Mini série: Velozes e Enamorados-Episódio 4

-       -Eu tenho meu orgulho e amor próprio, Pristine, e eu os valorizo muito. Uma questão de honra, muito séria.

-       Desculpe. Eu o ofendi. Você foi sincero comigo. Então não é tão autoconfiante assim.

-       Nenhum homem na verdade o é. É apenas a superfície, uma proteção para nosso orgulho, mas muitas vezes algumas coisas pequenas podem fazer esta muralha de autoconfiança desmoronar catastróficamente. Por detrás da armadura, há um ser delicado e frágil que se esconde recessivamente, e que o homem tem muita dificuldade em mostrar a uma mulher. É algo duro para um homem admitir. A recusa de uma mulher é uma destas coisas, que podem parecer pequenas aos olhos de uma bela e assediada mulher, até corriqueiras, mas que tem um potencial destrutivo muito grande, é um potencial, um poder que toda mulher tem. Você provavelmente já recusou  diversos homens, gostaria de saber como se sentiu, ou se nem ligou.

-       Não sou insensível assim Não gosto de ferir os sentimentos de ninguém. Em alguns casos realmente não ligo, especialmente quando percebo que são simples cantadas, sem amor sincero, mas certas pessoas, que foram mais especiais em minha vida, foi uma experiência muito dura e sofrida para mim também. Não sou um carrasco de homens, mas homens também podem recusar o amor de uma mulher. Isto já aconteceu comigo. E com você? Como se sentiu?

-       Sinceramente nunca passei por esta experiência. Não dá para dizer. Já fui muito recusado, mas nunca recusei o amor de ninguém em minha vida, justamente por não ter tido o amor de ninguém para recusar, já que nunca fui correspondido.

-       Mas veja bem, se você pensou em, relação  ao que ocorreu com você, em me colocar em uma situação delicada, se deu mal. Por que se me dissesse sinceramente que me ama e que quer namorar comigo, e eu não o amasse, eu não teria dúvidas em recusá-lo, não iria me sentir obrigada a namora –lo só porque você tem este trauma e teria seus sentimentos feridos outra vez, eu apenas tentaria amenizar as coisas o mais possível,  e...

-       -Ofereceria a sua amizade. Sei, isto já  me ocorreu muito e isto me doeu. E muito.. Sinto, mas não aceito prêmio de consolação. É ofensivo pensar em ficar só com a amizade da mulher que se ama e vê –la com outro homem.

-       Não está sendo egoísta e arrogante, orgulhoso , talvez? Melhor amizade do que nada. E faz a mulher se sentir recusada, pois pode pensar que não serve sequer para ter a sua amizade ou não a merece.

-       Prefiro nada, se assim o for. Não estaria pensando  no sentimento de rejeição dela quando recusasse a amizade dela, provavelmente porque estaria com o coração cheio de frustração. Prefiro que seja direta e diga que não gosta de mim. Ficaria com raiva, mas pelo menos ela teria sido sincera comigo.

-       Aí é que seria prêmio de consolação, ou nem isto, bobo! Uma perfeita demonstração de egoísmo e egocentrismo infantil, típico de uma descarga gigantesca de testosterona! Eu não teria coragem  de ser direta e grosseira assim, seria crueldade.

-       -Recusar é uma crueldade. Claro, é um direito, mas é uma crueldade.

-       Acho que este assunto esgotou- se, Adrian. É impossível a alguém com o seu trauma entender isto, ele é forte demais. Só posso dizer, para fechar com chave de ouro, que  eu sofreria muito com esta recusa, também, e a recusa da sua amizade me machucaria muito, pois eu também me sentiria recusada. Peco-lhe  então a gentileza e o cavalheirismo de sua parte de deixar com que eu tenha a ultima palavra sobre o assunto.

-       Seu pedido está atendido.

-       -Muito bem, está quase amanhecendo. Vamos encerrar nosso encontro por hoje, está bem? Mas a conversa está muito boa, e proponho que tenhamos um novo encontro aqui amanhã à noite.

-       -Proposta aceita.

-       Daremos umas voltas de moto juntos, e depois viremos conversar aqui. Amanhã , no mesmo horário em que me encontrou hoje.

-       Combinado, Pristine! Foi um prazer te –la conhecido.

-       Olha, cuidado com os duplos sentidos, heim? Não gosto disto! Brincadeirinha. Foi muito bom te conhecer, igualmente. Até amanhã!

-       Até amanhã!

Cada um pegou sua moto e cada um foi para sua casa. Na noite seguinte, ele a estava esperando.

Ela logo chegou. Cada um pegou sua moto e saíram pelas avenidas  em alta velocidade. Depois de passearem um pouco, voltaram ao mirante e estacionaram as motos, sentaram – se no banco da praça e voltaram a conversar à luz da enorme lua cheia daquela noite clara:

-Você parecia um pouco nervosa , talvez meio estressada hoje, Pristine.

-É que você sempre tenta me superar ! Vocês, homens são muito competitivos, não suporto este machismo !

-Já lhe disse ontem que este muro de autoconfiança pode desabar fácilmente. Mas eu não estava tentando supera-la, nem competir com você, acho que você e’ quem puxou o que era para ser um passeio agradável para uma competição, na verdade você correu tanto que fiquei preocupado com você, e quis alcançá-la para protegê-la!

(Por Continuar)