O Sol se põe na estrada sem fim,
Por onde caminha o Homem solitário,
Ὰ volta
dele o Silêncio temerário,
Suas lágrimas o vento carrega ao léu,
Não há quem as receba para meigamente beijá-las
E devolver para o coração que as mandou,
Seus olhos não veem as cores mutantes do céu,
Suas mãos vazias estão enfadadas!
Ele caminha devagar pois sabe que para ele não
existe o Sim
É longo o caminho do Homem Solitário
A caminhar por um deserto de sentimentos como
um dromedário,
Sente saudades dos tempos em que teve um
coração incendiário,
São os caminhos da Vida
Que o levam a lugar nenhum,
Ecos de beijos passados ficam para trás
Ele não os encontrará mais em lugar algum,
Em
árduas subidas,
Sofridas descidas,
Nada o satisfaz !
E o Homem solitário permanece a caminhar,
Pela estrada solitária,
Num dia que não acaba jamais,
Ele pensa que percorre o caminho,
Mas sequer saiu do lugar,
Pois não há para onde ir,
Nem onde chegar,
Caminha leve
e de mansinho
Seus pés tratam a estrada com carinho,
A única coisa a se apegar!
Pois é longa a estrada da vida,
Do Homem solitário,
Que permanece a caminhar,
Sem sair do lugar,
Em meio a seu mundo vazio
Para sempre irá vagar,
Esteja ele sob o Sol,
Ou sob o Luar,
Não importa ,
Ele não sairá do lugar,
Pois no vazio de seu próprio coração,
Seu caminho ele está a trilhar,
Não tem para onde ir,
Não tem onde chegar,
Nem de onde partir,
Nem onde ficar!
Eis que o silêncio e o vazio,
São seus companheiros a sussurrar,
O som de suas lágrimas a cair,
Sem o chão molhar,
Continua,
Arredio,
A insistir em caminhar,
Pois o Homem Solitário,
Desafia o calendário,
De peito aberto para o vento a soprar,
Posto que resoluto,
Para todo sempre caminhar
Pensando que está a caminho,
Sem sair do lugar !
Cristiano Camargo
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