Saki corou de
vergonha, mas ao mesmo tempo estava para explodir de raiva ao vislumbrar o
olhar pornográfico de Kanna para seu amado, um profundo e sequioso olhar de desejo,
e ela fazia de propósito, porque sabia que a rival estava vendo sua provocação.
Tinha vontade de sentir raiva de Nenshin por, sem mesmo saber, estar
favorecendo a rival dela que ele mal acabara de conhecer, mas não conseguia!
Era só perceber o
olhar perdido do menino, que nem percebera o desejo de Kanna por ele, aliás,
ele sequer sabia o que viria a ser isto. Em muitos aspectos ele era, apesar do
corpo quase adulto, uma criança!
-Claro, vamos ser
amigas, Kanna!
O aperto de mãos
era agressivo, uma querendo esmagar a mão da outra!Dos olhos de ambas só
faltavam sair faíscas!
A Professora se
aproximou, e delicadamente puxou para a frente o queixo de Nenshin.
-Nenshin-san, meu
bem, agora não é hora de conversar, não é mesmo?Você me deixa começar a aula,
por favor?
-Claro,
professora!Desculpe!
Nenshin corou de
vergonha, ao receber a carícia no rosto e os tapinhas carinhosos no alto da
cabeça da professora, que olhava pare ela encantada.
-Tudo bem,
obrigada, Nenshin-kun, você é tão bonzinho!Não é à toa que adoro você!E vocês
duas, nada mais de tagarelar mais, ou serão expulsas da classe!
A parcialidade de
tratamento da professora deixou Saki ainda mais preocupada. Começava a imaginar
a mestra se desnudando para Nenshin e beijando-o, o que ameaçava levá-la às
lágrimas, mas ela não podia chorar na frente da rival, então engoliu-as e se
segurou.
Depois da aula,
Nenshin foi para seu computador e pesquisou sobre o cavalheirismo. O que viu e
descobriu o encantou,e começou a treinar em casa as mesuras que vira em vídeos
sobre cavalheirismo.Começou a olhar as poesias que tinha feito,incentivado pela
avó,poesias estas de amor, que ele escrevia, mesmo sem saber o que era amor, ou
amar, pois nunca tinham dito a ele do que aquilo se tratava.Fazia as
poesias pelo seu amor às lembranças
ternas da avó, pois desde criança sabia que aquilo agradava a ela, e ele
adorava agradar as pessoas, e também porque achava as palavras bonitas e sua
sonoridade também.
Foi quando a
campainha tocou.
Era Saki, que
viera visitá-lo.
O garoto a recebeu
no quarto dele com animação e alegria.
-Saki-san! Eu
quero ser um cavalheiro!
-Que bonito, Nenshin-kun!
Ela respondeu,
magoada, pois aquilo era influência de Kanna. Mas o que lhe doía era o fato de
que cavalheirismo tinha tudo a ver com ele.
Enquanto ele
falava verborragicamente sobre este
assunto, ela entediou-se, levantou da cama, onde esteve sentada, e olhou a tela
do computador, que exibia uma das poesias dele.
-Desculpe te interromper,
mas que lindas estas poesias de amor!Foi você quem escreveu?
-Fui eu sim, que
bom que você gostou, fiquei contente!
Disse ele, com um
sorriso carinhoso e carismático ao extremo.
-Para quem você as
escreveu, Nenshin-kun?
Saki até tremia de
ansiedade, com medo da resposta.
-Para ninguém em
especial, Saki-chan!Minha avó que me ensinou a gostar de poesias, me fez ler
muitas e depois me incentivou a escrevê-las. Mas se você quiser, eu faço uma só
para você !
O garoto não tinha
nem ideia do significado deste gesto para aquela que o amava!
Sem nem pensar,
ela disse, na esperança de ouvir uma confissão de amor:
-Eu
quero!Nenshin-kun, faz uma para mim agora?Por favor...
O garoto, como era
bonzinho e gostava de agradar, respondeu:
-Tudo bem!Senta na
cama, de costas para o computador, que vou escrever, imprimir, e aí vou
declamar para você !
O coração dela
parecia que ia sair pela boca, de tanto que palpitava!
Ela sentou-se
recostada na cabeceira da cama, de costas para o menino, e a imaginação dela
voava.
Surpreendentemente
não levou mais de quinze minutos.
-Vou ler para
você!
Disse o garoto,
sentando-se de frente para ela de pernas cruzadas, na cama, com uma folha de
papel na mão. A menina estava taquicárdica de emoção, ansiando fervorosamente
pela hora que as palavras começassem a soar:
“Para você que
sempre esteve ao meu lado,
Que sempre me
defendeu,
Minhas dores e
pecados entendeu,
Amizade também é
uma forma de amor,
Amor que nasce
como a alvorada do dia,
Mas ao por do sol
não se põe,
A amizade ao Amor
não se opõe,
Disto eu já sabia,
Quando via seu
olhar estrelado,
Dirigido para o
lado esquerdo do meu peito,
Você que sempre
morou no meu coração,
Deixa-me
abrigá-lo,
Com ternura e
satisfação,
Sentimento bem
feito,
Ὰs profundas emoções afeito!
Se desejar o Amor
encontrar,
Deixa eu te
mostrar,
Descobre quem
realmente te ama pelo olhar que revela o
verdadeiro Amor,
Aquele que faz resplandecer as estrelas do céu do seu coração!
E você,
Para mim tão
especial,
Eu te digo com
convicção:
Você é aquela que
faz resplandecer as estrelas do céu do meu Coração!”
Depois destas palavras,
Saki não suportou mais...
(por continuar)
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