As lembranças de Nami nunca foram tão pesadas
e difíceis de suportar como agora.Elas doíam em seu coração, e a consciência de
que ela nunca mais voltaria a sufocava mais ainda,e a vida perdera todo o
sentido para ela.As demais internas pareciam para ela apenas figuras cinzentas
e sem rosto,que para ela nada significavam.As vozes delas pareciam distantes.
Ela nem notou que Mei
chegara no quarto e tentava falar com ela.
As demais internas ficaram
apavoradas ao ver que Maki a ignorava completamente,continuando em seu pranto
profundo.
Mei ficou extremamente
irritada e mandou suas subordinadas darem uma surra nela.
Mas Maki nem sentia os
tapas, socos, pontapés,embora seu corpo sentisse.
Depois de um forte soco na
boca do estômago, Maki vomitou sangue, e seus olhos se arregalaram por reflexo,
mas não havia uma só palavra ou gemido de dor saindo de sua boca de lábios
inchados, e ela ignorava o sangramento de seu próprio nariz, e os dois olhos
roxos.
Maki tinha se entregado
para a morte.Queria morrer também, para se encontrar com Nami, onde ela
estivesse.
Por duas horas se
transformou em saco de pancadas, sem uma única manifestação de dor, o que levou
suas torturadoras quase ao desespêro,num crescendo de raiva, em que redobraram
a violência dos golpes, e nada.
As internas, com receio de
também sofrerem tais abusos e violência, viam horrorizadas aquela massa amorfa
sub-humana toda ensanguentada apanhando como uma condenada,sem esboçar
reação.Por fim, arfando e bufando muito as quatro, exaustas de tanto bater,
desistiram e a largaram no chão como se ela fosse um saco de batatas.
Diante da barulheira, a
Assistente passou por lá, e chamou a Enfermeira, e ela e duas subalternas
carregaram Maki totalmente estropiada numa maca.
Foi necessária muita
insistência para convencer a Gerente de que era necessário levar Maki urgente
para um hospital, pois tinha várias costelas quebradas, nariz quebrado, e um
braço quebrado.Uma das costelas ao se partir, perfurou seu pulmão direito, e
este se encheu de sangue.Haviam também várias hemorragias internas e Maki
estava inconsciente.
Uma ambulância passou no
Orfanato e a levou ao hospital, onde chegou a ficar na UTI por uma semana,
entre a vida e a morte,e depois levou duas semanas para se recuperar.
Finalmente, quando se
recuperou, foi levada de volta ao orfanato.
Com o tempo, Maki foi
respondendo a estímulos e obedecendo as ordens mecânicamente, executando as
tarefas mais sujas e nojentas do orfanato, sem reclamar.As demais internas
chegaram a achar que ela fosse muda, por que só chorava baixinho dia e noite e não
falava nada.Calada o tempo todo.
Diáriamente era o saco de
pancadas preferido de Mei, e alvo das piores humilhações possíveis,que até as
internas mais experientes ficavam horrorizadas.Até comer absorvente higiênico
da menstruação de Mei, Maki comeu, sem dizer palavra.
Mas foi, felizmente, logo
descartada como parceira de lesbianismo, pois Maki só ficava parada,
choramingando irritantemente, e não fazia nada e não sentia nada por mais que
fizessem mão boba nela.Se a tentavam beijar, ela simplesmente ficava de boca
trancada e não participava.
Um dia, chegou uma nova
interna.Seu nome era Ume.
Logo que chegou, percebeu
que Maki era diferente das outras internas, e sem saber o que lá se passava,
por ser novata,tomou as dores dela quando a viu apanhar feio mais uma vez.
Com Ume também tudo era
diferente por que ela impôs respeito desde o começo:tinha quinze anos de idade,
mas era excepcionalmente alta para a sua idade, e como era filha de um
halterofilista profissional, ela também praticava o halteres, e tinha braços e pernas musculosas.Mas seu coração
contrastava com seu corpo:era gentil e sensível e gostava de ajudar as pessoas,
e como tinha sido, em sua infância muito alvo de bullying de garotos malvados,
não suportava ver outras pessoas virarem sacos de pancadas.Foi a primeira vez
na História que todo o Esquadrão Disciplinar levou uma surra homérica,quando
ela se jogou no meio das cruéis perseguidoras de Maki.
Porém, Mei jurou vingança e
não perdoaria Ume nunca!
E foi assim que aconteceu a
segunda amizade de Maki.
Com muito carinho e
atenção, Ume foi fazendo Maki se recuperar do estado de choque e contar suas
vissicitudes e seu sofrimento, o que levou Ume a se comover ao perceber que sua
intuição estava certa:Maki era alguém muito, muito especial e não deveria estar
ali.Ela torcia muito para que Maki fosse adotada logo por uma família
igualmente especial, como Maki merecia, mas a realidade, infelizmente era
outra: a maioria das famílias só queria bebês, e mesmo crianças de quatro ou
cinco anos difícilmente conseguiam ser adotadas.Era extremamente raro alguém
sair de lá para morar com uma família.Tratava-se mais de um mero repositório de
"lixo humano", como a Gerente se referia às suas internas.
Mas Ume fez por Maki muito
mais do que apenas defendê-la: através dela, conseguiu que Maki conquistasse a
atenção e o favor da Assistente, que comumente intercedia junto à Gerente a
favor de Maki.Também Ume ficou amiga da Assistente, o que não impediria Mei de tentar se vingar mais tarde.
(por continuar)
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