segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Sensibilidade de Viver Origens- Episódio 12






E o aniversário de Lune era no dia seguinte, domingo. Ainda assim, resolveram que Lune ficaria sozinha em casa naquele dia, para tomar conta do irmão doente.
Aquele 10 de Abril Lune nunca mais se esqueceria...
Ela normalmente nunca ligava par seus aniversários, ainda que, geralmente se conceba que o aniversário de quinze anos das garotas  é para ser muito especial.
Naquela manhã, bem diferente de outros domingos, Lune acordou com a casa vazia. Apenas Otaru estava no quarto dele, os outros já tinham ido viajar.Em cima da mesinha do telefone, debaixo da escada, um longo recado de sua mãe com as instruções para ela cuidar de seu irmão, horários dos remédios , etc.
De início, Lune estava bem, e planejava passar o dia  lendo e achava que assim, nem veria o tempo passar e logo estariam de volta.Ela sempre achou que se viraria bem sozinha e sempre imaginara poder ficar um dia sozinha em casa. Pois bem, aquele dia tão imaginado chegara!
Tomou o café da manhã do jeito que quis, mas ao abrir a geladeira, viu algo redondo e achatado numa embalagem de papelão.
Mas depois do desjejum, ela voltou para a geladeira e tirou a embalagem e a colocou na pia da cozinha e a abriu.Era um bolo !
Todo enfeitado, com os dizeres "Feliz Aniversário, Lune!" em cima.
E na tampa da caixa, um recadinho de sua mãe, que dizia:
"-Apesar de tudo, eu nunca me esqueço de você e te amo.Sua Mãe !"
Aquilo bateu fundo na consciência de Lune. Repentinamente a casa parecia muito mais vazia do que antes! Seu coração estava vazio.Ela engoliu em seco, mas a voz de seu irmão de dez anos de idade a chamando não lhe deixaram pensar, nem sentir...
Ela correu pra ler o bilhete das instruções e viu que era a hora do remédio dele. Como dizia o bilhete, todos os remédios estavam perfilados no aparador da sala, organizados na ordem correta.
Ela levou o comprimido e um copo de leite para ele, e o menino estava suando na cama e tremendo.Febre !
Lune, com seu braço direito levantou o tronco de Otaru da cama e deu-lhe o remédio para tomar, junto ao leite.Tirou o termômetro do bolso e  o colocou debaixo da axila do menino .
-Não se preocupe, Onii-chan, eu estou aqui pra cuidar de você !
-Você não foi com a mamãe?
-Não, estamos só você e eu aqui !
-Ai, não, vou morrer !Você cuidar de mim?Eu quero é a minha mãe !
-Bom, faz de conta que sou  mamãe agora, ok?
-Eu não quero, eu quero a mamãe de verdade !
-Eu já te disse que eu serei a sua mãe agora, entendeu?Quer fazer o favor de aceitar, moleque?
-Não é não ! A mamãe de verdade não fica mostrando os peitos !
Foi aí que Lune olhou para baixo e notou que estava sem sutiã e que a camisa do pijama estava disaboatoada até o umbigo!
Ela corou de vergonha e cruzou os braços na frente dos seios.
-Você que é um mau filho e fica olhando o que não deveria, seu pervertidozinho !
-É nada, a mamãe gosta muito mais de mim do que de você, que nem liga para mim !Você nem gosta da mamãe !Você não gosta de ninguém, por isto que ninguém aqui gosta de você e te deixaram para trás para cuidar de mim !
A sinceridade infantil do irmão dela agora doeu no coração dela, tal como se uma facada fosse desferida!
Ela pegou o termômetro de volta e marcava trinta e oito vírgula nove graus.
-Bom, daqui uma hora volto para ver se você melhorou!
-Não vai me cobrir?A mamãe me cobriria!Estou morrendo de frio !
-Mas que moleque chato !Haja a paciência que eu não tenho, viu?
-Se eu morrer vai ser culpa sua ! Papai, mamãe e a Ruri nunca vão te perdoar ! Nem a vovó !
Agora Lune começava a tomar consciência do tamanho da responsabilidade que era tomar conta do irmão!
Ele tinha razão, e ela, sem responder nada, o cobriu e desceu as escadas. Foi na biblioteca, mas o retrato do pai sobre a escrivaninha falou mais alto que os livros.Só então percebia que as estantes estavam cheias de retratos de família,com ela, Ruri, Otaru, seu pai e sua mãe, em muitas das fotos juntos e sorrindo e ela se via ainda criancinha pequena, sorrindo e alegre.
Que passado era aquele, que agora a atormentava?Que passado era aquele que ela não se lembrava, que parecia esquecido, de tão fundo que estava enterrado em sua memória?

(por continuar)

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