quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Antes daquela fria manhã de Outono-Episódio 14





 As lembranças de Nami nunca foram tão pesadas e difíceis de suportar como agora.Elas doíam em seu coração, e a consciência de que ela nunca mais voltaria a sufocava mais ainda,e a vida perdera todo o sentido para ela.As demais internas pareciam para ela apenas figuras cinzentas e sem rosto,que para ela nada significavam.As vozes delas pareciam distantes.
Ela nem notou que Mei chegara no quarto e tentava falar com ela.
As demais internas ficaram apavoradas ao ver que Maki a ignorava completamente,continuando em seu pranto profundo.
Mei ficou extremamente irritada e mandou suas subordinadas darem uma surra nela.
Mas Maki nem sentia os tapas, socos, pontapés,embora seu corpo sentisse.
Depois de um forte soco na boca do estômago, Maki vomitou sangue, e seus olhos se arregalaram por reflexo, mas não havia uma só palavra ou gemido de dor saindo de sua boca de lábios inchados, e ela ignorava o sangramento de seu próprio nariz, e os dois olhos roxos.
Maki tinha se entregado para a morte.Queria morrer também, para se encontrar com Nami, onde ela estivesse.
Por duas horas se transformou em saco de pancadas, sem uma única manifestação de dor, o que levou suas torturadoras quase ao desespêro,num crescendo de raiva, em que redobraram a violência dos golpes, e nada.
As internas, com receio de também sofrerem tais abusos e violência, viam horrorizadas aquela massa amorfa sub-humana toda ensanguentada apanhando como uma condenada,sem esboçar reação.Por fim, arfando e bufando muito as quatro, exaustas de tanto bater, desistiram e a largaram no chão como se ela fosse um saco de batatas.
Diante da barulheira, a Assistente passou por lá, e chamou a Enfermeira, e ela e duas subalternas carregaram Maki totalmente estropiada numa maca.
Foi necessária muita insistência para convencer a Gerente de que era necessário levar Maki urgente para um hospital, pois tinha várias costelas quebradas, nariz quebrado, e um braço quebrado.Uma das costelas ao se partir, perfurou seu pulmão direito, e este se encheu de sangue.Haviam também várias hemorragias internas e Maki estava inconsciente.
Uma ambulância passou no Orfanato e a levou ao hospital, onde chegou a ficar na UTI por uma semana, entre a vida e a morte,e depois levou duas semanas para se recuperar.
Finalmente, quando se recuperou, foi levada de volta ao orfanato.
Com o tempo, Maki foi respondendo a estímulos e obedecendo as ordens mecânicamente, executando as tarefas mais sujas e nojentas do orfanato, sem reclamar.As demais internas chegaram a achar que ela fosse muda, por que só chorava baixinho dia e noite e não falava nada.Calada o tempo todo.
Diáriamente era o saco de pancadas preferido de Mei, e alvo das piores humilhações possíveis,que até as internas mais experientes ficavam horrorizadas.Até comer absorvente higiênico da menstruação de Mei, Maki comeu, sem dizer palavra.
Mas foi, felizmente, logo descartada como parceira de lesbianismo, pois Maki só ficava parada, choramingando irritantemente, e não fazia nada e não sentia nada por mais que fizessem mão boba nela.Se a tentavam beijar, ela simplesmente ficava de boca trancada e não participava.
Um dia, chegou uma nova interna.Seu nome era Ume.
Logo que chegou, percebeu que Maki era diferente das outras internas, e sem saber o que lá se passava, por ser novata,tomou as dores dela quando a viu apanhar feio mais uma vez.
Com Ume também tudo era diferente por que ela impôs respeito desde o começo:tinha quinze anos de idade, mas era excepcionalmente alta para a sua idade, e como era filha de um halterofilista profissional, ela também praticava o halteres, e tinha braços e pernas musculosas.Mas seu coração contrastava com seu corpo:era gentil e sensível e gostava de ajudar as pessoas, e como tinha sido, em sua infância muito alvo de bullying de garotos malvados, não suportava ver outras pessoas virarem sacos de pancadas.Foi a primeira vez na História que todo o Esquadrão Disciplinar levou uma surra homérica,quando ela se jogou no meio das cruéis perseguidoras de Maki.
Porém, Mei jurou vingança e não perdoaria Ume nunca!
E foi assim que aconteceu a segunda amizade de Maki.
Com muito carinho e atenção, Ume foi fazendo Maki se recuperar do estado de choque e contar suas vissicitudes e seu sofrimento, o que levou Ume a se comover ao perceber que sua intuição estava certa:Maki era alguém muito, muito especial e não deveria estar ali.Ela torcia muito para que Maki fosse adotada logo por uma família igualmente especial, como Maki merecia, mas a realidade, infelizmente era outra: a maioria das famílias só queria bebês, e mesmo crianças de quatro ou cinco anos difícilmente conseguiam ser adotadas.Era extremamente raro alguém sair de lá para morar com uma família.Tratava-se mais de um mero repositório de "lixo humano", como a Gerente se referia às suas internas.
Mas Ume fez por Maki muito mais do que apenas defendê-la: através dela, conseguiu que Maki conquistasse a atenção e o favor da Assistente, que comumente intercedia junto à Gerente a favor de Maki.Também Ume ficou amiga da Assistente, o que não impediria Mei  de tentar  se vingar  mais tarde.

(por continuar)







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