- Eh,
eh, ela é sua namorada, é ? Pode...pode ficar com ela! .O sorriso amarelo
estava estampado no rosto de Fogg, que recuou.
As
mandíbulas de Mantis se abriram, deixando antever sua língua verde e gomosa. Um
pouco de baba foi ao chão. Estava prestes a atacar!
- Para
trás, London! Eu e meus homens vamos atacar!
Fogg
recuou mais ainda. O'Nest deu a ordem:
-
Preparar bazucas lazer! Atirar !
Um
aguilhão zuniu como raio, e quase deçepa a cabeça de Fogg. Os estrondos das
bazucas soaram, mas o inseto foi mais rápido. Os tiros atingiram o teto e as
paredes, que desmoronaram. Uma nova parede
de entulho separava Mantis de seus perseguidores.
-
Droga! Droga! Droooga! Rugia O'Nest, furioso. Todos tiveram de correr para se
proteger da revoada de entulho que voou para todos os lados.
Mantis
se acalmou e continuou caminhando pelos
trilhos.
-Abram
caminho com as bazucas! .Gritou o Capitão.
- Não!
Espere, amigo! Tenho uma idéia melhor. Que tal metade dos homens ir pelo túnel,
e a outra metade pelos trilhos, partindo da próxima estação?
-Que
tal você dar licença e deixar meus homens trabalharem? Vai, conduza metade de
meus homens para a estação seguinte; vamos fazer um cerco!
- Ei !
Espere! Tenho outra idéia!
-Ah,
não, Fogg! Outra idéia? Quer me fazer o favor de parar de ter idéias?De que
lado voce está , afinal?
- Não,
escute! Claro que estou com vocês ! Vamos tentar o seguinte antes: mande
religarem a energia nos trilhos e acione as câmaras de TV do metrô que
sobraram. O choque deverá eletrocutá-lo!
-Está
bem, espertinho! Façam o que ele disse, antes.
Tudo
foi providenciado. Localizaram-no.
- Ligue
a energia! Agora!
Os
homens de O'Nest obedeceram a ordem de Fogg. Milhares e milhares de volts
circularam pelos trilhos. Claro que toda a equipe já estava protegida na cabine
de comando da estação.
Mas o
instinto de Mantis era muito aguçado, e ele saltou e agarrou-se `a um cano no
teto do túnel, e continuou caminhando de cabeça para baixo.
- Droga
! Ele é muito esperto! Desligar energia! Teremos de fazer o cerco, O'Nest!
-Tudo
bem. Vamos começar a operação!
Corriam
agora todos contra o tempo. Alcançaram a estação seguinte. A outra equipe
também. O cerco estava fechado. Fechado?
Uma
enorme e fantasmagórica sombra emergiu do túnel. Todos engatilharam suas armas
lazer. Tanques de guerra ficaram das entradas das estações de metrô, para
prevenir uma eventual saída do inseto.
Uma
limousine Mercedes Classe S Pullman chegou cantando pneus numa freada violenta. Rick chegou,
desta vez acompanhado por Phobos, o Deinonichus.
Mantis,
repentinamente, atacou. Sua agilidade e velocidade foram tamanhas que não houve
sequer tempo de acionarem os gatilhos. Foi uma massacre: dezenas e dezenas de
pessoas estraçalhadas, mutiladas e semi devoradas vivas, confusão, tiros de
todos os lados
Mantis
olhou para Rick. Lembrou-se dele. Um alvo certo. Atacou!
Asas
zuniram gravemente, e dois aguilhões apontaram para ele, que se apavorou.
Uma
boca de dentes navalhinos saltou. Uma garra de quinze centímetros afundou na
quitina. Phobos atacou para defender Rick, e imobilizou as patas dianteiras de
Mantis e fincou seus dentes no ombro esquerdo do Louva Deus, que levantou vôo
pelos túneis do metrô. Toda a Força Tarefa que o caçava foi para a próxima
estação.
As
outras quatro patas de Mantis tentavam livrar-se do dinossauro, e lanhavam-lhe
as costas. Mas Phobos aprofundou suas mordidas e agora a pata dianteira
esquerda do inseto estava quase dependurada. Mantis arrancou-lhe um pedaço do
ombro, e Phobos respondeu mordendo-lhe o curto pescoço. Voavam em alta
velocidade, e Mantis , ocupado em lutar, não via por onde voava. Acabou batendo
a cabeça em uma coluna da estação `a qual já tinha chegado e ambos foram ao
chão, cada um para um lado. Ambos sangravam abundantemente.
Rick ,
London e O'Nest, com a equipe correram para lá.
-Mais
uma estação depois desta e ele estará no parque!
- Tem
razão, London, a Parkstation é a próxima.
- Não
sabia, Capitão!
-Há
quanto tempo não entra em uma estação de metrô, Lankers ?
-
Desde, acho que de 2048,2049...ei! Vejam lá na frente! Mantis está
ferido!Parece estar inconsciente! Oh, não! Phobos também!
O
deinonichus foi levado para o Zôo, onde teria seus ferimentos tratados. Quanto
`a Mantis, desmaiado, recebeu, por precaução uma forte injeção de sonífero.
Tinha sido desenvolvido para se recuperar rápidamente .
Recolhido
por uma pequena empilhadeira, foi levado ao cercado no parque, onde o grande
megalossaurídeo Rapator o estava esperando. Uma forte grade separava `a ambos.
Um pequeno aviãozinho de controle remoto aplicou em Mantis um forte
estimulante, e ele acordou. Inseto e Dinossauro, ambos frente `a frente,ao pôr
do sol. A grade já iria se abrir!
A
rapator femea foi solta. Majestosa, do
alto de seus três metros e setenta e cinco centimetros de altura, encarou com
seu olhar feroz seu inimigo. A imprensa
toda estava agora reunida para o espetáculo.
Mantis
sibilou suas asas em um zumbido grave e assustador. A dinossaura rugiu
trovejantemente , provocando calafrios na platéia.
UM
ATAQUE !
`Ageis
pernas se movem velozmente. O sibilo de uma pata esticada cortando o ar. Sangue
voando, mandíbulas se fechando, dentes afiados rasgando tecidos. Urros de dor
lancinante! As pessoas estavam eletrizadas!
Mantis
tinha tentado fincar suas agulhas no
peito de sua oponente, mas apenas lanhou suas costelas, riscando os ossos. A
carnossaura o mordeu no tronco e o levantou no ar, suas mandíbulas potentes
fechando-se como uma prensa, ouvindo-se claramente o "crack" de
quitina quebrando. O inseto no entanto alcançou as costas do dinossauro e
dilacerou seus músculos abdominais ,e
num urro ensurdescedor, a Rapator o largou, jogando-o a quinze metros de
distância.
Para
ambos, até ali as consequencias da luta haviam sido graves: Mantis sangrava
muito, e seu abdome, bastante amassado, comprimia seus pulmões, dificultando a
respiração. Seu tronco já não estava rígido como deveria estar, flertindo com
seu pêso. Para a Rapator, muito sangue jogado fora e muita dor, e alguns quilos
a menos de músculos nas costas.
Ambos
encaravam-se frente `a frente, girando cautelosa mas nervosamente em círculos.
Mantis saltou para alçar vôo, mas a dinossaura saltou também, e o pegou pelo
abdome, arrancando um pedaço, fazendo o inseto cair de costas. Suas asas tinham
sido danificadas pela mordida, mas ainda tinham condicoes precárias de alçar
voos curtos e baixos, a baixa velocidade. O dinossauro saltou sobre ele com
suas garras, mas foi contido por poderosas pernas traseiras, que o jogaram
longe, caindo também ele de costas. Duas
das quatro pernas trazeiras de Mantis romperam seus ligamentos com o esforço.
Ele
conseguiu se levantar, ainda arrastando duas de suas seis patas. Estava já em
estado deplorável, e perdia miseravelmente a luta, mas não se rendia, lutando
obstinadamente por sua própria sobrevivência pela primeira vez em sua curta
vida . Ainda que todo arrebentado, persistiu, lançando seus aguilhões no
dinossauro, fincando-os em seus ombros, e começou `a devorar os músculos do
ombro de seu oponente, que o jogou longe com suas pernas trazeiras e saltou
para cima dele arrancando-lhe uma perna e um pedaço da lateral do abdome,
deixando entrever seu fígado. Meio estraçalhado, mole e quase disforme, Mantis
tentou alçar vôo. Conseguiu fugir da cerca, voando muito mal e lentamente, e
caiu no Zôo vizinho.
Phobos,
inteligente que era e já prevendo a trajetória de fuga, abriu a jaula dos
Deinonichus. A multidão que assistia o
embate, ao ver os ferozes dinossauros soltos, fugiu em pânico Liderados por Phobos, nove destes
celurossauros `ageis perseguiram o enorme inseto, enquanto este voava baixo,
deixando um rastro de sangue atrás de si. Arrancaram vários pedaços dele, que
acabou caindo atrás das altas grades do recinto dos Brontossauros. Exausto,
Mantis viu seus oponentes tentando escalar a grade. Quando virou a cabeça para
o outro lado, uma pata gigantesca veio em sua direção. O enorme Brontossaurus excelsus
esmagou-lhe a cabeça com uma patada certeira. Mantis estava morto. E os
Deinonichus se refastelavam com sua carcaça.
- Aí
está, Dr. Lankers, o Louva Deus está morto!
-Digo
que seja uma pena. Pena que tenha acabado assim. Não sei mais o que será da Engenharia Genética Militar agora, Fogg; isto
me preocupa. Terei de me reunir com o Governo e outras autoridades. Investi
tanto neste projeto! Mas meu contrato
com o Exercito já esta condenado. E ainda terei de pagar o tratamento dos
ferimentos da Rapator, ela esta toda machucada...
-
Entendo , Rick . Mas, pelo que eu sei de sua vida, sempre foi contra o uso da
Engenharia Genética para fins militares.
-Está
certo, Fogg. Mas veja, os militares hoje sustentam minha empresa. Sem projetos
militares, ela não tem mesmo razão de ser. Claro, Emil Furs jamais concordou ou
concordaria com o que eu disse, me chamaria de traidor da Ciência, nos velhos
tempos da Fundacao Furs ...mas agora, vendo todas estas mortes, e Mantis
derrotado, chego `a conclusão de que a Ciência, como o Homem, não é infalível,
estamos brincando de Deuses, de ser a Natureza, ou melhor, de comandá-la
,substituí-la. Pensando bem, bolas, eu sou e sempre fui um Paleontólogo, não um
engenheiro genético, simplesmente comando
e financio diversas equipes de engenheiros que trabalham para mim na
minha empresa! Olha, talvez seja mesmo o caso de eu me aposentar, e deixar esta
empresa...
- Ate
concordo, Rick. Mas devo frisar algo que você esqueceu: os grandes
pesquisadores jamais se aposentam da Ciência!Olha , só para lhe animar um pouco
: porque não recria os felinos Dentes de Sabre?Qual o nome cientifico deles? Ah,
Smilodons !
-
Smilodon californicus ou fatalis?
-
O californicus, claro, ele era o maior deles!
-
Obrigado, amigo. Acho que vou voltar a ser Paleo Etólogo, e voltar
a observar o comportamento dos Dinossauros, que é o que eu gosto! Mas prometo
–lhe que vou pensar na sua sugestão. Se minha empresa não falir depois desta,
claro...
- Bom,
você é quem sabe, Rick. Quanto `a mim, sempre vai haver novos casos para eu
investigar...ei, este Brontossauro é bem afetuoso, não?
-
Ele está acostumado `a convivência humana.Aliás, o cientificamente
correto e chama –lo de Apatossauro, mas se quer uma opinião sincera e falando
como cidadão comum, não como cientista, prefiro mesmo chama-lo de Brontossauro
, que em grego quer dizer lagarto – trovão .
(Por continuar)
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