No dia seguinte Lune voltou a andar a pé pelas ruas
novamente.
Ela via as pessoas agora de uma nova maneira, já não mais apenas
as observava e pensava nelas, mas as sentia .O ambiente a ela parecia agora
mais alegre, luminoso, e ela podia agora sentir nas pessoas a alegria, a raiva,
a tristeza, a angústia, ela reparava nos olhares, nas expressões , nos rostos. As
pessoas já não eram mais aquela massa disforme sem rosto que Lune via antes. E ela
já não conseguia mais analisar tudo com a mesma frieza de antigamente.
Definitivamente, agora ela era mesmo outra! Nem ela mesma se reconhecia! Lune
procurava agora conversar e interagir com as pessoas, que contavam a ela seus
problemas pessoais, suas aflições, seus traumas, tudo enfim, que as faziam
humanas. Agora ela já não apenas pensava na vida mais, ela a sentia, a sentia
em si, e assim se sentia mais feliz! Lune tinha mudado para sempre. Mas ela
definitivamente não sentia saudades de como ela era!
Não havia mais como voltar, e ela não queria mais voltar.
Ela agora estava
consciente de que já fora feliz sendo infeliz, e ponderava que que isto já
ocorrera a muita gente, mas o problema era o de que só se tem conhecimento de
que se foi infeliz quando se pensava ser feliz ou vice- versa, quando já se saiu
deste estágio da Vida.
Ela continuou a refletir, sentada no velho banco da praça que agora
que fora apenas mais um ciclo da vida
que passou e agora estava começando um novo. Veio à sua mente então um trecho
do romance de Rudyard Kipling “O Livro da Selva”, pois ela se sentia
com aquela sensação presente naquela obra, já em seu final, o último
capítulo ,intitulado “o tempo das Falas Novas”, em que tudo na selva se
renovava, e tudo parecia ser novo novamente, assim Lune se sentia, tudo era
novidade para ela.
Eis que Lune ia se redescobrindo, enfim, se conhecendo, sentindo a si, e
à vida, sentindo-se renovada em uma nova vida, libertada, eis que ela descobriu e vivia agora sua... Sensibilidade
de viver !
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