Elas não podiam ver, mas alguém ficara para trás,
acenando para Maki com lágrimas nos olhos, que não eram carregadas ao vento e
caíam no chão, sem no entanto fazer marcas, deixar traços, sem derreter a neve
fofa, sem causar o menor impacto.Mas o que aquelas lágrimas não tinham de peso
efetivo, tinham de peso em sentimentos, o peso das emoções que carregavam
dentro de si !
O sentimento era imenso e a vontade de poder
estar com ela era inenarrável, indescritível, a sensação de impotência
angustiante tomava conta daquele coração silencioso, carregado de saudades, de
vontade de proteger, de amar...era um amor devastador com o poderio de um tigre
enjaulado só esperando uma chance para sair!
Alheia a isto, a mente de Maki continuava povoada
de fantasmas do seu passado. Quando ela e Natsume finalmente avistaram Tetsuo,
em sua velha Mercedes, foram até ele.
Só então Maki notara que seu pai adotivo saíra do
carro, e estava de pé, de braços abertos.Ela, que estava o tempo todo calada,
cabisbaixa e triste, correu em direção a Tetsuo e recebeu dele o abraço.
Ela queria sentir o calor do abraço de Nami em
quem quer que fosse, tanta a falta que sentia dela!
-Oi, Tetsuo-sempai! Bom, agora que ela já está
entregue a você, vou indo, tenho de trabalhar !
Agora finalmente recuperado da emoção, Tetsuo
disse:
-Por favor fique. Eu te dou uma carona! Vamos
embora, filha?
Natsume aceitou a carona e foi no banco de trás.
Ainda calada e chorosa, Maki foi no banco do acompanhante, na frente, e apesar
do cinto de segurança, foi abraçada ao pai, com a cabeça no ombro dele. Seus
cabelos negros se espalhavam pelo encosta braço entre os bancos.
Tetsuo deixou Natsume no trabalho dela, e
prosseguiu.
Chegou em um prédio imenso, e estacionou na
garagem de visitantes lá.
E Maki continhava grudada como chiclete no pai,
prédio adentro, elevador adentro.
A porta do elevador se abriu e deu para um imenso
terraço que ficava no telhado do prédio.
-Filha, eu te trouxe aqui no prédio mais alto de
Kyoto, para que você veja com seus próprios olhos como o mundo é grande...
-Para mim não importa papai...a única pessoa que
eu queria agora era a Nami-nee-san...
Tetsuo tirou seu celular do bolso do grosso
casaco que usava e localizou um vídeo, que mostrou para Maki.
Era uma antiga gravação de Nami falando sobre
Maki para Tetsuo:
“-Amor, eu amo demais a Maki-nee-chan, nunca
quero me separar dela!Mas...minha grande preocupação é o dia em que eu não
estiver mais aqui, como ela vai ficar?Com quem ficará?Quem tomará conta dela no
meu lugar?Será que um dia alguém vai tomar o meu lugar no coraçãozinho dela?...”
E as lágrimas caíam do rosto de Nami, e Maki
inundou seus olhinhos de lágrimas e chorou pesadamente, agarrada ao pai,
abraçando-o muito forte !
Era um choro convulsivo, desesperado, pulsante,
que parecia vir em ondas!
-Onee-chan, ninguém nunca vai tomar seu lugar no
meu coração...eu te amo, te amo tanto, tanto...por que você foi embora da minha
vida, onee-san...por que...por que me deixou? Eu...eu me sinto tão sozinha, tão
sozinha sem você...uma parte grande de mim foi embora quando você foi embora,
onee-saaaaaan !
Tetsuo, emocionado, não conseguia achar palavras
para consolar Maki, e seu sentimento de impotência lhe levava ao desespero, até
que ele não sentiu mais o corpo de Maki junto ao seu!
Ele olhou para a frente e viu Maki se
distanciando, correndo para o parapeito do prédio,e gritando:
-Onee-san ! Eu vou me reencontrar com você ! Eu
estou indo ai, espere por mim !
Havia um sorriso desesperado no rosto de Maki,
enquanto um grito soou:
-Maki !Nãaaaaao !
(Por continuar)
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