,apontando para o alto,e então,apontou-a
para um dos blindados,acima dos jatos e disparou em intensidade máxima.Os tiros
foram tão fortes que explodiram,um a um,todos os dez blindados.Uma tropa de cem
soldados lançou-se sobre ele,que colocou a espada no modo rotativo e promoveu
um verdadeiro massacre.Logo havia pedaços de Troglons espalhados por toda a
praça.Só um foi poupado,para que contasse o acontecido.Vanglorius limpou-se do
sangue dos inimigos espalhado em todo seu corpo na fonte da praça,e voltou para
a casa de Hercallon.
Ao chegar lá,Solaris o questionou:
-E então,como foi?
-Ah,vô,diverti-me um pouco.Nada de mais.Devo ter
matado por volta de uns cento e vinte soldados,uma pequena armadilha.Mas
conquistei sem dúvida a simpatia da população,que parece agora disposta a
colaborar comigo.
-Está vendo,Hercallon,este é meu neto!Quanta alegria e
orgulho me dá!
Porém, os Troglons tinham filmado tudo, e o combate de
nosso herói contra os Troglons apareceu na Holovisão.
Hercallon e Solaris assistiram a tudo estarrecidos.
-Vanglorius ! Você exagerou na violência, moleque!
Olhe o que você fez! Olhe como a população ficou?Você não entende que precisa
aprender a se controlar?
-Meu avô, eu fiz o que era preciso para vencer, e
venci!
-É mas, abusou de seu poder, da violência, o povo
agora tem medo de você!Matasse o Comandante com um soco, mas precisava arrancar
a espinha com ele vivo?Isto é tortura!
-Eles não torturam o povo, meu avô?
-Sim, mas você é um Herói, não pode agir igual a eles
!
Disse Solaris, preocupado.
-Seu avô tem razão, Vanglorius,eles podem usar isto
como propaganda contra você!
Sem argumentos, o Herói pegou o avô pelo colarinho e
gritou, colérico:
-Deixe-me em paz, velhote !
E foi ao quarto dele, bufando.
-É uma criança, uma criança ainda, ah, Hercallon, o
que fizeram com ele, o que estes Zukkorianos fizeram com ele para ele ficar
deste jeito...e se ele sair do controle?Quem irá nos defender dele?Será que ele
está mesmo preparado para ser o Herói Libertador?
-Ele vai amadurecer, Solaris, dê tempo ao tempo,confie
nele!Ele logo irá cair em si e se arrepender, e deixará o orgulho de lado e
pedirá desculpas.Eu convivi com ele todos aqueles anos e sei muito bem como ele
é!
-Tomara que você tenha razão, Hercallon, tomara,
porque estou muito, muito preocupado...
(Por continuar)
Nenhum comentário:
Postar um comentário