Então, vamos lá, boa leitura e divirtam-se !
Sensibilidade de Viver
Prelúdio
Em
Terceira Pessoa
Episódio 30
Osaka, Japão, 2005:
Chovia forte, muito forte, e Lune caminhava
pelas ruas do centro da cidade, e estava encharcada, realmente ensopada, pois
não trouxera o guarda chuva, mas, imersa em suas filosofices, nem ligava. Após
muito zanzar por aí, resolveu entrar numa estação do metrô.
Já no subsolo, um homem estranho a olha de
longe com desejo, enquanto o trem passa e rapidamente o vento levanta a curta
sai dela.
A reação dela foi imediata: ruborizou de
vergonha e colocou uma das mãos sobre as nádegas, fazendo a saia voltar a
esconder sua roupa íntima o mais depressa que pôde, e lançou um olhar severo de
reprovação para o homem, que disfarçou e virou o rosto para o lado, assobiando.
Ela continuava constrangida, e corada,
imaginando que o Homem agora a imaginava nua e fazendo sexo com ela, a
desejando.
E imaginou a ele nú, e excitado, e corou mais
ainda, tentando de toda maneira espantar aquele pensamento “sujo” da cabeça.
Ela inda não sabia lidar com seu próprio desejo, seu próprio libido, quanto
menos com o dos outros, e se sentir sexualmente desejada por alguém a
incomodava profundamente e a constrangia, a deixava sem ação, a assustava, não
tinha idéia de como assimilar aquilo, então tratou de racionalizar estas coisas
em pensamentos lógicos e filosofices.
Ao entrar no trem do metrô, sentou-se na frente
e na janela.
E uma senhora de idade se sentou ao lado dela.
E a idosa , olhando para Lune, com olhar aparentemente perdido, imersa em seus
pensamentos, achou que ela estivesse aborrecida, entediada, talvez mesmo
triste.
Parada súbita, os freios do trem guinchou, as luzes piscaram, as pessoas
gritaram, e Lune gritou também, assustada!
Como o trem os pensamentos de Lune pareceram parar igualmente. Novamente
pensativa, ela refletia :Porque gritara, porque se assustara? Porque caíra
sentada no chão, e outras pessoas também se desequilibraram como tontas, e
estavam se levantando agora?
Sangue respingou pela janela, e só agora Lune percebeu que machucou uma das
mãos, que sangrava um pouco.
-Você se machucou, garota?
Perguntou a velhinha pousando a mão no ombro dela, ainda sentada no chão.
Lune, em resposta, olhou para cima e responde secamente:
-Acho que não !
E se levanta e senta no seu assento novamente, ao lado da senhora idosa,
que, querendo ajudar e cuidar dela, responde, num tom de voz doce e meigo:
-Ah, mas você se machucou
sim, querida, eu estou vendo! Precisamos cuidar do seu ferimento, você deve ter
machucado a mão quando caiu. Você não fala muito não?
A resposta dela incomodou a
Lune, que não mais conseguia se concentrar em suas filosofices agora.
Vendo que a menina não reagia e
continua calada, a senhora continuou falando:
-Você decididamente é uma garota estranha. Onde está seu namorado? Seus
pais, onde estão? Onde você mora, onde você estuda? Meu nome e’ Miyuki !
Agora aquela senhora já estava parecendo irritante pra Lune, que já
começava a ficar nervosa!
-Lune , eu me chamo Lune. Preciso ir. Agora, desculpe, senhora Miyuki !
Respondeu Lune, com olhar nervoso e tom de voz mal humorado.
-Não dá para ir a lugar algum agora, minha criança. O trem atropelou
alguém que caiu na linha. Tem gente nos trilhos, fotografando, tirando o corpo
de lá. Você está pálida, menina, acho que não anda comendo direito!
Respondeu a senhorinha, fazendo um curativo improvisado n mão de Lune,
que, logo após a Sra. Miyuki terminar,
retirou sua mão da mão dela num sacão mal educado.
-Obrigada, Sempai. Adeus!
E a porta do vagão finalmente se abriu e Lune saiu do trem sem nem olhar
para trás.
Ela não viu , mas a Sr. Miyuki ficou chateada, pensando em como a menina
era mal educada, grosseira e mal agradecida, pois sequer um “Prazer em conhece-la” , ou um cumprimento
formal, abaixando a cabeça e o torso para agradecer Lune fez, simplesmente
virou-se, deu-lhe as costas e foi embora, como se a velhinha sequer existisse !
Mas Lune não estava se importando muito com isto, ocupada que estava
tentando passar pela multidão que se acotovelada, os repórteres cobrindo o
acidente, etc.
Suspirou aliviada quando saiu daquela confusão barulhenta que a
incomodava profundamente. Para ela o que realmente importava, o que lhe era
realmente importante era continuar nas suas filosofices!
(por continuar)
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