domingo, 14 de setembro de 2014

Sensibilidade de Viver: Ensina-me a Amar! ETP -Episódio 52



Logo Lune estava chegando em casa, que estava deserta, já que seus pais estavam trabalhando e seus irmãos ainda estavam na escola.Mas ela simplesmente não tinha cabeça mais para estudar, e rapidamente  se deitou na sua larga cama de casal,  após tirar o  uniforme e ficar só de lingerie.
Seus pensamentos então começaram à voar, mas ela não conseguia ae concentrar. A imagem daquela mulher alta, de cabelos pintados de verde,  e daqueles olhos com lentes de contato verdes, de seios enormes, bem maiores que os dela, abraçando e beijando à Takeo , no entanto, não saiam da sua mente!
A imaginação dela voava e ela imaginava os dois fazendo amor como ele fazia com ela e seu coração doía, e as lágrimas brotavam sem parar!
Ela não conseguia pensar, nem dormir...
Liguou então a televisão , e passava no momento um desenho animado , chamado “801 TTS Airbats”, e uma cena lhe chamou a atenção: claro, só podia ser uma cena de ciúmes, em que duas mulheres brigavam por um homem, e então desligou a tv, e comecou à analisar a cena.
Comparou –a com a que ela tinha vivido, e notou que havia alguma coisa em comum... Em ambos os casos, todas as partes agiam como se a pessoa amada fosse um objeto de posse delas!
 Começou então a filosofar sobre a relação dos ciúmes e a possessividade, e a tentar conceituar o que seria, afinal, a possessividade.Depois, divagou sobre a relação de tudo isto com a fidelidade.E depois as relações destes conceitos com a submissão.E por aí foram suas filosofices, cada vez mais complexas e intrincadas, até que acabou por adormecer, já calma e tranquila...

Quatro dias depois de da briga de Lune com Yurika, e era agora uma bela manhã de sábado, dia do seu aniversario.Os rouxinóis trinavam lá fora e uma brisa fresca ,extremamente agradável e convidativa se esgueirava pela janela aberta.
Como naquele dia Lune pode dormir até mais tarde, ficou pensativa na cama.E se lembrou de seu aniversário anterior, quando teve de ficar quase sozinha, sem festa,tomando conta de Otaru, que estava doente,passando por momentos dolorosos de solidão e dependência emocional, sem falar de carência afetiva.Quando ela pensava assim, em toda a sua vida, nem parecia que ela estava já completando dezessete anos de vida !Lembrou então dos pais a dizendo que ela tinha começado a falar só aos três anos de idade, e que ela era muito distraída, nunca prestando atenção em nada, especialmente no que as pessoas faziam,não olhava para o rosto das pessoas com freqüência, e que sempre teve dificuldades de entender o que se passava à sua volta, freqüentemente ficando com o olhar perdido em algum ponto, mas depois, especialmente depois que começou à se interessar pelos livros, passou a se concentrar. Na verdade,desde muito pequena  ela já se interessava por livros, vendo as figuras, inicialmente, depois quando começou a ler, não parou mais.Seus pais diziam que ficaram impressionados com  o quão rápido Lune aprendeu a ler  e a escrever também, numa velocidade muito maior do que as outras crianças!O que os deixava transtornados era o aparente paradoxo entre a inteligência dela  e a aparente apatia inicial que ela parecia aparentar no início de sua vida. Na verdade  na época lhe faltava um objeto de interesse, e quando este apareceu na vida dela,o seu potencial  de inteligência e capacidade de concentração de atenção  que estavam lá no fundo da  mente dela, latente, escondido,despertou,e com o estímulo do interesse,este potencial emergiu de modo fulminante e repentino!
Para Lune sempre fora para mim um prazer ficar horas entretida e absorta lendo. Porém , não lia como qualquer outra criança da minha idade.Lia sempre com olhos críticos e ficava pensativa por horas ,refletindo sobre o que ela lia,e  nunca aceitando o  conhecimento imposto pelo autor, ele precisava me provar que as idéias dele estavam corretas!
Por outro lado, na época seu pai colocava música clássica no toca discos e a pedia para imaginar histórias ao som da música, e depois contá-las para ele.
Ela sempre se emocionava com as músicas, e isto a incentivava e expandia sua criatividade. Então, ao lado do espírito crítico, Lune sempre gostou de procurar soluções criativas para os problemas, e expandir  limitações, nunca se contentando com elas.Sempre quis ir alem dos limites!
Sempre adorou os enigmas filosóficos que seu pai lhe dava para solucionar, era a sua brincadeira favorita!
À partir dos nove anos de idade começou a explorar o mundo da Filosofia, pois seu pai percebera seu interesse e lia, e explicava de maneira simples para ela os principais livros sobre o assunto, dos principais filósofos.
Um dia a mãdelae ficou surpresa: Lune tinha ganhado duas bonecas  no seu aniversário de dez anos. Ao invés de brincar de casinha, como toda menina faz, ela inventava um programa de debates na televisão, e colocava as duas para debater temas filosóficos. Claro que na época estes eram um tanto básicos, mas para a mãe dela, era algo desconcertante e perturbador!
Formou-se um forte mundo infantil na cabeça dela, o “mundo das idéias”,(ela adorava Platão na época) e quando descobriu que a Rina também gostava disso, e pediu para participar deste “mundo”  com ela, para compartilha-lo com ela,então aí a amizade se fortaleceu!

Mas enquanto Rina com o tempo foi dedicando tempo ao lado afetivo dela, tendo namoricos e depois namoros sérios, e desenvolveu certa sociabilização, ela preferiu ficar em seu mundo. Se sentia confortável ali e não via necessidade de novas experiências, e tudo o que era novo a assustava. Mas a cada novo filósofo que ela descobria e começava à ler era um deleite que a fazia esquecer a realidade imprevisível e ameaçadora à sua volta. Ela se sentia insegura de lidar com outras pessoas, e o comportamento delas se tornava intrigante e imprevisível. Suas tentativas de estudar estes comportamentos , buscando um padrão que pudesse prever de antemão todas as reações possíveis, é claro, falharam!
Voltando ao presente, Lune via que mudara muito e se sentia mais completa em sua experiência de vida.Sentia, como sentiu naquele aniversário, que valeu a pena passar por tudo o que passou !
Mas seus pensamentos foram interrompidos pelo som do telefone tocando.
Era oTakeo,  ligando para lhe dar os parabéns.
-Obrigada, Takeo-kun, você é um anjo!
-Não está mais magoada comigo, Lune?
-Seu bobo, é claro que não...Você me provou seu amor por mim, e eu só precisava de um tempinho para deixar os ciúmes passar!
-Obrigado, querida, obrigado  por você existir na minha vida! Daqui por diante você nunca mais passara seu aniversario sozinha, como a Rina  me disse que foi no ano passado.
Lune voltou a se lembrar de seu último aniversário e se emocionou.
Suaa voz ficou embargada:
-Como no ano passado...
Começou à soluçar, e as lágrimas rolaram...
-Benzinho, não fique assim, por favor...me desculpe ter te lembrado uma memória assim tão dolorosa, justo neste dia...
Lune procurou então me recompôr:
-Eu é que te peço desculpas, sou uma boba mesmo...tão sentimental  !
-Sentimental não, amorzinho, sensível! Não bastasse ser linda físicamente, mas você é  linda de coração e alma !E  é justamente esta sensibilidade que a torna tão bela !
-Oh, Takeo-kun., anjinho...você sabe mesmo como me agradar, não é?
-Você também, anjinho. Mais uma vez, parabéns ! Eu irei vê-la aí mais tarde!
-Obrigada, meu bem, estarei te esperando com carinho, beijos !Ah, de onde você está falando, amor? Sua voz  me parece tão próxima...
-Do meu celular ! Beijos, amor, até mais !
Tão logo ele desligou , o telefone tocou de novo, desta vez era a Rina, e ela estava alegre, e a disse que tinha de se redimir com ela, e queria fazer do seu aniversario o mais feliz da sua vida!
Lune agradeceu à ela, e depois de conversarem um pouco, desligaram.
Então  Lune  se levantou da cama para se trocar. Tinha dormido só de calcinha, e  já estava livre da menstruação, o que a fez me sentir mais feliz e animada!
Como era sábado e ela iria ficar só em casa, decidiu colocar um shortinho jeans e um top  tomara que caia  branco, sem soutien por baixo.
Após se vestir, desceu as escadas. A casa no entanto parecia estranhamente deserta aquela manhã, e uma pontada de dor percorreu seu coração...
O ambiente parecia carregado, mas frio,oprimindo-a sob pressão, suaa sombra parecia ter algo de fantasmagórico e sentiu-se mais insegura do que nunca, sem saber ao menos o que é que a assustava e deprimia tão fundo assim!Solidão cortante, sensação de abandono, rejeição que dói na alma...
Olhou para a sala. Então, repentinamente as luzes se acenderam :
-Parabéns,Lune-san  !
Era um coro de vozes em uníssono!
Lá estavam : seus pais, seus irmãos,  Takeo, a Rina,  Ryu,  Sasami, e todos os seus colegas de classe!
Tocava a música de aniversário agora no som da sala no  volume máximo, bexigas  coloridas voaram pela sala, confetes e serpentinas por todo o lado,e fogos de artifício explodiram no quintal!
Pêga totalmente de surprêsa,Lune quase não podia acreditar no que estava acontecendo...todos correram à lhe abraçar, e seus olhos estavam rasos!
Só então sua voz conseguiu soar:
-Ai, gente, eu não tenho nem como agradecer a vocês...
-Agradeça ao Takeo-san, a idéia foi dele!
Disse Momiji.
-Takeo-kun, seu mentiroso...você me disse que ligou do seu celular...mas você já estava aqui!Seu bobo, bobinho...você não sabe o quanto isto tudo significa para mim...eu estou...estou tão feliz...
-Eu sei, sim, benzinho, mas era exatamente assim que eu queria te ver hoje! Hoje e sempre !
-Ah, Takeo-kun...
Começou o coro :
-Beija ! Beija ! Beija !
Lune corou de vergonha! Seu pai piscou o olho e fez um gesto de : “-Vai lá, filha, vai nesta!”
Ela não conseguiu se conter mais! Saltou para cima de Takeo e o beijou com todas as suas forças e sentimentos, chorando de alegria!Tudo parecia girar à sua volta agora, e  foram verdadeiramente inesquecíveis e preciosos aqueles momentos !
Quando o beijo finalmente terminou, ele a presenteou com uma caixa de bombons, e ela começou a receber os presentes.
Era a primeira vez na vida dela que Lune tinha uma verdadeira festa de aniversário,com tanta gente assim,ela era o centro das atenções, todos estavam lá por ela,e já não se sentia mais sozinha, e se sentia confortavelmente amada e querida, não apenas por Takeo, mas por todos!
Seu pai  afagou seus cabelos com força, a abraçou e disse:
-Então, não é tão ruim assim fazer parte da sociedade afinal, não é, filha?
Lune o abraçou com carinho, lançando-lhe seu olhar mais meigo e doce! Nem precisava responder...
Sua mãe  pegou nas suas mãos, olhou nos seus olhos e disse:
-Se eu posso te ensinar alguma coisa hoje, minha filha, é que , afinal de contas, a realidade não precisa ser necessariamente ruim ou cruel, e pode ser uma grande companheira na vida da gente, no final das contas !Felicidades,filhinha ,parabéns, minha filhinha tão queridinha do meu coração!
Lune, ainda mais comovida,também a abraçou com força!
-Muito obrigada, mamãe...como a senhora pode não estar mais brava comigo, e com o Takeo-kun?
-Eu refleti melhor, com mais calma, e vi que eu estava errada! Claro que seu pai também me ajudou a te compreender, depois, já aconteceu, o que eu posso fazer? Sem falar que o Takeo-san teve uma longa conversa comigo, e fiquei convencida do quanto ele realmente a ama...Quando eu contei a ele como foi seu aniversário do ano passado, ele ficou comovido e me disse que não deixaria isto acontecer novamente, nunca mais!Este gesto, de fazer por você algo que te significa tanto assim,é o que me convenceu que no final de contas ele realmente te ama de verdade e vai ser  mesmo capaz de te fazer feliz, muito, muito feliz!Então, como eu poderia ficar brava com ele?
-Mas não foi a Rina quem contou a ele?
-Não. Nós combinamos entre nós que o Takeo-san diria que fui eu, mas foi a sua mãe.Interveio   Rina.
-Incrível como não fiquei sabendo de nada...e vocês combinando as coisas entre si !
-Vamos lá então, tem um bolo te esperando, com velinhas e tudo !
-Mãe, eu não sou mais criança...
Lune disse , divertida, sorrindo meigamente de orelha a orelha!
-Hoje você é! Ah, para mim e para seu pai, você sempre será,  sua bobinha !
Disse Momiji,toda animada!
Feliz, Lune entrou na brincadeira e assoprou as velinhas, escutou a cantoria desafinada  da turma entusiasmada,cantou também, bateu palmas entusiásticamente e riuj muito e se diverti como nunca! Como nunca antes na  vida dela !
Tanto assim feliz que nunca mais Lune se esqueceria daquele aniversário tão especial, e a cada vez que se lembrava dele,comovia-se só de lembrar....

(por continuar)





Nenhum comentário:

Postar um comentário