Repentinamente Lune estremeceu, se arrepiou, um exaspero percorreu a alma
dela,e o fato de que ela sabia que ela não podia demonstrar isto era para ela
angustiante! Ele parecia saber exatamente como chegar ao fundo dos sentimentos
dela e como adormecer consciência dela. Ao mesmo tempo uma sensação de
segurança e confiança percorreram minha mente tumultuada dela, e certa
ansiedade pelo que ela sabe que está por vir tomou conta de dela. Lune então procurou
tentar mudar o tom do diálogo para algo mais culto e filosófico, cobrando-o com
vigor, ao mesmo tempo lançando- lhe um olhar desafiador, decidido, afiado:
-Takeo, você está enrolando, responda logo!
Havia certa aflição nos olhos de Takeo, que não conseguiam se desviar da
visão do corpo de Lune. Mas apesar disto
ele também notava o olhar dela, por isto logo ele abaixou o olhar dele por um
instante, e se recobrou .Por fim ele levantou a cabeça e respondeu:
-Beleza e’ um conceito que o ser humano criou para descrever as pessoas
,os objetos e animais, paisagens, etc, com os quais ele se identifica. O Ser
Humano e’ um ser narcisista e vaidoso, pois deseja que tudo exista `a sua
própria semelhança, e usa o conceito de beleza para aceitar aquilo com o que se
identifica, e o conceito de feiúra para recusar tudo aquilo com o que não se
identifica.
Ao que Lune argumentou:
-Então,se me consideras bela, você se considera belo também. Por
consequencia você não pode posar de Homem seguro de si, pois você é inseguro,
narcisista e vaidoso!
-Huuum, boa resposta, cara amiga! Gostei! Senão, vejamos, então: sim, eu
me considero belo sim, mas estou seguro do conceito que faço de mim mesmo, e
não preciso provar a ninguém o que penso a meu respeito!
Na hora, a face de Lune mudou, de ruborizada para irritada, o pensamento
de que ele estava a tratando com rudeza veio à mente dela na hora!
-Takeo-san, você é um convencido! Eu não o considero particularmente
belo!”
-Não seja infantil, Lune-san, por favor, você é bem mais inteligente do
que isto, e está se deixando levar por suas emoções. Claro que me considero
belo, pois, como eu poderia deixar de me identificar comigo mesmo? Nós somos o
primeiro e único exemplo que temos a seguir quando estamos a sós conosco mesmos
quando estamos imersos nos nossos pensamentos, Lune-san, e se não apreciamos a
nós mesmos, nossa passagem pela Existência estará sendo inútil, por isto, aliás,
muita gente se suicida, pois são incapazes de aceitarem-se a si mesmos. Na
verdade sinto-me belo, pois vejo a mim mesmo com os olhos do meu coração, e na
da mente, pois e’ no coração, nos sentimentos, que a verdadeira beleza existe,
não na mente. Tudo é mais belo quando aprendemos a ver com os olhos do Coração,
e o ponto de partida correto é sempre nos mesmos. Me considero belo, enfim,
porque eu aceito a mim mesmo como eu sou, aceito a minha realidade, tanto a
interior, como a exterior, com minhas qualidades e meus defeitos. Não sonho em
ser mais do que sou, nem desejo ser menos do que sou, estou satisfeito comigo
mesmo.
-Interessante seu conceito, Takeo, mas discutível. Porém não tente
adivinhar o que se passa no meu íntimo, você pode errar. Penso que você, no
final de contas, é humilde e modesto, pois se satisfaz com pouco. Agora se isto
é uma qualidade ou defeito, eis ai um belo tópico para discutirmos ! Mas outra hora,
pois agora preciso ir.
Novamente o olhar de Lune o fuzilou com autoridade!
Takeo mostrou-se então espantado, chocado, embora tentasse com exaspero
disfarçar. Estava claro que ele se sentia humilhado e ofendido, mas ainda assim,
procurava ser gentil, porém, sua voz embargada e pouco à vontade revelava seus
verdadeiros sentimentos, eis que as mãos dele tremiam, nervosas! A autoconfiança dele estava em pedaços, e a auto estima dele também. Seus
olhos agora pareciam empalidecidos, seu olhar fraquejou, a cabeça se abaixou.
Lune sentiu neste olhar cabisbaixo uma ponta de decepção.
-Podemos nos reunir qualquer dia para continuarmos esta conversa tão
agradável, Lune-san?
-Sim. Procure por mim na escola.
Lune estendeu a mão para ele, para um cumprimento ocidental de despedida,
sentindo-se aliviada por sair daquela situação tensa. Ela se sentia pouco à
vontade ali.
Na verdade, sentia-se culpada, repreendendo-me por ter sido tão áspera,
cruel e agressiva para com ele, estou arrependida, mas temia que já fosse tarde
demais. Sentia que era preciso compensa-lo, um beijo no rosto, talvez, mas
faltava-lhe coragem, pois sentia-se envergonhada!
Ele também estendeu a mão dele, que agora
segurava a dela com firmeza, e surpreendentemente, ele beijou a mão de
Lune, e puxou o braço dela, e arrebatou um beijo na boca dela tão rapidamente e repentinamente
que ela não consigo esboçar reação!
Lune sentiu que o sangue parece esvair-se do corpo dela, as salivas
de ambos se misturaram, as línguas se tocaram, os lábios de Lune entraram dentro da boca dele como que
sugados, e Lune corou de vergonha, mas se arrepiou, sentiu os braços dele envolvendo
o torso dela num abraço fulminante e
apertado. Lune estava se sentindo
insegura, mas para a surpresa
dela, logo a insegurança passou, o beijo pareceu durar pela eternidade, e ela
sentia seus instintos correndo alucinantemente nas veias e artérias dela, e
sentiu-se sexualmente excitada, excitadíssima, o coração dela dispara em taquicardia!
Uma sensação de se sentir sufocada tomou conta dela, parecia que não conseguiria
mais respirar, até que o abraço afrouxou
e a boca dele se descolou da dela .Ainda tonta, Lune o ouviu dizer no ouvido dela,
aos sussurros:
-Minha boca deseja a sua boca. Pense no que sentiu agora para rever seu
conceito de beleza, não pense, aliás, apenas, sinta. Certas coisas precisamos
ver com o Coração, não com os olhos. Eu te amo!
(por continuar)
Nenhum comentário:
Postar um comentário