domingo, 10 de agosto de 2014

Sensibilidade de Viver Origens Episódio 18





-Ah, quando as pessoas falavam que eu ficava olhando para o vazio?
-Exato !
-Eu  me imaginava debatendo com os filósofos.
-Mas e antes de você conhecer a Filosofia?
-Ah, eu pensava na Vida, na Morte, em por que eu existia...sei lá, eu nem lembro mais de muita coisa...
-Entendi. Bom, então vamos falar de sonhos !Tem algum que te marcou fortemente na sua vida?
-Bom , tem um bem recente, que ainda estou encanada por que sonhei aquilo!
-Bom, eu me referia a sonhos antigos, mas vamos lá, estou escutando!
Lune contou então o seu sonho dos senhores barbudos perfilados.
-Ah, que maravilha, muito sugestivo! Bom, nossa sessão acabou por hoje, mas a gente se fala na semana que vem, ok?
Lune saiu do consultório e foi para uma loja de conveniência, comprou um hot dog e pegou um refrigerante e ficou pensativa enquanto comia. Curioso era notar que ela escolheu a mesa mais afastada das pessoas possível e sempre que alguém sentava numa mesa próxima, ela se mudava para outra mesa, irritada. Ela detestava escutar as conversas das outras pessoas.
Depois tomou um metrô e um ônibus e voltou para casa. Durante outras três semanas, mais três sessões se seguiram e mais testes, e Lune começou a ficar impaciente e malcriada com a psicóloga.As sessões a estressavam e  ela chegava nervosa em casa.
No dia seguinte á quarta sessão, ela disse ao pai que não queria mais psicoterapia.
-Conversei hoje com a Dra. Yuki, filha. Está oficialmente confimado:você é Asperger ! Eis aqui o documento do laudo oficial do seu diagnóstico.
-Dane-se ela, pai ! Dane-se Asperger, não quero nem saber! Eu não vou mais fazer esta estupidez de psicoterapia, para mim chega !
-Mas filha, você precisa !É importante para você !
-Muito obrigada por me achar doente ! Me deixa em paz !
E bateu a porta do quarto dela na cara do pai.

Quando domingo chegou, ela foi na casa de Rina, e ela explicou o acontecido no dia anterior.
-Eh, Lune-san, não precisava ser grosseira assim com seu pai, coitado !Olha, eu vou te contar uma coisa: eu tenho um primo que é Asperger também. E ele é uma pessoa humana linda, muito inteligente, sensível,meio pervertido, é verdade, mas tem um bom coração, é generoso e gentil.Sabe, eu o conheço desde criança, e o conheço profundamente e convivi muito com ele. E tenho estudado muito sobre Aspergers também.Sabe, se ser Asperger é ser tão bacana assim, então ser Asperger não é ser doente, é ser diferente para melhor !Sabe, Lune-san, nós vivemos um mundo tão individualista, tão frio, insensível,tão egoísta,tão excludente, com tantos preconceitos,que ser diferente de tudo isto não é errado, não é doentio, não é ser inferior, é brilhar como pessoa humana!Muita gente que te conhece superficialmente te acha um pessoa fria, insensível, mas eu a conheço muito bem e sei que você também é uma pessoa humana linda, maravilhosa, super inteligente, e tem uma grande sensibilidade dentro de si ! Olha, faz o seguinte, pensa direitinho sobre tudo o que te falei, que você vai ver que ser Asperger é muito bom !Quem dera eu pudesse ter sido também !
-Tudo bem, Rina-san,pensarei. Só de curiosa, quem é este primo seu?
-Takeo Soryu, aquele rapaz que é apaixonado por você e que vive te observando e suspirando pelos cantos! Interessada nele?
Disse Rina, dando um risinho.
-Ah, então esquece! Mais um me pedindo em namoro, não tem condições ! Estou fora !Já cansei de falar para estes rapazes que não aceito ninguém e não quero saber de namorar !
-Mas ele é super tímido, nem tem coragem de te pedir em namoro, depois ele não é um rapaz qualquer e...
-Não me interessa ! Não quero conhecê-lo, entendeu?Vou embora, já é tarde, estou cansada e quero ir dormir !Tchau !
Lune agora já estava irritada de novo, e Rina, resignada, preferiu não insistir.
Foi Lune entrar em casa e o carro de Takeo chegou na casa vizinha. Dentro em poucos minutos ele e Rina saíam para um motel fazer amor de novo.
Depois, quando já no final da madrugada Takeo foi deixar Rina na porta de casa, ela explicou sobre o diagnóstico de Lune e sobre a negativa dela em conhecê-lo.
Ele foi embora muito abatido e triste, de olhos rasos, mas era persistente. E dizia a si mesmo que um dia iria juntar coragem e pedir Lune em namoro!
Segunda feira, dia de aulas novamente, e não demorou, Lune saiu para ir 'a aula.
-Lune-nee-san ! Espere por mim, quero ir com você desta vez !
-Você sabe bem que prefiro ir sozinha, Ruri-san. Por que quer vir comigo?
-Ah, é tão chato ir sozinha...e por que eu gosto de você também !
-E por que gosta de mim? O que há em mim que a faz gostar de mim?
-Ah, não é óbvio, Lune-nee-san?Por que sou sua irmã mais nova, oras !
-Não me parece razão válida ou suficiente, nem explica muita coisa, mas...você me parece muito animada hoje.Por que tanta alegria?
-Por que o papai me disse que hoje a noite vamos todos sair para jantar fora, para compensar o que você passou no seu aniversário.Vamos comemorar seu aniversário hoje !Faz um tempão que não sai a família inteira junta !
-Entendi.Não vejo necessidade disto, afinal um aniversário é apenas a lembrança anual da data do nascimento das pessoas.Não vejo necessidade de comemorações.
-Mas Lune-san, bem que você se sentiu sozinha e triste, e quando chegamos vocè abraçou a todo mundo chorando, pedindo desculpas...

(por continuar)

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