domingo, 17 de agosto de 2014

Poesia: Balada do Homem Solitário





O Sol se põe na estrada sem fim,
Por onde caminha o Homem solitário,
volta dele o Silêncio temerário,
Suas lágrimas o vento carrega ao léu, 

Não há quem as receba para meigamente beijá-las
E devolver para o coração que as mandou,
Seus olhos não veem as cores mutantes do céu,
Suas mãos vazias estão enfadadas!

Ele caminha devagar pois sabe que para ele não existe o Sim
 É longo o caminho do Homem Solitário
A caminhar por um deserto de sentimentos como um dromedário,
Sente saudades dos tempos em que teve um coração incendiário,

São os caminhos da Vida
Que o levam a lugar nenhum,
Ecos de beijos passados ficam para trás
Ele não os encontrará mais em lugar algum,

Em  árduas subidas,
Sofridas descidas,
Nada o satisfaz !


E o Homem solitário permanece a caminhar,
Pela estrada solitária,
Num dia que não acaba jamais,
Ele pensa que percorre o caminho,

Mas sequer saiu do lugar,
Pois não há para onde ir,
Nem onde chegar,
Caminha leve  e de mansinho
 Seus pés tratam a estrada com carinho,
A única coisa a se apegar!

Pois é longa a estrada da vida,
Do Homem solitário,
Que permanece a caminhar,
Sem sair do lugar,

Em meio a seu mundo vazio
Para sempre irá vagar,
Esteja ele sob o Sol,
Ou sob o Luar,
Não importa ,

Ele não sairá do lugar,
Pois no vazio de seu próprio coração,
Seu caminho ele está a trilhar,
Não tem para onde ir,
Não tem onde chegar,
 Nem de onde partir,
Nem onde ficar!

Eis que o silêncio e o vazio,
São seus companheiros a sussurrar,
O som de suas lágrimas a cair,
Sem o chão molhar,

Continua,
Arredio,
A insistir em caminhar,

Pois o Homem Solitário,
Desafia o calendário,
De peito aberto para o vento a soprar,
Posto que resoluto,

Para todo sempre caminhar
Pensando que está a caminho,
Sem sair do lugar !

Cristiano Camargo

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